POLÍCIA DO AM NÃO DESCARTA QUE TIRO DE COLEGA POSSA TER MATADO INVESTIGADOR

Delegado geral da Polícia Civil falou sobre o caso
Armas dos policiais que integravam a ação foram recolhidas para perícia.
Inquérito deverá ser concluído em 10 dias, afirmou delegado geral.
O Comando Geral da Polícia Civil do Amazonas não descarta que o tiro que matou o investigador da corporação, Edson Cota, de 45 anos, tenha sido deflagrado por arma de policiais que participavam da ação contra um grupo suspeito de praticar assaltos em saídas de bancos, na tarde da segunda-feira (21). A afirmação é do delegado geral da Polícia Civil, Josué Rocha, em coletiva de imprensa nesta quarta (23). Armas dos quatros policiais civis que integravam a ação serão periciadas. Uma comissão de delegados acompanhará as investigações.
De acordo com o delegado geral, as armas dos quatro policiais envolvidos na operação foram recolhidas para serem submetidas ao exame balístico, juntamente com arma do suspeito que, segundo a polícia, teria confessado em depoimento ter disparado contra o investigador Edson Cota. O homem, preso em flagrante, já passou por exame residuográfico.
Após a morte, ainda na segunda-feira, a polícia afirmou que o tiro que atingiu Cota teria sido disparado por um dos suspeitos. No entanto, uma equipe de reportagem de uma emissora local acompanhava a ação e, após a divulgação das imagens, foi levantada a hipótese de que o disparo teria sido feito por outro policial. Nas imagens veiculadas, os suspeitos são rendidos antes de Cota ser atingido. As imagens brutas (sem edição) deverão ser analisadas pela Polícia Civil.
"Com adrenalina e tensão em alto grau durante a perseguição pode acontecer de alguma situação fugir do controle. Enquanto não tivermos o laudo da perícia das imagens e também das armas não podemos dar uma posição conclusiva. Se tiver acontecido um erro operacional, vamos tomar as devidas medidas administrativas", declarou o delegado-geral.
A previsão é de que o inquérito seja concluído no prazo de dez dias. A Polícia Civil ainda analisa ser acionará o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE-AM) para acompanhar as investigações.
Medidas
A Polícia Civil anunciou que uma comissão foi criada para acompanhar o inquérito. A comissão será coordenada pelo diretor de Polícia Metropolitana, Emerson Negreiros. Os delegados George Gomes, do 8º Distrito Integrado de Polícia (DIP) e o titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos (DRFV), Jaime Ferreira. "Essa comissão dará um apoio maior ao delegado que estará presidindo o inquérito. Sendo assim vamos dar uma resposta de tudo que aconteceu com provas técnicas e testemunhais", explicou Josué Rocha.
Paralelamente ao inquérito que foi lavrado no último dia 21, a comissão atuará na coleta de novas provas. Entre essas provas, a Polícia Civil requisitará as imagens da emissora que registrou o momento da morte do investigador. "As imagens podem dar várias conotações e no momento que houve a abordagem ouvimos vários disparos, vindo do lado dos bandidos e dos policiais. Isso só o laudo da perícia poderá dizer de que arma partiu o tiro", enfatizou o representante.
Polêmica
Durante a operação, que resultou na morte do investigador, Edson Cota não utilizava colete aprova de balas. Existe a suspeita de que o investigador tenha cedido o colete balístico para a repórter de uma emissora local, que acompanhava a perseguição à quadrilha. Segundo Josué Rocha, o delegado titular da Delegacia Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações (DERFD) e responsável pela operação, Orlando Amaral, foi taxativo em dizer que o policial não cedeu o colete para jornalista utilizar. Entretanto, o delegado-geral não soube informar se o colete usado pela repórter nas imagens era da Polícia Civil. "Era uma opção do policial. A doutrina determina que nas operações os policiais estejam de colete, mas ele optou. O delegado pode ter patrocinado e oferecido o colete para jornalista", afirmou Josué Rocha.
 A Polícia Civil anunciou ainda que, a partir deste caso, uma portaria foi instituída proibindo o acompanhamento da imprensa em qualquer operação policial.
Entenda o caso
O investigador Edson Cota, de 45 anos, morreu no Hospital 28 de Agosto após ser atingido por um tiro no tórax durante uma troca de tiros com suspeitos de assaltar pessoas na saída de bancos. Natural de Santarém, no Pará, o policial completaria 46 anos de idade nesta quarta-feira (23). Ele atuava na Polícia Civil do Amazonas há 13 anos.
Quatro pessoas foram presas durante a ação. Com eles foi apreendido um carro modelo Fiat Punto, de cor laranja, uma motocicleta, cinco celulares, R$ 10 mil reis e uma arma PT.40. A polícia afirmou que a pistola pertence a um cabo da Polícia Militar e que a arma havia sido roubada há cerca de um mês. Na época, o furto da arma foi registrado no 7º Distrito Integrado de Polícia (DIP).
Um dos quatro suspeitos, segundo a polícia, teria confessado ser autor dos disparos. Ele responderá por homicídio. Todos os suspeitos foram autuados em flagrante por roubo e formação de quadrilha, e encaminhados à Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no Centro.

Fonte/Foto: Adneilson Severiano – G1

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