‘A’ IMAGEM – MUNDO | 'EVITAMOS QUE O MATASSEM': A HISTÓRIA DA DRAMÁTICA FOTO EM PROTESTO CONTRA O RACISMO NO REINO UNIDO
Foto de Patrick Hutchinson carregando um manifestante viralizou nas redes sociais |
"Evitamos que o matassem". Assim,
Patrick Hutchinson explicou uma foto que viralizou nas redes sociais no sábado
(13/06).
A imagem mostra uma briga durante uma
manifestação contra o racismo, em Londres. Na fotografia, Hutchinson, que é
negro, carrega um homem branco, antes de levá-lo para um lugar seguro.
"A situação não ia terminar bem",
disse Hutchinson à BBC. Nas redes sociais, ele recebeu inúmeros elogios por sua
ação.
"Eu o levantei, o carreguei e o retirei
dali", explicou.
A identidade do homem carregado por ele não foi
descoberta até o momento. Também não se sabe se o desconhecido era membro da
extrema direita e participava de uma manifestação contra os atos antirracistas.
Os protestos antirracismo de sábado, em Londres
e em outras cidades do Reino Unido, foram, em geral, pacíficos.
Mas, na capital, também houve grupos que
incluíam ativistas da extrema direita. Mais de 100 pessoas foram presas em
Londres, em razão de brigas entre manifestantes que estavam em lados opostos e
em virtude de ataques contra a polícia.
Hutchinson estava na manifestação com seus amigos
para apoiar a luta contra o racismo quando viu uma briga no topo de uma escada
do centro cultural Southbank Center, próxima da ponte de Waterloo.
"O cara acabou no chão e eles [apontando
para os amigos] foram rápidos em evitar que ele fosse pisoteado", disse
Hutchinson, que é preparador físico.
"Ao fazer isso, eles criaram uma barreira
ao seu redor e eu fui o último a chegar. Eu o peguei, o carreguei como um
bombeiro e o tirei lá. Os outros ao meu redor me protegeram e protegeram esse
senhor para que não fosse agredido ainda mais."
Segundo Hutchinson, algumas pessoas continuaram
tentando agredir o homem, enquanto ele o carregava para um local seguro.
Algumas pessoas que estavam no local afirmaram
que o homem que ele carregava era membro da extrema direita. Porém, jornalistas
que estavam no local não conseguiram identificá-lo.
'Evitar uma catástrofe'
Ao ser entrevistado pela rede de TV americana
CNN, Hutchinson disse que não se questionou se o homem era racista ou parte de
uma manifestação contrária quando decidiu resgatá-lo. O preparador físico
afirmou que seu único objetivo era evitar uma catástrofe.
"Eu não pensava em nada, apenas que havia
um ser humano no chão. Isso teria terminado mal se não tivéssemos
interferido", disse Hutchinson à BBC. "Não conseguia pensar em nada
naquele momento, a não ser salvá-lo", acrescentou.
Hutchinson, rodeado por seus amigos, levou o
homem a um local próximo e o entregou a policiais que acompanhavam a
manifestação. Depois da ação, a polícia disse que estava ciente da foto, mas
não deu mais informações sobre o caso, segundo a Reuters.
Hutchinson não se considera um herói e insistiu
que a retirada do homem do local foi um "trabalho de equipe".
"Fizemos o que tínhamos que fazer. Evitamos que matassem alguém",
declarou.
Muitas pessoas estão indo às ruas em diversas
cidades do mundo após a morte do americano George Floyd. Negro, ele foi morto
em 24 de maio, após um policial branco sufocá-lo com o joelho sobre o pescoço
por 8 minutos e 46 segundos.
Os amigos de Hutchinson tiveram que protegê-lo enquanto carregava manifestante para que eles não fossem agredidos
Os quatro policiais envolvidos no caso foram
expulsos e respondem por várias acusações, como a de assassinato.
Em uma entrevista ao jornal Canal 4, Hutchinson
disse que Floyd "seguiria vivo hoje" se outros policiais tivessem
interferido na ação, assim como ele e os amigos impediram o ataque ao homem no
sábado.
Pierre Noah, um dos amigos que de Hutchinson que
ajudou a resgatar o homem, e que trabalha como segurança, também comentou sobre
o caso. "Estou salvando várias vidas aqui", disse à BBC, apontando
para a fotografia do caso.
"Estou salvando o homem que estava a ponto
de ser esmagado e espancado. Também estou salvando esses jovens de serem
condenados à prisão perpétua."
Fonte/Fotos: BBC News/Reuters
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