NETFLIX | SAIBA QUEM FOI WALLACE SOUZA, DEPUTADO AMAZONENSE QUE INSPIROU SÉRIE 'BANDIDOS NA TV'
Série documental estreia na Netflix nesta sexta-feira
(31). Ex-deputado amazonense faleceu em 2010 e foi acusado de comandar grupo de
extermínio
Estreia nesta sexta-feira
(31) a série documental “Bandidos na TV” baseada na vida do ex-deputado Wallace Souza. A
história deve traçar momentos da vida do falecido parlamentar, preso por fazer
parte de um esquema de execução de traficantes para aumentar a audiência do
programa em que ele era apresentador, o “Canal Livre”.
Produzida ao longo de 18
meses, com equipes em Manaus, a série é dirigida pelo diretor e produtor
premiado Daniel Bogado e vai se chamar, em inglês, 'Killer Ratings' - uma
referência aos índices de audiência obtidos pelo programa policial que Wallace
comandava na TV.
Conheça um pouco mais sobre o histórico de Wallace
Souza.
Em 1979, Wallace ingressou
na Polícia Civil, mas foi expulso em 1987 após ser flagrado desviando
combustível. Depois disso, Souza iniciou na política em 1996 candidato a
vereador, porém não foi eleito.
Naquele ano, Wallace
ingressou na TV com o programa “Canal Livre”, exibido na TV Rio Negro, hoje TV
Bandeirantes Amazonas. Ao lado dos irmãos, Carlos Souza e Fausto Souza, ele
apresentava o diário com reportagens sobre homicídios, sequestros, e operações
policiais de combate ao tráfico.
Com a imagem em evidência,
Wallace foi eleito deputado estadual em 1998 com 51.181 votos pelo PL. Ele foi
o deputado mais votado naquele ano.
Suspeita
As suspeitas que ligariam
Wallace com o crime organizado surgiram em 2008, quando o ex-policial Moacir
Jorge Pessoa, o “Moa”, acusou Wallace e o filho, Raphael Souza, por
envolvimento com grupos de extermínio. Informações davam conta que o grupo
teria orquestrado a morte de 17 pessoas. Além disso, Wallace foi acusado de
planejar a morte da juíza federal Jaiza Fraxe.
Fotos mostram proximidade entre Moa e ex-deputado |
Na época, Wallace afirmou
que as acusações seriam um “complô político” e que não teria contato com Moa,
embora fotos de confraternizações com Moa e Wallace na piscina da casa do
ex-parlamentar ganhassem repercussão na mídia. O deputado negou todas as acusações,
e por
diversas vezes chorou na
tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM) negando os crimes.
Moa chegou a ser
transferido para o presídio de Catanduvas, no Paraná. A mulher de Moa, Mary
Tereza Ramos de Albuquerque, declarou na época que recebeu R$ 5 mil de Wallace
para ela e o marido declararem que a acusação de que o parlamentar comandava um
grupo de extermínio foi feita por meio de tortura. Moa foi morto em 2017
durante massacre com 56 mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj).
Raphael, filho de Wallace,
foi preso em 2009 pelos crimes de tráfico, associação para o tráfico, porte
ilegal de armas e munição de uso restrito. Ele foi acusado de matar o
traficante Cleomir Pereira Bernardino, o “Caçula”. Atualmente ele cumpre pena
em regime semiaberto.
Queda
Em junho de 2009, a
Assembleia Legislativa decidiu por unanimidade investigar o deputado Wallace
Souza por quebra de decoro parlamentar. Em determinado episódio, o político
chegou a depor de maca à Comissão de Ética na ALE. O fato ocorreu depois de
Wallace ser internado com dores no fígado.
Ele foi cassado em outubro
de 2009 com votos de 16 deputados. Naquele mesmo mês, Wallace teve a prisão
preventiva decretada pela Justiça pelo crime de associação para o tráfico.
Souza foi dado como fugitivo e 50 policiais civis foram deslocados para cumprir
o mandado de prisão. O parlamentar se entregou no dia 9 de outubro e foi levado
ao 1º Batalhão de Choque da Polícia, onde o próprio filho ficou preso por um
período, e depois foi transferido para o Compaj.
Quase 10 anos depois, os
irmãos dele Carlos Souza e Fausto Souza também foram condenados a 15 anos de
prisão pelo crime de associação para o tráfico. Em entrevista por telefone,
Carlos disse que vai recorrer da decisão. Sobre a série na Netflix que vai
contar a vida do irmão, limitou-se a dizer que Wallace já “havia sofrido demais”.
Problemas de saúde
Wallace foi internado
naquele ano no Hospital Beneficente Portuguesa, em decorrência de problemas
pneumológicos. Em fevereiro de 2010, Wallace teve uma piora no quadro de saúde
após uma infecção hospitalar e depois foi liberado para ir para casa. Entretanto,
foi internado novamente no mês seguinte por insuficiência hepática crônica e
transferido para São Paulo.
O ex-deputado foi preso
por agentes federais no Hospital Bandeirantes em abril de 2010. Wallace morreu
em julho de 2010 vítima de uma parada cardíaca.
Fonte/Fotos:
Oswaldo Neto – A Crítica, Manaus/Reprodução – Arquivo AC
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