PORTOS AJUDARAM A CONSTRUIR A HISTÓRIA DE BELÉM
Porto de Belém, na Estação das Docas, foi inaugurado
no início do século XX, durante o boom da borracha produzida na Amazônia.
É na memória de um dos
funcionários mais antigos da Companhia das Docas do Pará, seu Otílio da
Conceição, que está guardada boa parte da história do Porto de Belém,
construído no início do século XX, durante o boom da borracha produzida na
Amazônia. "Entrei como conferente de carga quando não havia ligação
rodoviária. Toda carga vinha de navio. A gente trabalhava dia e noite",
afirma o gerente administrativo, que tem 57 anos de serviço.
Foram as exportações para
o mercado internacional que determinaram as mudanças. Os trapiches que ocupavam
a orla foram derrubados e grandes embarcações passaram a atracar no local. Mas
a profundidade das águas diminuiu e o fluxo de embarcações também. Outros
portos surgiram. Mas quase 2.200 conteiners ainda são movimentados por mês no
local, a maioria com trigo e madeira.
Na Estação das Docas, um
museu reúne informações sobre a atividade portuária e objetos bem antigos. Como
este marégrafo, usado para informar a tábua de marés. "A maioria dos
equipamentos foram resgatados do lixão, no fim da década de 70", revela o
museólogo Raul Moreira.
Nessa época, o comerciante
Jurandir Furtado já batalhava para garantir o sustento da casa no Porto do Sal,
no bairro mais antigo de Belém, a Cidade Velha. As filhas de seu Jurandir, que
vende secos, molhados e produtos de pesca, já tomam conta de tudo, mas ele faz
questão de marcar presença, e abre o comércio sempre bem cedo.
No mercado dentro do
porto, trabalham 31 comerciantes. Criado em 1934, no auge da movimentação do
porto, toneladas de peixe eram vendidas todos os dias. Nos dias de hoje, está
tudo muito diferente. Seu Guilherme Vaz tem 77 anos e há mais de 50 trabalha no
mercado. Ele é o único que ainda mantém a tradição. "Eu comprava 10 mil
quilos de pirarucu. Semana Santa era cheio".
O trapiche por onde o sal
e o peixe chegavam não existe mais. Seu Guilherme mantém uma lanchonete no
espaço. Apesar de lamentar o descaso, ele também tem boas recordações. "Eu
criei e eduquei os meus filhos com o trabalho aqui".
Quem também não abre mão
da vida às margens do rio é seu João Lima, que mora e trabalha no Porto da Palha,
um dos mais movimentados de Belém. "Meu sonho é ver aqui espaçoso para
todo mundo. Banheiro público organizado". Nascido em Igarapé-Miri, desde
os 13 anos vinha para o porto com o avô, que trazia palha para vender.
A palha perdeu espaço para
a telha. Ficou a lembrança no nome do porto. Atualmente, é o açaí que domina as
vendas. Seu Miguel, lavrador do Acará, já estava de indo para casa com a renda
do dia, feliz e cheio de compras.
Fonte/Foto:
redeglobo.globo.com
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