PRIMEIRO CASAMENTO COLETIVO HOMOAFETIVO DA REGIÃO NORTE É REALIZADO NESTA TERÇA-FEIRA (16) EM MANAUS-AM
Ao todo, quinze casais, sendo quatorze deles
homossexuais, participarão do evento. Eles vão receber alianças de prata e
tucumã e sairão da cerimônia, que terá 400 convidados, já com a certidão do
casamento
A advogada Neila de
Lourdes Dantas Tabosa, 50, está ansiosa para o seu casamento, como toda noiva.
Ela, no entanto, fará parte de um momento histórico: ela participará do
primeiro casamento coletivo homoafetivo da Região Norte, que será realizado
nesta terça-feira (16), às 9h, na sede da Ordem de Advogados do Brasil,
Seccional Amazonas (OAB/AM), localizada na avenida Umberto Calderaro Filho,
bairro Adrianópolis, Zona Centro-Sul de Manaus.
“Estamos muito felizes de
ter conseguido esse reconhecimento. A questão do evento é de conscientização,
já que muitas pessoas desconhecem seu direito de casar”, disse Neila, que
oficializará a união de quatro anos com a técnica de enfermagem Mara Silvia
Aydem de Matos, 38, na cerimônia, a quarta do gênero a ser realizada no Brasil.
Importância
O evento traz à tona a
questão da necessidade do casamento, uma vez que já existe a união estável, o
que a advogada faz questão de clarificar. “As pessoas têm de entender que união
estável é uma coisa e casamento civil é outra. O casamento assegura direitos
como os relativos à herança, pensão alimentícia, previdência, sucessão, bem
como estabelece a presunção legal de esforço comum de patrimônio constituído”,
explicou.
Para a advogada, ele
remedia uma situação injusta. “Ele veio para resolver uma situação muito comum,
de casais homoafetivos que moravam, às vezes, 15, 20 anos juntos, construíam
uma história juntos e, quando um morria, a família vinha e tomava tudo alegando
que o companheiro não tinha direito”, disse.
A segurança jurídica é
algo de suma importância ao discutir o tema. “Ao me casar, no dia seguinte, eu
posso colocar a Mara como dependente em um plano de saúde. Se eu adoecer, ela
pode me acompanhar porque é minha companheira”, contou a advogada.
A vida comum
Segundo Neila, a vida em
comum com Mara é tranquila e em nada diferente de um casal heterossexual, razão
pela qual ela reforça a crença de que o casamento não deve sofrer
diferenciações. “Mara tem um filho de 18 anos, Mateus, fruto de outra relação,
e nós nos damos super bem. Convivo muito com ele e ele lida bem com minha
relação com a mãe dele.
Francamente, a única
diferença que existe em casos como o nosso é que você está casando com uma
pessoa do mesmo sexo. As dificuldades do dia-a-dia, no entanto, são exatamente
as mesmas!”.
A cerimônia
Ao todo, quinze casais,
sendo quatorze deles homossexuais, participarão do evento, que está sendo
promovido pela OAB/AM, através da Comissão de Diversidade Sexual. Os casais vão
receber alianças de prata e tucumã e sairão da cerimônia, que terá 400
convidados, já com a certidão do casamento.
A iniciativa da OAB conta
com o apoio de órgãos governamentais e do Fórum Amazonense LGBT (Lésbicas,
Gays, Bissexuais e Transexuais). “A proposta é legitimar a união dos casais
homoafetivos, que têm os mesmos direitos dos heterossexuais, perante a
legislação”, comentou Alberto Simonetti Neto, presidente da OAB/AM.
De sua parte, Mara
acredita que o casamento homoafetivo “reafirma o direito e a dignidade humana
no país” e que ele vai ajudar vários casais a saírem da clandestinidade.
“Quanto mais você se esconde, mais há discriminação. Não acho que deva ser
dessa forma. No final das contas, o casamento coletivo vai ser uma celebração
de amor e de libertação”, concluiu.
Fonte/Foto:
Lucas Jardim – ACRITICA.COM/Ag. Brasil
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