SENADO DECIDE RETIRAR VAGAS DO PARÁ NA CÂMARA
Senador Jader Barbalho (PMDB-PA) |
Sob o argumento de que o
Judiciário estaria se intrometendo em questões de competência legislativa, o
Senado derrubou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de redefinir a
distribuição das bancadas da Câmara dos Deputados. Por essa decisão, o Pará
perde as quatro novas vagas para deputados que tinha garantido.
Após mais de duas horas de
discussão, os 14 Estados não atingidos se dividiram nas posições, mas venceu a
tese dos oito Estados prejudicados pela resolução do TSE, tendência adiantada
pelo jornal O Estado de S. Paulo. Para que a determinação de recontagem das
bancadas de deputados seja suspensa em definitivo, o projeto de decreto legislativo ainda precisa ser
analisado pela Câmara dos Deputados, onde a tendência é pela aprovação e
manutenção da atual divisão de cadeiras.
Censo do IBGE
A Corte Eleitoral havia
determinado em maio que as quantidades de deputados federais, estaduais e
distritais deveriam ser revistas com base em dados do último Censo do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010. Hoje, a distribuição das
vagas está baseada na população dos Estados em 1998. A determinação do TSE
reduziu em uma vaga as bancadas de Alagoas, Espírito Santo, Pernambuco, Paraná,
Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, e também tirou duas vagas da Paraíba.
Ganham assentos Amazonas (1), Santa Catarina (1), Ceará (2), Minas Gerais (2) e
Pará (4).
A já esperada discussão,
por se tratar de matéria federativa e, portanto, suprapartidária, alterou os
ânimos e levou pelo menos 20 dos 62 senadores que votaram na matéria à tribuna
do plenário, além das manifestações feitas fora da tribuna. O bate-boca foi
semelhante ao ocorrido em outras questões em que os interesses dos partidos se
sobrepuseram aos dos Estados representados pelos senadores, como nas votações
da distribuição dos royalties e do Fundo de Participação dos Estados (FPE).
Os defensores da decisão
do TSE argumentaram que, em 1993, foi aprovada uma lei complementar na qual o
Congresso delegou ao Tribunal Eleitoral a prerrogativa de fazer essa
recontagem. Até mesmo parlamentares de Estados não atingidos pela resolução
usaram esse argumento. “Hoje um decreto legislativo suspendendo uma decisão do
TSE é tão drástico, mas a interpretação da Constituição não é só jurídica, é
jurídico-política”, destacou o ex-procurador da República, Pedro Taques
(PDT-MT).
Jader critica derrubada de
determinação da Justiça
A discussão levou o
senador Jader Barbalho (PMDB-PA) à tribuna para criticar a derrubada de uma
determinação da Justiça “O Senado não pode se dar ao direito de cometer uma
violência jurídica que é essa afronta ao poder Judiciário.” Para ele, a
aprovação do decreto abre um precedente “grave”. “A partir desse momento,
qualquer matéria decidida pelo poder Judiciário, poderemos aqui apresentar uma
medida legislativa no sentido de sustar a decisão”.
A tese vencedora baseia-se
na Constituição que delega a prerrogativa do recálculo de deputados ao
Congresso. “A nossa Constituição prevê que o Congresso pode delegar poder ao
Executivo, mas não há precedentes de que o Congresso possa delegar poderes ao
Judiciário”, disse Cássio Cunha Lima.
Fonte/Foto:
AE/Arquivo
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