NO PARÁ, FOTÓGRAFO ACUSA PMS DE AGREDIREM JOVENS E DE O OBRIGAREM A APAGAR




O fotógrafo Fernando Araújo (foto), do jornal "Diário do Pará", acusa um grupo de policiais militares de agredir dois adolescentes e intimidá-lo e coagi-lo a apagar as fotos tiradas durante a violência policial. O caso aconteceu na manhã desta quarta-feira (8), na praia do Amor, no distrito de Outeiro, em Belém.
Araújo estava fazendo uma reportagem na região, quando ouviu gritos e encontrou cerca de sete policiais espancando dois menores, que teriam cometido um assalto. Ele começou a fotografar o momento, quando outro policial o abordou e pediu para que as fotos fossem apagadas. Ao ouvir a recusa do fotógrafo, os PMs o obrigaram a ir à Delegacia do Outeiro.
O impasse continuou, e Fernando começou a apagar algumas imagens. Pouco depois, um dos PMs puxou a câmera da mão do jornalista, retirou o cartão da memória, saiu da sala e retornou cerca de uma hora depois, com o cartão totalmente apagado. Isso, segundo Araújo, aconteceu na frente do delegado responsável, Roberto Sawber.
O fotógrafo foi liberado após a chegada do advogado do jornal, que deverá encaminhar a denúncia às corregedorias das polícias Civil e Militar. Os dois adolescentes agredidos foram presos.
"Eu nunca vou esquecer o que passei. Mesmo que o cara estivesse roubando não era necessário ser daquela maneira. Ele já estava caído no chão e eles continuavam batendo. Depois jogaram na viatura como se fosse um boneco. Também não vou esquecer tudo que passei. Não sou ladrão para ser levado para delegacia dentro de uma viatura", disse Fernando em reportagem do "Diário do Pará".
O fotógrafo disse que chegou a ouvir as seguintes declarações de um dos policiais: "Se essas imagens que você fez da gente aparecerem em algum lugar, eu vou te pegar onde você estiver. Eu te pego dentro do seu jornal".
"Os policiais não estavam usando identificação, enquanto o fotógrafo estava identificado com o colete do jornal. Como abriram boletim de ocorrência sobre o assalto, essa é a única maneira que temos de descobrir quem são os PMs. Aguardamos as corregedorias nos darem essa informação", disse o diretor do jornal, Klester Cavalcanti, que descobriu que a foto do rosto do fotógrafo está circulando em grupos de Whatsapp criados por PMs.
Outro lado
O delegado Roberto Sawber afirma que Araújo não foi preso e que não havia ilegalidade na conduta dele. Na sua versão, um dos policiais estava identificado como "Capitão Rodrigo, subordinado ao 10º Batalhão". O delegado negou que estava na sala quando o cartão de memória da câmera teria sido retirado à força.
A assessoria da Polícia Civil do Pará informou que vai aguardar a apresentação formal das denúncias para se manifestar sobre o caso. Já a Polícia Militar emitiu nota dizendo que os comandos das Polícias Militar e Civil "abriram procedimentos administrativos para apurar as condutas dos agentes públicos durante a suposta agressão ao fotógrafo Fernando Araújo. Os policiais envolvidos devem ser ouvidos pela Divisão de Crimes Funcionais (Decrif) e também pela Corregedoria da PM".

Fonte/Foto: Márcio Padrão, do UOL, em São Paulo

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