O DESENHO DO SEGUNDO TURNO
A pesquisa Ibope divulgada
ontem praticamente sacramenta o segundo turno entre Bolsonaro, que vem subindo
gradualmente há um mês e atingiu 28% e Haddad, em ascensão meteórica desde que
encarnou o papel de poste do presidiário, chegando a 19%. De maneira surpreendente,
o cenário de empate quádruplo registrado há duas semanas, esvaiu-se. Ciro caiu
na margem de erro e estaciona em 11%, a uma distância preocupante do segundo
colocado, enquanto Akckmin e Marina derretem com 7 e 6%, respectivamente. O
tracking do BTG/Pactual já havia detectado esse deslocamento da dupla de
líderes, conferindo um pouco mais de intenção de voto ao capitão, que atingiu
33% no começo dessa semana.
A diferença entre os dois
levantamentos está nos índices de rejeição. Enquanto no BTG/Pactual eles são
semelhantes, no Ibope, Bolsonaro tem 41% e estável, contra 29% de Haddad
(subindo 6%). Isso faz com que o capitão derrote o poste por 8 pontos na
primeira e haja empate numérico (40×40) na segunda.
Mesmo com pouco mais de
duas semanas de campanha, tempo suficiente para fatos novos e outras
reviravoltas surgirem, a cada dia que passa, a tendência fica mais difícil de
ser revertida. Também é improvável, mas não impossível, que Bolsonaro liquide a
fatura já no primeiro turno. Para que isso aconteça , ele precisa ganhar pelo
menos mais 10 pontos percentuais, o que implica em crescer ao dobro de
velocidade do que conseguiu no último mês.
Algumas questões
importantes e ainda em aberto, que serão decisivas na definição do desfecho
dessa saga eleitoral:
– À medida que se torna
conhecido, Haddad aumenta sua intenção de votos, e os 19% não surpreendem
quando comparados ao típico patamar de eleitorado petista. Não sabemos ainda
qual é o teto. Isso é importante como ponto de partida para o segundo turno;
– Como efeito colateral,
cresce também sua rejeição, em trajetória claramente ascendente. Agora,
consolidado na segunda posição, o petista irá apanhar como gente grande, e a
tendência é que ela suba ainda mais. Quanto? Se aumentar muito, será azarão na fase
final;
– Estar momentaneamente
fora de combate não tem atrapalhado o capitão, mas o repouso pode ser
prejudicial na curtíssima campanha de três semanas do segundo turno, onde
programas diários de 10 minutos vão requisitar tempo, energia e planejamento de
uma equipe de apoio desestruturada e desacostumada a esse tipo de evento. Do
outro lado do ringue, estarão experts em narrativas fantasiosas e jogo sujo. Do
ponto de vista técnico, a vantagem nesse quesito é petista;
– Qual será o
posicionamento dos vencedores e derrotados no segundo turno? Os finalistas
buscarão apoio ou se contentarão com o isolamento? Os que morrerão na praia
subirão no muro ou manifestarão apoio a alguém? O PT acenará a Ciro, a quem
sorrateiramente traiu, ou manterá sua tradicional postura soberba? E Ciro, se
abrigará sob a tutela do petismo mais uma vez? Do outro lado, indaga-se qual
será o rumo tomado pelo humilhado PSDB, prestes a obter a menor votação de sua
história, fruto de seus próprios pecados: sua elasticidade moral e a frouxidão
com a qual assumiu a posição antipetista. E o que dizer de Amoedo, Álvaro Dias
e Meirelles? Individualmente não terão votações expressivas, mas somados podem
definir a eleição. Caminharão com Bolsonaro? O capitão fará concessões para
admití-los na campanha e posteriormente em um futuro governo?
– Concretizado o segundo
turno entre Bolsonaro e Haddad, o radicalismo terá derrotado a moderação.
Resta-nos saber se ambos esticarão a corda ou partirão para um discurso mais
ameno, já pensando em acalmar os ânimos para o futuro;
– O vencedor desse embate
montará um governo minoritário no Congresso. Para compor maioria, terá que
apelar aos métodos de sempre. Já conhecemos a história…
Nesse momento, acredito em
um leve favoritismo de Bolsonaro. O somatório de intenção de votos à direita é
42%, contra 36% à esquerda e existe ainda um fator incógnito que é o voto não
declarado no capitão, que poderia estar subestimando sua posição atual.
E antes de encerrar o
texto, que buscou ser imparcial na avaliação dos possíveis cenários, registro
aqui o ‘#PTnuncamais‘ como mantra para os próximos 45 dias. Não podemos repetir
a receita que trouxe a pior recessão em 518 anos de história.
Fonte: O
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