ALÇA VIÁRIA: TRAGÉDIA COMOVE MILHARES EM TAILÂNDIA-PA


As quase duas mil pessoas que aguardavam a chegada dos corpos no ginásio poliesportivo da Prefeitura Municipal de Tailândia eram o retrato do que significou para a cidade, distante 270 quilômetros de Belém, a perda simultânea de nove moradores de uma só vez graças a um trágico acidente envolvendo um micro-ônibus e uma carreta na tarde da última terça (24), na Alça Viária, que ainda deixou pelo menos 14 feridos. Segundo a assessoria de comunicação do Hospital Metropolitano, os feridos não correm risco de morte.
Francisco Josivaldo Ferreira de Melo, 39 anos, Antônio Silva Nascimento, 32 anos, Maria Benedita de Souza, 64 anos, Carlos Oliveira, 33 anos, Joseli de Souza Santos, 46 anos, Eunice Tavares da Silva, 32 anos, Breno Ribeiro de Melo, 15 anos, Ingrid de Oliveira Reis, 12 anos, e Raimunda Brilhante da Silva, 45 anos, a esposa do pedreiro Manoel Raimundo, 36 anos, sobrevivente mostrado na matéria de ontem pelo DIÁRIO. São os nomes dos nove mortos por quem a cidade de Tailândia vive luto oficial por três dias.
Os corpos deixaram o Instituto Médico Legal em Belém no final da manhã de ontem, e chegaram ao município, de onde saíram para se consultarem em Belém por volta das 17 hs, na terça, e não mais voltaram para casa. Dois locais foram cogitados para que os corpos fossem velados em conjunto, o ginásio municipal e o salão da paróquia São Francisco de Assis. Todos os corpos só foram liberados pela necropsia na madrugada para seguirem para os respectivos velórios.
Mas os parentes das vítimas solicitaram que os corpos fossem velados nas próprias casas, e, obviamente o pedido foi acatado pela prefeitura.
Sobrevivente chama motorista de imprudente
“Viver é uma dádiva fatal”, já versava o poeta Renato Russo. Mas poucas pessoas, sem serem famosas, sem terem marcado gol em final de Copa do Mundo ou sido prefeitas já conseguiram atrair tantas pessoas a um velório como a professora Raimunda Brilhante. Se a morte dela foi trágica, supostamente fruto da imprudência de um motorista, a vida dela deve ter sido realmente reluzente.
“Todo mundo fala muito bem dela. Eu nunca estudei com ela, e nem um filho meu, mas a gente fica comovida de ver que uma profissional que se dedicava tanto, que até pensava um dia em ter doutorado, morrer assim”, revelou a agente de saúde Francisca Ferreira da Silva, 34 anos. Contato mais direto teve a ex-aluna de magistério da professora Raimunda, Maclesiante Pereira Oliveira, 23 anos. Segundo ela, a professora era mais do que uma educadora, era um exemplo.
O dia 25 de abril seria o dia do aniversário dela. Talvez, em vida, ela nunca tenha tido uma festa com tanta gente disposta a saudá-la de uma só vez, em um só lugar. Mas, pessoas que esperaram das 17 hs até quase 20 hs pra saberem que o corpo só chegaria na madrugada e ainda assim não arredarem o pé, foi, celebraram, não os muitos anos de vida que ela pudesse ter, mas sim os anos que ela certamente pôde viver como poucos.
MARCAS DA REVOLTA
Seu Manoel Raimundo, sobrevivente do acidente e marido da professora, sofreu escoriações na perna, na costela, no maxilar, e em outras partes do corpo. Mas não chegou a quebrar nenhum osso. Ele reforçou a denúncia de que o acidente havia sido provocado pela imprudência do motorista.
“Ele ficou com raiva porque dois pacientes saíram só depois das três da tarde do Ophir Loyola, e veio com raiva na estrada. Eu estava há três cadeiras dele, e senti meu coração palpitar quando vi que ele não conseguiria desviar da carreta depois de ter ultrapassado o carro. Depois do choque, eu vi muito sangue, e ouvi muitos gritos. Inclusive eu gritei muito, porque três corpos ficaram sobre mim, amassando o meu peito, inclusive o da minha esposa”, detalhou.

Fonte/Foto: Diário do Pará/ Sidney Oliveira

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