ALERTA: PESQUISA DA UFPA MOSTRA QUE PEIXES DA AMAZÔNIA ESTÃO SE ALIMENTANDO DE PLÁSTICO
Objetivo de cientistas é descobrir se
o microplástico também está comprometendo a qualidade dos peixes e
consequentemente a saúde da população
Pesquisadores da Universidade Federal do Pará
(UFPA) constataram que várias espécies de peixes estão se alimentando de
microplástico em áreas remotas de um dos mais importantes rios do sudoeste do
Pará. A pesquisa mostrou que até 77% do conteúdo encontrado nas visceras de
alguns pacus não era alimento, mas plástico acumulado.
Além de frutos e plantas, os peixes do rio
Xingu estão se alimentando principalmente de microplástico, partículas
minúsculas de até 5 milímetros, que se espalham pelo rio quando garrafas pet,
sacolas e tecidos sintéticos se desintegram.
A pesquisa foi realizada com 172 peixes,
coletados ao longo de 300 quilômetros. O coordenador da pesquisa disse que a
poluição vem das cidades e de pequenas comunidades banhadas pelo Xingu.
''As altas temperaturas, a forte insolação
podem ser fatores que favorecem a degradação do plástico e, portanto, isso
favorece um aumento do número de partículas de microplástico, que podem depois
ser acessados pelos organismos aquáticos. Quando eu falo em organismos
aquáticos não é somente peixes, mas podem ser também invertebrados e também,
por exemplo, quelônios, recentemente até encontramos microplásticos em
quelônios na Amazônia'' , explicou Tommaso Giarrizzo, professor visitante do
Programa de Ecologia Aquática e Pesca do Núcleo de Ecologia Aquática e Pesca da
Amazônia da UFPA.
A segunda fase da pesquisa está sendo
realizada em Belém, onde a poluição é bem mais visível: esgoto sem tratamento e
muito lixo são despejados nos canais que cortam a cidade e vão parar nos rios
que banham a capital. Considerando que nessas regiões trabalham milhares de
pescadores que abastecem os mercados de Belém e de outras cidades do país, o
objetivo dos cientistas é descobrir se o microplástico também está
comprometendo a qualidade dos peixes e consequentemente a nossa saúde.
Em 2018, um outro estudo, de cientistas da
Universidade de Viena, na Áustria, identificou a presença de nove tipos de
microplástico no intestino de pessoas de oito países da Europa e da Ásia que
comeram peixe.
“Alguns poluentes orgânicos persistentes assim
como metais que uma vez ingeridos podem ser transferidos do microplástico pra o
tecido muscular dos peixes, (...) é possível que esses contaminantes sejam
depois transferidos para os consumidores”, detalha o professor Tommaso
Giarrizzo.
Fonte:
G1 PA Belém
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