Demorou. A zona do euro sofre com uma inflação recorde – 8,6% nos últimos 12 meses. E com um fantasma à espreita. Os preços ao produtor (espécie de IGPM) da maior economia do continente, a Alemanha, bateram em argentinos 32,7%.
Diante de um cenário desses, não mexer nos juros seria suicídio. E os juros na zona do euro, controlados pelo Banco Central Europeu (BCE) estão fora da realidade: negativos (-0,5%). Ou seja: quando os bancos comuns deixam dinheiro depositado no BCE (algo que eles precisam fazer em certas circunstâncias), perdem dinheiro. Isso existe para que os bancos dêem um jeito de emprestar a grana que têm nos cofres ao público, nem que seja a juro zero – zero, afinal, ainda é mais do que -0,5%...
Esse tipo de política, em voga na Europa desde 2011, é uma tática para combater crises enchendo o mercado de dinheiro. Foi útil para levantar a economia do continente depois da crise sistêmica do início da década passada. O problema é que ela cria inflação. E agora a inflação não está apenas criada, mas também agigantada.
A discussão até agora era: o aumento será de 0,25 pp ou de 0,5 pp? A essa altura, ninguém mais aposta em 0,25 pp. A decisão, de qualquer forma, sai agora às 9h15.
Com a zona do euro saindo do juro zero, o que temos é mais pressão sobre o real. Com juros mais altos por lá, os títulos públicos europeus passam a pagar mais. Isso tira demanda dos títulos daqui. Com menos compradores para os nossos títulos, o real perde valor ante as moedas fortes.
Por aqui, os juros já estão no topo da montanha, e mesmo assim o real está na sua pior cotação desde janeiro, com o dólar a R$ 5,46. Já os títulos públicos estão no maior patamar em anos. O IPCA+2035 fechou ontem em 6,23%. É a taxa mais alta desde 2016.
Enquanto isso, temos um Presidente da República que passa seus dias vociferando contra as urnas eletrônicas. Menos mal que os EUA deram seu recado ontem, dizendo que as eleições do Brasil são "um modelo a ser seguido". Era a notícia
mais lida da Bloomberg internacional nesta manhã. Um bom balde de água fria contra uma intenção de golpe que macula não apenas a nossa economia, mas a nossa história.
Bons negócios.
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