RELIGIÃO | PAPA FRANCISCO REJEITA ORDENAÇÃO DE HOMENS CASADOS COMO PADRES NA AMAZÔNIA
Papa Francisco em audiência semanal nesta quarta-feira (12) no Vaticano |
Pontífice também descartou ordenação feminina.
Possibilidade de que homens com família constituída se tornassem padres na
região havia sido discutida no sínodo da Igreja em outubro passado
O Papa Francisco descartou, nesta quarta-feira
(12), a possibilidade de ordenação de homens casados como padres na região
amazônica. Ele também rejeitou a ordenação feminina, inclusive para o
diaconato, que havia sido estudada por uma comissão da Igreja.
A possibilidade de ordenar homens casados
havia sido aprovada, por 128 votos a 41, no sínodo do Vaticano sobre a Amazônia,
em outubro passado, mas não agradou a alguns membros da Igreja, que temiam que
isso pudesse levar a uma mudança no compromisso secular de celibato entre os
padres, diz a Reuters.
Mas a proposta não é nem mencionada no texto,
de 32 páginas, que foi publicado nesta quarta sobre o encontro, sob o nome de
"Exortação Apostólica Pós-Sínodo". Uma exortação apostólica serve
para instruir e encorajar os fiéis católicos, mas não define a doutrina da
Igreja.
No texto, em vez de falar da possibilidade de
ordenação para homens casados, o pontífice diz que novas maneiras devem ser
encontradas para incentivar mais padres a trabalharem na região remota e
permitir papéis maiores para leigos e diáconos permanentes, assim como para
mulheres.
Homens casados podem se tornar diáconos, que,
como padres, são ministros ordenados. Eles podem pregar, ensinar, batizar e
administrar paróquias, mas não rezar a missa. Por causa disso, em ao menos 85%
das aldeias amazônicas as pessoas não podem participar da liturgia todas as
semanas — e algumas não o fazem há anos, segundo a Reuters.
"Essa necessidade urgente me leva a
exortar todos os bispos, especialmente os da América Latina (...), a serem mais
generosos em incentivar aqueles que demonstram uma vocação missionária a optar
pela região amazônica", escreveu Francisco.
O pontífice destacou a "força e
dádiva" das mulheres, mas descartou a ordenação feminina.
"Por séculos, mulheres mantiveram a
Igreja nesses lugares [na região da Amazônia] por meio de sua devoção notável e
fé profunda. Isso nos convoca a ampliar nossa visão, para não restringirmos
nosso entendimento da Igreja a suas estruturas funcionais. Tal reducionismo nos
levaria a acreditar que as mulheres receberiam maior status e participação na
Igreja somente se fossem admitidas nas Ordens Sagradas", disse Francisco.
"Isso nos levaria a clericalizar as
mulheres, diminuir o grande valor do que elas já realizaram e, sutilmente,
tornar sua contribuição indispensável menos eficaz. As mulheres contribuem para
a Igreja de uma maneira que é adequadamente sua, ao tornar presente a tenra
força de Maria, a Mãe", acrescentou o pontífice.
Impasse
Conservadores temiam que, se Francisco
aceitasse a proposta, outros lugares com escassez de padres seguiriam o mesmo
caminho — até mesmo países desenvolvidos, como a Alemanha, onde a questão está
sendo discutida.
Mesmo antes de alguns encontros que ocorreram
no país em dezembro, o Vaticano enviou duas cartas aos alemães para deixar
claro que eles não determinavam como esses temas deveriam ser abordados — mas
as reuniões, chamadas de "caminho sinodal", começaram apesar dos
alertas.
Em janeiro, um livro publicado pelo cardeal
guineense Robert Sarah sobre o celibato clerical trouxe o assunto mais uma vez
à tona, dessa vez envolvendo o Papa Emérito Bento XVI. Na obra, em que o
pontífice emérito aparece como coautor, Sarah defende a manutenção do celibato
pelo clero. Mas Bento XVI afirmou que não era coautor do livro e pediu que seu
nome fosse retirado dele.
Fonte/Foto:
G1/ Remo Casilli - Reuters
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