POLÍTICA – ELEIÇÕES | ADIAMENTO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS É APROVADO NO SENADO
Aprovada pelo Senado nesta
terça-feira (23), proposta passa primeiro e segundo turnos do pleito para
novembro; prorrogação dos mandatos e voto facultativo ficam de fora
O Senado aprovou nesta terça-feira
(23) uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que adia as eleições
municipais este ano. O texto prevê que o primeiro turno ocorra em 15 de
novembro. Já o segundo, seria em 29 de novembro. A proposta segue para a Câmara
dos Deputados.
De acordo com o calendário
eleitoral, as eleições para prefeitos e vereadores estão marcadas para 4 de
outubro e 25 de outubro, em dois turnos. No entanto, devido à pandemia do novo
coronavírus, o Congresso Nacional, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e especialistas
têm discutido o adiamento do pleito.
O presidente da Casa, o senador
Davi Alcolumbre, comemorou a aprovação do texto pelo Plenário. “Não é possível
realizarmos eleições em um momento de inseguranças e incertezas, onde proteger
a vida é fundamental”, afirmou.
Na votação do segundo turno, 64
senadores foram favoráveis ao adiamento. Sete se mostraram contra. Entre eles o
senador, Fernando Bezerra (MDB-PE), líder do governo no Senado. “Não é correto
afirmar que quem vota pelo adiamento, vota pela vida e quem vota contra o
adiamento, não estaria respeitando a vida”, disse. Segundo ele, ainda é
“prematuro” prever que em outubro não seria possível realizar o pleito.
“Aqui em Pernambuco, depois de
muitas semanas com o número de óbitos variando entre 80 e 120 por dia, hoje,
caiu para 18. Estamos começando uma trajetória de descida, o que leva a não
necessidade de adiamento das eleições. É prematuro afirmar, categoricamente,
que a ciência já está a pedir mais 30 ou 40 dias do adiamento das eleições municipais”,
defendeu.
Para Bruno Rangel, especialista em
Direito Eleitoral, a PEC é positiva. “Dá-se estabilidade política e segurança
jurídica em relação ao tema das eleições municipais de 2020”, afirma.
Sem prorrogação de mandatos
Os congressistas também rejeitaram
um destaque ao projeto que pedia a prorrogação do atual mandato de prefeitos,
vice-prefeitos e vereadores até 2022. Relator do texto aprovado ontem, o
senador Weverton (PDT-MA), descartou a ampliação dos mandatos no momento.
“A prorrogação dos mandatos tem que
ser um grande acordo com ‘a maiúsculo’, não com ‘c de casuísmo’. Eu não posso
usar a pandemia para discutir prorrogação de mandato de quem quer que seja que
não foi eleito para isso. A Constituição é clara: quatro anos, voto periódico, mandato
periódico”, argumentou.
Assim, caso os deputados mantenham
o que foi decidido no Senado, a posse dos novos gestores dos municípios está
mantida para 1º de janeiro do ano que vem.
Eleições suplementares
Como o próprio relator do texto já
havia adiantado em entrevista ao Brasil 61, a PEC autoriza o TSE a adiar a data
das eleições em municípios que não tiverem condições sanitárias na época do
pleito. Se o adiamento for inevitável para todo um estado, caberá ao Congresso
Nacional autorizar uma nova data. O dia limite para as votações remarcadas é 27
de dezembro.
Para Daniel Falcão, advogado e
especialista em Direito Constitucional, a regra para realização das eleições
suplementares é contraditória. “Ou você delega tudo para o TSE, ou você não
delega. Delegar para um caso e não para o outro pode ficar estranho”, opina.
Já Bruno Rangel acredita que o
trecho é bom, pois o TSE deverá informar ao Legislativo Federal sobre a
alteração da data do pleito em qualquer localidade. “Não me parece um grande
problema, na medida em que mesmo na hipótese dos municípios em que o TSE tenha
delegação de competência, o tribunal deverá informar os atos e as razões para
adiamento de data ao Congresso Nacional, que poderá confirmar ou não esta
alteração.”
Voto facultativo e horário de
votação
Desejo de alguns senadores, o voto
facultativo, isto é, não obrigatório, foi rejeitado na votação. A ideia desses
parlamentares era preservar a saúde dos eleitores que fazem parte do grupo de
risco para a Covid-19. “Nessa ocasião de pandemia e de um momento totalmente
incerto, onde as pessoas vão se sentir obrigadas, pelo dever, a votar, correm o
risco de serem infectados devido à aglomeração”, afirmou o senador Styvenson
Valentim (Podemos-RN).
No entanto, a maioria dos
parlamentares seguiu o voto do relator, que se mostrou contra o voto
facultativo com base em dois motivos. “Primeiro, a nossa democracia ainda é
muito jovem. Precisamos continuar sempre empurrando ela, porque é preciso
incentivar que as pessoas participem. Segundo, é matéria que não é da eleição
que estamos discutindo, vai para reforma política, eleitoral”, justificou.
O texto aprovado prevê que, se
necessário, o TSE vai poder “ampliar as hipóteses de justificação eleitoral” ou
o próprio Congresso poderia anistiar esses grupos.
Já em relação à ampliação do
horário da votação, a PEC autoriza o TSE a definir a questão. Vale lembrar que,
recentemente, o presidente da Corte, o ministro Luís Roberto Barroso,
mostrou-se favorável a estender o horário até às 20h, ou seja, três horas além
do usual.
Fonte/Foto: BRASIL 61/Agência Brasil
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