O Brasil quer uma retratação formal das declarações do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, que na semana passada disse que deixaria de comprar carnes do Mercosul por esses produtos não respeitarem, segundo ele, requisitos e normas do mercado francês. “O movimento de prestigiar os produtores franceses é legítimo. O problema é quando ele fala em não cumprimento de regras sanitárias. Aí não aceitamos. Eles compram a carne brasileira há 40 anos”, afirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Fontes do Ministério da Agricultura, do Itamaraty e do Palácio do Planalto consideram que foi rápida e necessária a reação dos produtores brasileiros de parar de fornecer carne ao Carrefour no Brasil. Se não houvesse uma resposta firme, outros países ou blocos também poderiam questionar o produto brasileiro e dos vizinhos, gerando um efeito em cascata. A empresa diz estar “em diálogo constante na busca de soluções que viabilizem a retomada do abastecimento de carne” no país. (g1)
Para o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), o Brasil precisa dar uma “resposta clara” ao protecionismo com “reciprocidade econômica” contra a França. “Não é possível que o CEO de um grupo importante como o Carrefour não se retrate”, afirmou, acrescentando que o protecionismo francês é “injusto” e que os produtores brasileiros trabalham sob uma “rígida lei ambiental”. (Globo)
A pressão brasileira parece que vai surtir efeito. Bompard, segundo uma fonte próxima à empresa, fará uma retratação formal a Fávaro. A gestão da companhia quer que a carta seja entregue em mãos, o que depende, também, da agenda do ministro. (Estadão)
E a crise chega em um momento decisivo nas negociações entre União Europeia e Mercosul. Representantes dos dois blocos se reúnem entre hoje e sexta-feira em Brasília. Negociadores brasileiros avaliam que não é à toa que as resistências públicas francesas surgiram, mas dizem que o problema com o Carrefour não deve atrapalhar o acordo. Segundo uma fonte do alto escalão do governo, há “otimismo razoável” sobre a possibilidade de concluí-lo nesta semana. (Estadão)
Apesar de toda a polêmica, de janeiro a outubro deste ano, o Brasil exportou cerca de US$ 1 bilhão em carnes bovina, suína e de frango para a UE. Desse total, apenas US$ 1,4 milhão foram para a França. (Globo)
José Henrique Mariante: “Bompard, de 52 anos, formado na renomada École Nationale d’Administration e com passagens por grandes empresas francesas, sabia o que estava fazendo quando condenou o Mercosul. O assunto é muito importante na política francesa e a eloquência do ato se justifica quando se nota que o país pode virar voto vencido na disputa”. (Folha)
Meio em vídeo. E a economista Déborah Bizarria comenta esse imbróglio no Central Meio desta terça-feira. Ao vivo, às 12h45. (YouTube)
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