NORTE ENERGIA DIZ QUE IRÁ PEDIR NOVA REINTEGRAÇÃO DE POSSE NESTA SEGUNDA
Um dos canteiros da Usina Hidrelétrica Belo Monte
permanece ocupado.
Manifestação de ribeirinhos e indígenas impede
prosseguimento de obras.
Depois de ter o primeiro
pedido de liminar para reintegração de posse negado pela Justiça de Altamira, a
Norte Energia - empresa responsável pela implantação da Usina Hidrelétrica Belo
Monte, no rio Xingu, no Pará - informou neste domingo (5) que vai entrar
novamente na justiça nesta segunda-feira (6) para que os índios e ribeirinhos,
que ocupam o Sítio Belo Monte há três dias, saiam da área. As obras no canteiro
continuam suspensas.
A ação será feita em
conjunto com o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), responsável pela
construção civil da usina. "As empresas acreditam que, desta vez, a
decisão deverá ser favorável, já que o argumento para a negativa anterior foi
justamente a insistência no diálogo - coisa que os índios manifestaram
claramente não estar interessados", diz a nota. Segundo a Norte Energia, o Governo Federal informou neste domingo que as
negociações com os índios não evoluiram.
Segundo a empresa, um
acordo foi firmado com os índios e ribeirinhos no último sábado (4) para qual
eles elaborassem um documento com as suas reivindicações. A carta seria
entregue ao Governo Federal, mas o acordo não teria sido cumprido.
"A proposta aceita
inicialmente pelos indígenas - tanto os Mundurucus de Jacareacanga quanto os
ribeirinhos da região de Altamira - era de que o Governo Federal receberia uma
carta com as reivindicações exigidas. O documento seria entregue na manhã deste
domingo à representante da Casa de Governo, Cleide Souza, coisa que, segundo
ela, não ocorreu", afirma a Norte.
Os manifestantes pedem que
a obra seja interrompida. "Queremos que a obra fique parada. Viemos aqui,
conversamos com os funcionários para que eles abandonassem a obra", contou
o líder indígena Kandiru ari munduruku no sábado (4). Os caciques disseram que
irão apresentar a pauta apenas para pessoas com poder de decisão. Os indígenas
exigem conversar diretamente com o ministro da Casa Civil, Gilberto Carvalho.
De acordo com o Conselho
Indigenista Missionário (CIMI), entidade ligada à CNBB que luta pelos direitos
dos índios, os ocupantes só devem sair do local se uma grande plenária for
realizada no canteiro. "O funcionário (da empresa) queria que saíssemos do
canteiro e que só uma pequena comissão falasse com gente de ministério. Nós não
aceitamos. Nós queremos que eles venham para o canteiro e falem com todos nós
juntos", informaram os ocupantes em carta aberta divulgada no sábado (4).
Ainda de acordo com a
Norte Energia, o Governo Federal já havia manifestado que a condição para levar
adiante qualquer negociação com os indígenas é a desocupação do canteiro Belo
Monte - a principal das quatro frentes de trabalho da Usina Hidrelétrica Belo
Monte. A empresa alega também que o Governo Federal havia marcado reuniões em
Jacareacanga, nos dias 10 e 25 de abril, com os mesmos índios instalados nas
dependências da obra, com a presença do secretário nacional da articulação
social da Secretaria Geral da Presidência da República, Paulo Maldos, mas os
indígenas não teriam comparecido.
"Até o momento os
manifestantes não apresentam qualquer pauta de reivindicação. Falam apenas em
suspender as obras de Belo Monte e os estudos das usinas no rio Tapajós",
informou a empresa. Com a resistência dos indígenas, a presença da Força
Nacional e da Policia Militar do Pará será mantida para garantir a segurança
dos manifestantes e dos cerca de 4 mil trabalhadores alojados em Belo Monte.
Serviços de alimentação e
fornecimento de água e eletricidade para os alojados permanecem em
funcionamento.
Entenda o caso
Cerca de 150
manifestantes, entre ribeirinhos e índios de diversas etnias invadiram na manhã
da última quinta-feira (2) o sítio Belo Monte, em Vitória do Xingu, sudoeste do
Pará. Os indígenas chegaram em quatro ônibus, armados com flechas bordunas, uma
arma indígena semelhante a uma clava. Uma parte dos manifestantes entrou no
canteiro de obras, enquanto o restante ficou na entrada do local impedindo a
entrada e saída de pessoas.
Fonte/Foto: G1 PA
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