GARIMPEIROS EM CONFLITO ARMADO COM A PF NO PARÁ
A violência recrudesceu hoje a patamares alarmantes em
Jacareacanga(PA). Dez manifestantes ficaram feridos em um confronto armado de
garimpeiros contra a Polícia Federal,
Polícia Rodoviária Federal, Ibama e Força Nacional, durante a Operação
Mundurukânia, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal a fim de proteger terras
indígenas Munduruku e Sai Cinza. Ao todo havia 134 policiais e agentes de
fiscalização, além de aeronaves e veículos 4x4. Garimpeiros enfrentaram as
forças de segurança, tentaram invadir a base e depredar patrimônio da União,
aeronaves e equipamentos policiais. Além de graves danos ao meio ambiente
devido ao uso de produtos químicos altamente nocivos, eles vêm causando a
poluição de rios e lençóis freáticos, e sérios problemas sociais na região.
Houve confronto nas ruas e uma estrada chegou a ser interditada, impedindo o
andamento da operação.
No início da tarde, o grupo incendiou várias casas da aldeia
Fazenda Tapajós, em Jacareacanga, onde estava uma das principais lideranças
Munduruku que se opõem ao garimpo ilegal na região. As casas de Maria Leusa
Kaba Munduruku e de seus parentes foram totalmente destruídas pelo fogo. O
Ministério Público Federal requisitou reforços. O governador Helder Barbalho
também mandou a Polícia Militar do Pará colaborar com os agentes federais.
A tensão segue grande porque, conforme relato dos indígenas
atacados pelos garimpeiros, eles atacarão outras aldeias onde vivem lideranças
contrárias ao garimpo.
Recentemente foram denunciados pelo MPF oito pessoas ligadas ao
grupo conhecido como Boi na Brasa, e cinco indígenas que se aliaram aos
criminosos e invadem territórios protegidos na região do alto Tapajós. Há
quatro garimpos ilegais na TI Munduruku e na Floresta Nacional do Crepori,
causando graves danos às matas e cursos d’água, que já causaram pelo menos R$
73,8 milhões em danos ambientais na região de Jacareacanga. Os garimpeiros são
investigados por associação criminosa, exploração ilegal de matéria-prima
pertencente à União e delitos contra o meio ambiente.
No interior da TI Munduruku, o grupo criminoso já avançou para
diversos pontos, com destaque para a região dos rios Kabitutu e Kaburuá”,
denunciam os procuradores da República.
Em operações anteriores a PF encontrou provas de que o grupo
comprava retroescavadeiras às dezenas, assim como aeronaves. Documentos
apreendidos demonstram o grande poder econômico: em 45 dias de 2020, o grupo
movimentou R$ 2,6 milhões em ouro. Foram criadas empresas de fachada para
movimentar o dinheiro ilegal do ouro e o grupo mantinha registros de pagamentos
de propinas a indígenas e policiais.
Povo de tradição guerreira, os Munduruku dominavam culturalmente o Vale do Tapajós, que nos primeiros tempos de contato durante o século XIX era conhecida como Mundurukânia, e daí se extraiu o nome da operação.
è
por Franssinete Florenzano
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