“NÃO HAVERÁ DIA SEGUINTE... O VAZIO DA NOITE, O VAZIO DE TUDO SERÁ O DIA SEGUINTE” ASSIM, NÃO HAVERÁ MAIS PAÍS." ALERTA FOTÓGRAFO ARAQUÉM ALCÂNTARA


"Eu estive lá e vi. E fotografei. Sou testemunha ocular", diz fotógrafo que ganhou prêmio Jabuti e tem 49 anos de jornalismo
A revolta e a dor de um profissional que atua há 49 no jornalismo e na fotografia. Araquém Alcântara é um fotógrafo premiado. Ele ganhou o Jabuti, o maior prêmio literário do Brasil, com quatro livros sobre a floresta e já realizou mais 50 viagens e expedições, no lombo, para a Amazônia. Só o pico da Neblina, em Roraima, Ancântara já subiu duas vezes.
O fotógrafo acaba de voltar da Amazônia e é testemunha ocular da devastação que está ocorrendo na floresta. Em Rondônia, as queimadas já duram 17 dias, sem nenhuma providência do governo federal.
Araquém escreveu um texto e publicou fotos no sábado (17/08), relatando de o que ele chama de a maior devastação da história. "Eu estive lá e vi. E fotografei. Sou testemunha ocular. A Amazônia é a minha matriz criativa. Já foram mais de cinquenta viagens e expedições. Não de avião, mas andando, de mochila nas costas, de barco e de carro. Já subi o Pico da Neblina duas vezes, já pisei onde ninguém pisou [...]. E agora, com os recentes acontecimentos estou cheio de revolta. É preciso elevar o tom."
O fotógrafo questinou o governo Bolsonaro por esnobar investimentos da Noruega e Alemanha para ajudar a manter a floresta em pé. "Como pode o presidente do país suspender apoio financeiro de Noruega e Alemanha- o Fundo Amazônia- que já aprovou 103 projetos no valor de R1,86 bilhão, e já desembolsou R$1,3 bilhão, desde 2008 quando foi criado? O pior é que esse fundo é gerido pelo governo brasileiro. Dinheiro europeu de graça, sob controle do Brasil."
Araquém Alcântara contesta ainda as informações noticiadas pela Imprensa de que o aumento do desmatamento na Amazônia é de 15%, segundo o SAD (Sistema de Alerta do Desmatamento) da ONG Imazon. O fotógrafo defende os dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) de que o desmatamento teve um avanço de 50%.
"Não dá para entender: o Brasil não tem dinheiro para pagar bolsas de estudo e pode não ter dinheiro nem para a alimentação de recrutas. A imprensa noticia que desmate na Amazônia cresceu 15% (5.054 km quadrados em um ano, segundo o SAD (Sistema de Alerta do Desmatamento) da ONG Imazon. O Deter, sistema do Inpe, adotado oficialmente, indica uma porcentagem muito maior, 50% (6.833 km quadrados)”, escreve.
Emocionado, Alcântara faz um alerta e diz que o povo brasileiro precisa cobrar um basta: “a intensificação do desmatamento é real, é coisa objetiva feita por satélites. E o cara (Bolsonaro) diz que os dados não são reais, que não precisamos de dinheiro estrangeiro. Desmatamento livre é o que quer. Assim, como disse o poeta Carlos Drummond de Andrade, “não haverá dia seguinte... o vazio da noite, o vazio de tudo será o dia seguinte” Assim, não haverá mais país."



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Fonte/Fotos: Jonas Santos – Portal DeAmazônia/Araquém Alcântara


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