RESUMO DO DIA – EDIÇÃO DA NOITE | SEGUNDA-FEIRA, 22 DE JUNHO DE 2020
BOLSONARO MUDOU LEI DE ACESSO APÓS
ARTICULAÇÃO PARA FRAUDAR PONTO DE EX-ASSESSORA DE FLÁVIO
O presidente Jair Bolsonaro (sem
partido) restringiu, por meio de decreto, a abrangência da Lei de Acesso à
Informação, reduzindo a transparência sobre dados e documentos públicos, logo após uma articulação para
fraudar os registros de controle de ponto de uma ex-assessora do senador Flávio
Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho mais velho do presidente, na
Alerj (Assembleia Legislativa do Rio).
No dia 10 de dezembro de 2018, o UOL solicitou acesso às
folhas de ponto de Luiza Souza Paes, uma das ex-assessoras de Flávio Bolsonaro
citadas no relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
Ela é uma das pessoas investigadas por participação no suposto
esquema de rachadinha no gabinete de Flávio — quando funcionários devolvem
parte de seus salários para um político. O esquema teria como operador
financeiro o ex-assessor e amigo da família Bolsonaro, Fabrício Queiroz,
preso na última semana.
A investigação do MP-RJ (Ministério
Público do Rio de Janeiro) mostra que o servidor da Alerj Matheus
Azeredo Coutinho entrou em contato com Luiza para alertar sobre o pedido. Os
pontos não tinham sido preenchidos, indício de que a ex-assessora era
funcionária fantasma. A alteração foi concretizada na manhã de 24 de janeiro,
mesma data em que um decreto foi publicado no Diário Oficial da União
restringindo o acesso a informações por meio da LAI.
Embora o decreto tenha sido assinado por Hamilton Mourão — que
exercia a Presidência durante a viagem de Bolsonaro ao Fórum Econômico Mundial,
em Davos, na Suíça —, o próprio vice-presidente declarou à época que a medida
foi avalizada por Bolsonaro. "Isso já vinha do governo anterior. O
presidente Temer é que não assinou. O presidente Bolsonaro deu luz verde",
disse Mourão.
Após ter sido detido na casa do advogado de
Flávio e Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, Queiroz está preso em
Benfíca, Zona Norte do Rio. Sua esposa, Márcia Oliveira de Aguiar, também
suspeita de atuar no esquema, está foragida.
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Fonte/Foto: Alex Tajra, do UOL, em São Paulo
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