APÓS ATAQUES, FORÇA NACIONAL VAI FAZER SEGURANÇA DE AGENTES DO ICMBIO NA AMAZÔNIA
Portaria do Ministério do Meio Ambiente será publicada
nesta quinta
Depois dos ataques
recentes a agentes de fiscalização ambiental que atuam em áreas de desmatamento
na Amazônia, a Força Nacional vai apoiar o trabalho das equipes do Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no país, principalmente
no estado do Pará. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a portaria com
a autorização do envio da Força pelo Ministério da Segurança Pública será
publicada nesta quinta-feira (25).
Segundo a pasta, é a
primeira vez que a Força Nacional reforçará a segurança dos servidores do
ICMBio para combater crimes ambientais. Atualmente, 96 agentes da Força
Nacional já apoiam ações planejadas e em execução do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que também atua diretamente
no combate a atividades ilegais em áreas de conservação do país.
Segundo o ministro do Meio
Ambiente, Edson Duarte, a Força Nacional atuará com o ICMBio inicialmente por
seis meses, prazo que pode ser prorrogado pelo mesmo período se for necessário.
O número de policiais que serão enviados ainda está sendo planejado. A
prioridade será dada para regiões consideradas críticas, como o sul do Pará,
onde a Polícia Militar anunciou a suspensão temporária da escolta dos agentes
do ICMBio na região de Itaituba e Trairão, onde ocorreu o último ataque.
O comunicado do Comando
Geral da PM do Pará foi enviado ontem ao Ministério do Meio Ambiente. O ofício
afirma que a determinação do Comando considerou o aumento da insatisfação dos
colonos da região e o risco à integridade física de policiais militares e
agentes de fiscalização. Segundo a instituição, um policial militar foi morto
em 2016 durante ações do ICMBio. A PM também adicionou o contexto do segundo
turno das eleições como justificativa para suspender o apoio ao Instituto.
“Para não deixar nossos
servidores sem essa cobertura, que é necessária, importante e estratégica no
cumprimento da sua missão, será publicada uma portaria com o acompanhamento da
Força Nacional de Segurança por um prazo de 180 dias, podendo ser prorrogada”,
disse Edson Duarte.
Ataques
O último ataque contra
agentes do ICMBio ocorreu na sexta-feira (19) passada, quando uma equipe foi
ilhada por cerca de sete horas dentro da Floresta Nacional de Itaituba 2 por
protestantes que bloquearam as vias de saída e chegaram a queimar uma das
pontes de acesso ao local. Os servidores só conseguiram sair do local com
escolta da PM.
“Estamos concentrando as
ações ao longo do eixo da BR-163, entre os municípios de Guarantã do Norte,
perto da Base Aérea do Cachimbo, até o município de Santarém e Itaituba. Essa é
a nossa região mais crítica de desmatamento onde a gente vem enfrentando as
maiores dificuldades de atuação. Ao longo do último ano a gente vem sofrendo
várias retaliações principalmente por parte das pessoas ligadas ao garimpo
ilegal na região”, disse o presidente do ICMBio, Paulo Carneiro.
No sábado (20), o alvo foi
uma equipe do Ibama, em Buritis (RO), onde três viaturas do Instituto foram
incendiadas. O autor do crime foi preso e o caso está sendo investigado pela
Polícia Federal.
Além da BR-163, o Ibama
também enfrenta dificuldades para trabalhar no sul do Amazonas, noroeste do
Mato Grosso, na Transamazônica e Terra do Meio. “São as áreas críticas onde o
Ibama combate o desmatamento, em geral, são todas elas perigosíssimas. Ninguém
lá está para brinquedo”, disse o presidente em exercício do Ibama, Luciano
Evaristo.
Segundo o representante do
Ibama, é comum que os conflitos fiquem mais acirrados no contexto eleitoral,
considerando um período de “maior pressão”. “Em todos os anos em que há eleição
existe uma pressão sobre o desmatamento, sejam eleições municipais, federais.
Porque há um comprometimento da política local, que dá um certo incentivo ao
desmatador. “
Além do envio da Força
Nacional de Segurança, uma equipe do Ministério do Meio Ambiente também deve ir
a campo na próxima semana. O ministro Edson Duarte disse que está em constante
diálogo com o ministro da Segurança, Raul Jungmann, para garantir a segurança
dos servidores que atuam nas áreas de conflito e investigar a atuação do crime
organizado e os casos de intimidação, inclusive nas redes sociais.
Duarte garantiu que os ataques
não vão interromper as operações de fiscalização e combate ao desmatamento e
que as ações serão intensificadas apesar das ameaças. Ele ressaltou que a
Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal também estão envolvidas nas
operações.
“Estamos tomando as
providencias necessárias para proteger a vida dos nossos servidores, os nossos
agentes. Mas, que um recado fique dado e muito claro: não vão nos intimidar.
Nós estamos ali cumprindo com nosso dever, e entendemos que é um dever de todos
os brasileiros pela importância que tem as nossas florestas, especialmente a
Floresta Amazônica, que é nosso objeto de luta para combater a ação criminosa,
sem autorização de
desmatamento que ali vem acontecendo”, declarou o ministro.
Denúncias de crimes
ambientais ou de informações sobre suspeitos de ataques aos agentes de
fiscalização podem ser feitas pela Linha Verde do Ibama, pelo número
0800618080.
Fonte/Foto:
Portal Amazônia, com informações e foto da Agência Brasil
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