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MERCADO FINANCEIRO
 
Criação de novas vagas de emprego decepcionam por lá. No Brasil, o mercado encontrou uma mola no fundo do poço.
 
 
Por Alexandre Versignassi e Guilherme Jacques
 
 
Não tem sido normal o Ibovespa bater o S&P 500. O índice brasileiro acabou de cravar, nesta quarta agora, sua pior marca no ano: 100.775 pontos. Nos EUA, o patamar mais baixo de 2021 foi o do primeiro pregão do ano mesmo, no dia 4 de janeiro (3.700 pontos). Porque dali em diante foi pontuação recorde atrás de pontuação recorde. O auge veio dia 08 de novembro: 4.701 pontos.
 
Na última quarta, dia da nossa pontuação mais esquálida, o S&P 500 seguia num patamar robusto, próximo ao de sua máxima histórica: 4.501 – e marcando 21% de alta no ano; contra -15% do Ibovespa até ali.
 
Os dois últimos dias da semana, porém, reservaram uma surpresa. Ontem, com a aprovação da PEC dos precatórios, o índice brasileiro teve sua maior alta para um dia em um ano e meio: 3,66%, contra 1,42% do S&P 500.
 
E hoje, o placar ficou em +0,58% Ibov X -0,85% S&P.
 
A baixa dos EUA veio a reboque dos dados de emprego lá, que saíram nesta sexta. As bolas de cristal, o tarô e a leitura búzios do mercado (também conhecidas como "projeções dos analistas") apontava para a criação de 550 mil vagas.
 
Deu ruim: no mundo real, foram só 210 mil. Menos da metade – e, por mais que as projeções não passem muito mesmo de chutes em informados, não é comum tal disparidade.
 
Os tarólogos da economia imaginavam que novembro meio que repetiria outubro, mês que deu à luz 530 mil novos postos de trabalho, e com um chorinho extra de vagas. Mas é isso: se no mercado financeiro ganhos passados não garantem ganhos futuros, na economia como um todo não é diferente.
 
Some isso à Ômicron, que traz de volta algo do pânico do início de 2020, e temos uma liquidação de ações nos EUA. Mas não é só por isso.
 
Quem mais caiu por lá foram as empresas de tecnologia. E elas não são mais afetadas pelos números do mercado de trabalho do que as outras. Na real, o índice de desemprego nem está ruim por lá: 4,2% – quando 3% é considerado pleno emprego (no Brasil, são 12,6%, só a título de comparação). Quanto à variante Ômicron, idem: no auge da pandemia as techs tiveram uma performance brilhante, inclusive.
 
O ponto: as techs foram as que mais subiram no rally da bolsa americana, que se extende desde abril de 2020. Desde lá, a alta do S&P 500 foi de 102%. A do Índice Nasdaq, que concentra mais empresas de tecnologia, foi ainda maior: 118%.
 
Hoje, o Nasdaq tombou -1,92%. Entre as maiores quedas ali, a Tesla (-6,42%), cujas ações subiram mais de 1.000% no período que citamos acima. Ou seja: não só os dados econômicos e epidemiológicos que puxam o mercado americano para baixo. Também temos um mercado em patamares recordes ensaiando um momento de "correção", como dizem os economistas.
 
Por aqui, estamos em ritmo de correção há um bom tempo. Nosso patamar recorde veio em junho, 130 mil pontos. Desde lá, 19% de queda. Esta semana, pelo menos, ficamos no azul: alta de 2,78%. Nos EUA, -1,21%.
 
E vamos aos destaques do dia.
 
Sexta-feira de festa para a Méliuz
 
No dia 5 de novembro, a Méliuz comemorou um ano do seu IPO. Mas a festa mesmo ficou para hoje: as ações da companhia acordaram achando que eram derivativos: alta 32,95%.
 
Motivo 1: ontem, a empresa de cashback divulgou um crescimento de 87% nas vendas, na comparação entre novembro de 2021 e novembro de 2020.
 
Motivo 2: mesmo com a alta de hoje, a queda da Méliuz em relação a julho deste ano ainda é de 65%. Em situações, boas notícias têm um efeito mais pesado. Ainda assim, trata-se de uma alta fora de qualquer curva.
 
Bad day para os frigoríficos
 
Na ponta das maiores baixas, Marfrig (-8,31%) e JBS (-5,16%) ocuparam o pódio do fundo do poço.
 
É que o Bradesco BBI rebaixou a recomendação das ações das duas: de outperform, acima da média do mercado, para neutro. Por neutro, entenda-se: melhor ficar de olho.
 
Marfrig e JBS têm o grosso de suas operações nos EUA, onde dominam 70% do mercado de carne bovina junto com a Tyson Foods e a Cargill, suas concorrentes gringas. E têm apresentado lucros estupendos por conta de um fenômeno atípico.
 
A matéria prima deles, o boi, está barato, e o produto final, a carne, subiu 20% nos últimos 12 meses (em dólar, lembre-se). Culpa da pandemia. Muitos frigoríficos concorrentes não operaram nas fases mais agudas de restrição por lá. Isso deixou o boi barato, pois não havia tantos frigoríficos para comprar os animais. E deixou a carne mais cara, já que passou a faltar nas prateleiras.
 
JBS e Marfrig foram hábeis em aproveitar o momento para comprar barato e vender caro. Quando a situação se normalizou, mais um ponto positivo: o consumo de carne cresceu nos EUA, o que manteve os preços num patamar elevado. Mas na outra ponta, a da matéria prima, a história é outra: a volta dos concorrentes à operação usual fez o preço do boi vivo subir. E isso pressiona as margens de lucro do setor nos EUA.
 
A análise do BBI aponta para uma queda de 44% nessa margem ao longo de 2021. E projeta uma queda de 2,5% no rebanho americano em 2022. Ou seja: mais apertos para a margem.
 
E tome correção para os nossos frigioríficos – que ainda assim eguem entre as maiores altas do ano, na casa dos 50%.
 
Bom fim de semana!
 
Maiores altas
 
Méliuz (CASH3): 32,95%
 
Locaweb (LWSA3): 8,18%
 
Cyrela (CYRE3): 7,55%
 
CVC (CVCB3): 6,66%
 
Assai (ASAI3): 6,59%
 
Maiores baixas
 
Marfrig (MRFG3): -8,31%
 
JBS (JBSS3): -5,16%
 
Vale (VALE3): -2,83%
 
Grupo Natura (NTCO3): -1,92%
 
IRB Brasil (IRBR3): -1,88%
 
Ibovespa: 0,58%, aos 105.069 pontos
 
Em Nova York
 
S&P 500: -0,85%, aos 4.538 pontos
 
Nasdaq: -1,92%, aos 15.085 pontos
 
Dow Jones: -0,17%, aos 34.579 pontos
 
Dólar: 0,35%, a R$ 5,6798
 
Petróleo
 
Brent: 0,30%, a US$ 69,88
 
WTI: 0,36%, a US$ 66,26
 
Minério de ferro: 0,73%, a US$ 102,36 a tonelada no porto de Qingdao (China)

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