ÀS VÉSPERAS DO DIA DO PANTANAL, GOVERNO LIBERA O PLANTIO DE CANA E COLOCA EM RISCO ÁREAS PROTEGIDAS
No dia
do Pantanal, 12, comitiva vai à Brasília pedir mais atenção para a maior
planície alagável do planeta
No dia 12 de
novembro, data em que se celebra o Dia Nacional do Pantanal, uma comitiva
formada por 30 instituições ambientais estará reunida na Câmara dos Deputados,
em Brasília (DF), para pedir mais atenção para o bioma, que sofre sérias
ameaças à sua conservação. Com a recente notícia de que o governo revogou o
decreto que criou o Zoneamento Agroecológico da Cana-de-açúcar (ZAE Cana) e que
impedia a expansão do cultivo da monocultura na Amazônia e no Pantanal,
ambientalistas e sociedade civil têm mais um motivo para se mobilizarem e
cobrarem ações protetivas efetivas ao bioma.
O ZAE foi um
instrumento importante e um diferencial que abriu portas internacionais de
países com regras rígidas para a produção brasileira, com a garantia de que
seriam seguidos critérios ambientais estritos, fazendo jus à imagem de
sustentável. Mas a revogação deste decreto, segundo analistas do WWF-Brasil,
significa um retrocesso na política ambiental brasileira e “coloca em risco não
só a proteção de biomas frágeis como Amazônia e Pantanal, como todas as áreas
de vegetação natural antes protegidas, principalmente no Cerrado”.
Além da ameaça
da cana-de açúcar, o Pantanal vem sofrendo de forma ímpar este ano com as
queimadas já que foram mais de 8 mil focos até outubro – um aumento de 97% em
comparação com os últimos 10 anos. A área afetada passa de 1 milhão de
hectares, proporções nunca antes registradas. Há indícios de que a ocorrência
dos incêndios na seca seja de origem antropogênica (causada pelo homem de forma
organizada – normalmente prevista em lei – ou desordenada), relacionada ao
desmatamento e reforma das pastagens.
Além do fogo, a
degradação das nascentes, devido ao desmatamento, é uma das fragilidades que
assolam o bioma. Outro grande risco é a instalação de inúmeras Pequenas
Centrais Hidrelétricas (PCHs) no planalto, que afetam diretamente a planície.
Não menos importante é o assoreamento do rio Taquari, um desastre ambiental sem
precedentes no Brasil, que resultou em imensos desertos inundados, onde antes
já haviam sido áreas de pastagens produtivas. O Pantanal corre perigo, por
isso, medidas para sua proteção se fazem urgentes.
Dia do
Pantanal na Câmara dos Deputados
Na ocasião do
evento, no dia 12, serão apresentadas as principais ações de iniciativas e
projetos de conservação, publicações e exibições de teasers de documentários. A
programação ainda inclui o lançamento do site do Observatório Pantanal,
plataforma que reúne informações sobre o bioma nos três países em que está
localizado – Brasil, Bolívia e Paraguai, que poderão ser acessadas pelo público
acadêmico e sociedade em geral.
A data foi
instituída em 2008 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), em homenagem
à morte do ambientalista e jornalista Francisco Anselmo de Barros, que ocorreu
na mesma data, em 2005. Francelmo, como ficou conhecido, dedicou-se durante 25
anos à luta pela preservação do Pantanal.
Fonte/Foto: Dal Marcondes – Envolverde
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