EDUCAÇÃO: ESTADOS E MUNICÍPIOS PEDEM FUNDEB PERMANENTE E MAIS RECURSOS DA UNIÃO
Fundo
cobre toda a educação básica, da creche ao ensino médio, é a principal fonte
para o pagamento dos professores da rede pública
O Conselho Nacional de Secretários de Educação
(Consed) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime)
esperam que a próxima legislatura do Congresso Nacional, a ser eleita em 7 de
outubro, torne permanente o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), previsto para
acabar em 2020.
De acordo com o vice-presidente do Consed,
Fred Amancio, “existe consenso” sobre a importância do fundo e “o fim do Fundeb
não é mais uma preocupação”. Segundo ele, “o fundo é uma garantia de recursos
permanentes para a educação”.
Para o presidente da Undime, Alessio Costa
Lima, o Fundeb é a “forma mais descentralizada” de uso de recursos da educação
e assegura autonomia a estados e municípios.
Além de tornar o fundo perene, estados e
municípios querem que a União aumente a complementação estabelecida em lei,
como preveem duas propostas de emenda à Constituição (PECs) em discussão no
Congresso Nacional, uma na Câmara dos Deputados e outra no Senado Federal.
A expectativa de estados e municípios, tratada
nas discussões das duas emendas, é que a União aumente gradativamente os seus
repasses e, em dez anos, a complementação suba dos atuais 10% e alcance entre
30% e 40%.
O fundo cobre toda a educação básica, da
creche ao ensino médio, é a principal fonte para o pagamento dos professores da
rede pública em todo o país e ainda pode ser usado para a manutenção de
escolas, aquisição de material didático e capacitação dos docentes, entre
outras despesas. Em 2017, o Fundeb movimentou R$ 145,3 bilhões (dado do Tesouro
Nacional).
O Fundeb é formado por dinheiro proveniente
dos impostos e das transferências obrigatórias aos estados, Distrito Federal e
municípios (fundos de participação constitucionais). Além desses recursos, a
União faz aporte complementar em alguns estados o que, no ano passado,
representou R$ 13 bilhões. O recurso da União é repassado quando o valor por
aluno no estado não alcança o mínimo definido nacionalmente (atualmente, R$
3.016,17 ao ano).
Em cada estado, os recursos apurados são
redistribuídos conforme o número de alunos das redes de ensino estaduais e
municipais. O Fundeb foi instituído pela Emenda Constitucional nº 53, de 19 de
dezembro de 2006, em substituição ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), criado em 1996.
Fora
da campanha
Apesar do alto volume de recursos mobilizados,
da importância do Fundeb para a educação básica e do impacto nas contas da
União com eventual aumento de repasse, chama a atenção dos representantes das
secretarias de educação e de especialistas a ausência de debate sobre o futuro
do fundo na campanha eleitoral.
“Eu ainda não vi os candidatos falarem
especificamente do Fundeb”, observa Fred Amancio, do Consed.
“Os mecanismos de financiamento da educação
básica deveriam ser uma das prioridades do governo federal. Por causa do
vencimento em 2020, a discussão terá que ser feita em 2019. Infelizmente vem
sendo pouco debatido nesse período eleitoral”, avalia Gabriel Corrêa, gerente
de Políticas Educacionais do movimento Todos pela Educação.
Para Corrêa, “há oportunidades” para o próximo
presidente da República perpetuar o Fundeb e “propor avanços na redistribuição
de recursos”. Ele defende que a complementação da União e a redistribuição nos
estados contemplem a situação do gasto por aluno por município. Segundo ele, a
mudança tem potencial de aumentar em 30% o gasto do Fundeb nos municípios mais
pobres.
Corrêa defende que a União aumente o repasse
de recursos ao Fundeb, mas assinala que é preciso fazer “estudo de viabilidade”
respeitando o desafio fiscal. De acordo com projeção do governo federal, em
2021, as despesas obrigatórias atingirão 98% do orçamento da União.
Controle
social
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) fez estudo sugerindo que estados e municípios invistam, integralmente no
Fundeb, o mínimo constitucional (25% de toda a arrecadação) destinado a
educação. Atualmente, estados e municípios já investem esse percentual em
educação, mas não são obrigados a fazê-lo via Fundeb.
Segundo Camillo de Moraes Bassi, especialista
do Ipea, o Fundeb precisa ganhar mais importância e o aumento de gastos
investidos pelos estados e municípios teria a vantagem de fazer todo
investimento local em educação básica “ganhar controle social e visibilidade”.
Alessio Costa Lima, da Undime, critica a
ideia. “Essa alternativa é boa apenas para a União”, destacando que, sem mais
recursos federais, não haverá como aumentar as matrículas em creches, lema de
campanha de diferentes candidatos.
Fonte/Foto:
AGÊNCIA BRASIL/Reprodução
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