MANAUS - ‘CASO FLÁVIO’ | RECONSTITUIÇÃO CONCLUI QUE MAYC MATOU ENGENHEIRO
Policial daria susto no grupo em condomínio, mas plano
terminou em tragédia
Nesta segunda-feira (18/11), a Delegacia Especializada em
Homicídios e Sequestros (DEHS), realizou
a reconstituição dos fatos que culminou na morte do engenheiro, Flávio
Rodrigues dos Santos, 42, na noite de domingo, 29 de setembro.
Após ouvir depoimentos de todos os envolvidos a
reconstituição do crime conclui que o lutador de MMA, Mayc Vinícius Teixeira
Parede, foi quem assassinou o engenheiro, por volta das 22h30. O crime ocorreu
num descampado fora do condomínio Passaredo, no Tarumã, em Manaus, em que
reside Alejando Valeiko, filho da primeira dama de Manaus, Elisabeth Valeiko.
No depoimento, Mayc Parede confessou o assassinato e disse
que, inicialmente, o PM Elizeu da Paz de Souza, havia se dirigido ao condomínio
somente para dar ‘um susto’ no grupo, devido aos excessos com bebida e
entorpecentes, no apartamento de Alejandro. Mas que no final o ato, não teria
saído conforme planejado, e terminou em tragédia.
PASSO A PASSO
Elielton Magno Gomes Jr, diz em seu depoimento que tudo
iniciou quando Matheus de Moura Martins, o ‘Junior Gordo’, convidou todos
(Flávio e Magno) a irem para casa de Alejandro, no Condomínio Passaredo, bairro
Tarumã, naquele domingo. Também foi junto um amigo deles identificado como
“Pakalolo”. Estavam amanhecidos bebendo e consumindo droga em um bar do Centro.
À polícia, Alejandro confirmou as declarações de Magno e
Júnior. Ele estava em casa, na companhia do cozinheiro Vittorio Del Gatto,
quando recebeu uma ligação de Matheus informando que estava “indo lá” com os
colegas. Por volta das 10h, os cinco chegam no imóvel, no carro de Flávio,
modelo Fox branco. Alejandro não conhecia o engenheiro.
No mesmo período, a portaria enviou uma mensagem via WhatsApp
para o policial militar Elizeu avisando que Matheus e Flávio entraram no
condomínio. Vittorio também entrou em contato com o PM informando que o grupo
estava fazendo “algazarra”.
No final da tarde, Flávio, Alejandro, Matheus e Júnior Gordo
vão para uma 'Rave', no Tarumã. “Pakalolo” não é mais citado pelos envolvidos.
O grupo retorna da Rave ao Passaredo por volta das 21h36, saem por alguns
minutos, compram mais bebida. Magno que já ia embora é convidado a retornar
para a casa de Alejandro.
O PM Elizeu e Mayc Vinícius Teixeira Parede também bebiam em
um bar no Tarumã, quando o militar o convida o amigo para fazer uma ronda num
condomínio.
O PM e MAYC chegam ao condomínio
Vittorio se despede para dormir, mas antes liga novamente
para o PM Elizeu informando que o grupo continuava na sala ingerindo bebida
alcoólica, porém o policial não atende.
O porteiro Juzenildo, da guarita 2, relata no depoimento que
o PM Elizeu chegou ao condomínio por volta das 22h14, acompanhado de Mayc e que
liberou a cancela porque o militar era conhecido. Tinha entrada autorizada.
Em seu depoimento o PM Elizeu declarou que “estava cansado de
ver o que ocorria na casa” (uso de drogas e furtos por parte dos convidados de
Alejandro). Resolveu sair do carro e dar um susto em todos os presentes,
inclusive no Alejandro. Já Mayc narra que o PM estava irritado antes de entrar
na casa após ver que “esse pessoal” estava lá. Ainda conforme Mayc, no carro,
Elizeu disse: “Parede, eu vou dar um susto nesse pessoal, me acompanha”. O PM
veste uma balaclava (máscara) que estava em seu carro, e chama Mayc que estava
trajando um boné branco.
Junior Gordo viu quando um homem se aproximava encapuzado, e
armado, avisou a todos e correu para se trancar no banheiro, de um dos
quartos. O PM se dirigiu a Alejandro e
desferiu duas coronhadas com sua pistola IMBEL .40, de cor preta.
Ainda de acordo com o depoimento, Flávio tenta agredir o PM,
e em seguida é contido por Mayc, que o imobiliza com um golpe de arte marcial
chamado ‘Katagatame’. Com o golpe, Flávio fica desacordado por dez segundos,
logo recobrando a consciência. Ainda segundo Mayc, Flávio teria começado a
gritar.
O PM Elizeu tenta tranquilizar Mayc e diz: “Calma, calma.
Vamos deixar ele lá fora”. Mayc então imobiliza Flávio pelo pescoço e o leva
até o banco de trás do veículo. Para que Flávio parasse de gritar, Mayc usou
uma ‘fita silver tape cinza’. Elizeu e Mayc discutem dizendo que ele teria
feito “muita merda”, e que deixariam o “cara” (Flávio) fora do condomínio.
Antes disso, Mayc Parede já havia travado luta corporal com
Magno, que saiu correndo da casa, até a guarita, com sinais de sangue, para
pedir socorro.
O CRIME
O PM Elizeu e Mayc fazem o retorno sentido aeroporto e entram
na estrada do Tarumã, seguindo na direção do Vila Suíça. Em determinado momento
o policial para o carro, olha para Mayc e diz: “Parede, solta ele”.
Mayc resolve puxar Flávio para fora e soltá-lo longe do
carro. Ele disse em depoimento que adentrou cinco metros com Flávio em um
descampado e ao tentar cortar a fita ‘silver tape’ da parte de trás da cabeça
do engenheiro, Flávio teria reagido, travaram nova luta corporal.
Segundo o lutador de MMA, Flávio ainda atirou uma pedra nele.
Nesse momento, Mayc assumiu em depoimento que desferiu dois a três golpes de
faca em Flávio que ainda estava de pé e que a vítima ainda correu “mais para
dentro do terreno”.
O lutador retorna para o veículo desabafa com PM: “Fiz merda,
acabei com a minha vida”. O PM rebate de imediato: “Tu acabou com a minha
carreira”. Os dois discutiram e Elizeu deixou Mayc a pé no mato.
No condomínio um dos porteiros, vai a casa e encontra
Alejandro no caminho que conta que dois homens encapuzados entraram, um
portando arma de fogo e outro uma faca. Relata ainda que haviam levado seu
amigo [Flávio], mas não sabia o nome.
Segundo o advogado de defesa de Valeiko, Diego Padilha,
Alejandro está colaborando com as investigações, forneceu material para exame
de DNA e autorizou a realização da constituição na casa para que os fatos
possam ser esclarecidos.
Fonte/Foto: Portal DeAmazônia/Divulgação
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