AMAZÔNIA | PROCURA POR REMÉDIOS CASEIROS COMO GARRAFADAS TRIPLICOU DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19, REVELA ESTUDO
Chá de jambu, limão e alho |
De acordo com o estudo, o consumo de remédios
caseiros durante a pandemia de Covid-19 revela necessidade de investimento em
cadeia produtiva de plantas medicinais no Amazonas
Investir na estruturação de uma cadeia produtiva
de plantas medicinais no Estado do Amazonas foi uma das constatações dos
professores Rosana Zau Mafra, Dimas José Lasmar e Alexandre Almir Rivas, do
Departamento de Economia e Análise da Universidade Federal do Amazonas (DEA/Ufam),
ao pesquisarem o consumo de remédios caseiros durante a pandemia de covid-19 no
Amazonas.
Remédios caseiros
O estudo, publicado como Nota Técnica Número 7,
volume 1, do DEA/ Ufam, no último dia 10 de junho, apontou que os amazonenses
consumiram diversos remédios caseiros oriundos de alimentos e plantas
medicinais para prevenir ou tratar a covid-19.
"Limão, jambu, mel de abelhas, mastruz e
andiroba estão entre os produtos mais usados como remédios caseiros na região.
Diante de uma doença nova, como a covid-19, e do desconhecimento de cura para a
enfermidade, muitas soluções, como as garrafadas de chá de cupim e o xarope de
cupim que, segundo o conhecimento tradicional, possuem propriedades curativas,
foram usadas para tratar a doença e tiveram consumo triplicado. Além das
plantas medicinais para combater problemas respiratórios, também foram bastante
utilizadas as plantas conhecidas por combaterem a ansiedade e a depressão,
consequências do isolamento social recomendado para evitar a propagação célere
da doença. Tais usos demonstram o potencial da biodiversidade amazônica e a
necessidade de investimentos na área de bioeconomia", destacou o professor
Dimas Lasmar.
Uso habitual
Azeite de andiroba |
Outro resultado interessante apontado pela
pesquisa foi o uso habitual das plantas medicinais e a preferência dos
amazonenses em consumir remédios caseiros a sintéticos.
"Na sondagem sobre o consumo de remédio
caseiro para prevenção ou tratamento da covid-19, realizada entre 26 e 29 de
maio de 2020, chamou bastante atenção o percentual de respondentes que já
consumia remédios caseiros antes da pandemia. Mais de 80% dos respondentes usam
habitualmente chás como o de jambu, gargarejos de limão com água morna,
inalação de eucalipto com cravinho, entre tantas outras combinações. Durante a
pandemia de covid-19, 64% dos 105 respondentes afirmaram ter recorrido a
remédios caseiros, ainda que não tenham apresentado os sintomas da covid-19 e
48% dos participantes da sondagem, que apresentaram sintomas da doença,
recorreram a remédios caseiros. A possibilidade de uso de dois tipos de remédio
ao mesmo tempo, o temor da reação adversa dos medicamentos usados para
tratamento e a tradição familiar foram os principais argumentos para justificar
o uso dos remédios caseiros", observa o professor Alexandre Rivas.
Diante desse cenário, a aposta na bioeconomia
precisa ser fortalecida.
"A covid-19 reforçou o debate sobre a
produção de medicamentos fitoterápicos para o enfrentamento do novo coronavírus
e de outras doenças, a partir de plantas medicinais amazônicas, já que existe
uma demanda habitual e cultural por elas. Além disso, há necessidade de
qualificação de profissionais da saúde sobre o tema, embora o Sistema Único de
Saúde (SUS) já promova ações de usos de fitoterápicos. A instalação, em 2019,
do Polo Bioamazonas, que congrega instituições públicas e privadas de ensino,
pesquisa, produção e serviços, entre elas a Ufam, foi um passo importante para
a elaboração de propostas de promoção da cadeia produtiva de plantas medicinais
da biodiversidade amazônica que estão em curso, importante iniciativa que
atende à agenda da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
para a bioeconomia", conclui a professora Rosana Mafra.
Fonte/Fotos: PORTAL AMAZÔNIA, COM INFORMAÇÕES DA UFAM/Divulgação
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