Quem quiser chegar são e salvo ao final de semana vai ter que digerir dois indicadores peso-pesado. Às 9h da manhã, saberemos o IPCA de fevereiro – a bola de cristal do mercado fala em uma em uma alta de 0,78% nos preços brasileiros, um pouco mais acentuada que os 0,58% de janeiro. Sem agonia, porém: trata-se de uma flutuação atípica, puxada principalmente pelas mensalidades de colégios particulares, que promovem reajustes todo começo de ano. O dado de março, daqui um mês, também deverá vir mais gordinho em virtude da reoneração dos combustíveis e do restabelecimento de alguns impostos estaduais sobre contas de luz, que o STF autorizou no último dia 2. No longo prazo, porém, a expectativa é que a inflação desacelere. Por ora, reina um clima de relativo otimismo com as perspectivas fiscais e monetárias brasileiras – as declarações de Tebet sobre o novo arcabouço fiscal puseram panos quentes nos juros futuros. Nos EUA, o Payroll – o mais importante relatório de desemprego do país – tem bem mais potencial para bagunçar o coreto de Wall Street, do Ibovespa e de todos os outros índices ao redor do mundo. Os futuros de Nova York amanheceram refletindo a incerteza: o S&P 500 marcava -0,29% – e o Dow Jones, -0,38% – às 7h30 da manhã, mas o pré-mercado na Nasdaq dava uma espiada acima da linha da água, com muy humildes 0,03%. Espera-se que o Tio Sam tenha gerado 221 mil novas vagas, contra as 517 mil de janeiro, que os salários tenham crescido 0,4% e que a taxa de desemprego se mantenha em utópicos 3,4%. Ou seja: até pode ter rolado uma queda razoável na criação de empregos, mas a saúde geral do indicador deve permanecer boa, resiliente para um contexto de juros altos. Você já sabe o refrão: isso é sinal de que a economia americana ainda está aquecida demais – e que o Fed não está sendo bem-sucedido em seus esforços para conter a inflação. O Fomc, comitê de política monetária americano, se reúne nos dias 21 e 22 de março. O que está em jogo é o tamanho da próxima alta na “Selic” americana: 0,5 ou 0,25 ponto percentual. Powell, presidente do Fed, já disse que a decisão está em aberto: depende de indicadores como o Payroll de hoje e o CPI de fevereiro – o equivalente americano do IPCA – na terça que vem. Segura, peão. O mau humor nas bolsas americanas teve um tempero extra, ontem à tarde: o Silicon Valley Bank (SVB), banco conhecido por emprestar dinheiro a startups tech, desabou 66% em um dia após declarar perdas de US$ 1,8 bilhão, e o pessimismo arrastou consigo bancões bem maiores – o que resultou em um tombo de mais de 7% no índice KBW, que mede as flutuações do setor bancário americano como um todo. Os papéis do setor financeiro, somados, perderam US$ 80 bilhões em valor de mercado, o pior desempenho para um dia desde 2020, no auge da pandemia. Especialistas em venture capital já aconselharam os nerds californianos a tirarem a grana de suas empresas de lá. O SVB, na berlinda, prometeu vender um pacotão de ações para levantar US$ 2,25 bilhões e preencher o buraco. A ver como Wall Street vai lidar com o rescaldo do incêndio. Bons negócios! |
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