'SISTEMA DE SAÚDE EM MANAUS JÁ COLAPSOU', DISSE ARTHUR NETO, EM ENTREVISTA À CNN
"Não há UTIs
suficientes para atender a demanda, que só cresce", afirmou o prefeito de
Manaus
O prefeito de Manaus, Arthur
Virgílio Neto, afirmou que o sistema de saúde na capital do Amazonas já
colapsou.
A declaração foi dada no início
da manhã desta segunda-feira (6/4), durante participação, ao vivo, no canal de
notícias CNN Brasil, em que destacou as principais medidas de enfrentamento ao
novo coronavírus, reforçando a necessidade das pessoas permanecerem em casa.
“Não há UTIs suficientes para
atender a demanda, que só cresce. A solução seria aumentar o número de leitos
no principal hospital público, que é o Delphina Aziz. Ao mesmo tempo, é preciso
usar a estrutura do hospital Nilton Lins, mas vejo que a obra caminha a passos
lentos. Diria que na saúde particular há exaustão e a parte pública já
colapsou”, avaliou o prefeito da capital amazonense, aos apresentadores do
telejornal Novo Dia, Reinaldo Gottino e Taís Lopes.
Arthur Neto também destacou que
a crise provocada pela doença alcança a Zona Franca de Manaus (ZFM), informando
que fábricas deram férias coletivas e outras reduziram a produção, mas seguem
tomando os cuidados necessários, o que não impedirá a crise econômica que se
aproxima.
“A economia do Amazonas entra em
crise outra vez, esse é o quadro. Muitos insumos são importados da China, que
está atrasando a entrega, além da alta do dólar. A situação está bastante
difícil”, disse.
O prefeito de Manaus também
apontou possíveis soluções para enfrentar essa crise econômica, com os poderes
unindo forças e dando assistência a aqueles mais atingidos. “É um quadro muito
grave. Cada um faz o que pode no seu nível. O governo federal tem que fazer
chegar renda às pessoas que precisam, sem vaidade e estrelismos. Temos que ter
uma atividade forte do governo estadual para manejar todas as suas forças para
ampliar a oferta de leitos. Essa é uma crise sanitária que causa muitos
traumas”, alertou.
MEDIDAS
Ainda no domingo, 5/4, Arthur
Neto anunciou que decretará a cassação do Alvará de Funcionamento de
comerciantes não inclusos nos serviços essenciais e que insistem em
desrespeitar as determinações de isolamento social durante a pandemia de
Covid-19. Segundo ele, a prefeitura também irá suspender temporariamente a
venda do passe estudantil e a gratuidade para idosos em ônibus do transporte
coletivo.
A Prefeitura de Manaus já havia
suspendido eventos e atividades municipais que causem aglomeração de pessoas,
seja no atendimento de órgãos públicos, em praças e parques, ampliando a
suspensão para licenças de eventos particulares pelo prazo de 30 dias. Além
disso, o expediente dos servidores municipais foi reduzido, permitindo rodízio,
e aqueles com mais de 60 anos ou doenças crônicas foram colocados em regime de
teletrabalho, com exceção de áreas essenciais.
Houve ainda a suspensão das
aulas presenciais, adotando o sistema de videoaulas com o programa "Aula
em Casa", realizado em parceria com o governo estadual, bem como a
suspensão do corte de água para quem estiver inadimplente, oferecendo condições
especiais para negociações após o período de isolamento social.
Durante os meses de abril e
maio, aproximadamente 80 mil alunos da rede municipal, em vulnerabilidade
social, receberão bolsa no valor de R$ 50 pelo programa "Nossa
Merenda". Catadores apoiados pela prefeitura e os microempreendedores do projeto
"Viva Centro Galerias Populares" também terão auxílio de R$ 300 pelo
período de dois meses, que alcançará 1.274 pessoas de baixa renda. Além disso,
o pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Alvará e o
parcelamento do Refis Municipal foram estendidos, para aliviar o impacto
financeiro na renda das famílias.
O prefeito Arthur Neto também
anunciou medidas econômicas e administrativas que preveem um corte em despesas
no valor de R$ 500 milhões, sem que isso afete áreas importantes como Saúde,
Assistência Social e Cidadania e Limpeza Urbana. A decisão considera um estudo
de sua equipe econômica que estima uma perda de arrecadação no valor de R$ 350
milhões.
“O raciocínio de se dizer que
não é preciso ficar em quarentena, que se deve ir pra rua, produzir, ganhar
dinheiro, sustentar a economia, é falso. As pessoas saem e ficarão doentes, e
doentes não trabalham. Então, o melhor é ficar em casa e o governo federal
entender que não é hora de fazer economia, é preciso gasto público com responsabilidade
fiscal”, ponderou o prefeito, ao finalizar a entrevista de quase dez minutos.
Fonte/Foto: Portal DeAmazônia/Alex Pazuello
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