EUA REGISTRAM PROPRIEDADE MEDICINAL DO JAMBU E IMPEDEM PESQUISA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
Pesquisadores
da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) abandonaram três meses de estudos
sobre as propriedades anestésicas do jambu porque uma patente registrada nos
Estados Unidos os impedia de lançar no mercado uma pomada bucal de uso
odontológico. As pesquisas realizadas eram com a substância spilantol, presente
no jambu, vegetal usado na culinária amazônica como ingrediente do tacacá e
pato no tucupi, por exemplo.
Segundo
informações obtidas no departamento de Fisiologia Humana da Ufam, o jambu – planta
típica de regiões de trópico úmido – não existe nos Estados Unidos (EUA). Mesmo
assim, nos sites de patentes encontraram 15 delas registradas nos Estados
Unidos e 34 na Europa.
A
substância spilantol é descrita nessas patentes como apropriadas para uso
anestésico, antisséptico e ginecológico e vendida no mercado até mesmo como
cosméticos. Ou seja, os estudos que descreviam a tecnologia e destinação dos
pesquisadores da Ufam já estavam
descritos pelos americanos desde setembro de 2007
Com
a perda da patente do jambu, o departamento de fisiologia admite que novas
pesquisas agora são realizadas com pelo menos três outras plantas apresentam,
também, alcalóides com propriedades semelhantes ao spilantol. O objetivo é
lançar no mercado um anestésico local, de uso tópico, que elimine a necessidade
da seringa no consultório odontológico. O nome das plantas são mantidas em
segredo para garantir o sigilo do conhecimento até que tenha sido devidamente
patenteada.
O
episódio com o jambu, segundo o departamento, demonstra que o conhecimento
ancestral dos povos da Amazônia precisa ser melhor para que não caia nas mãos
de pesquisadores estrangeiros.
As
propriedades anestésicas do jambu são conhecidas da população local. Suas
folhas e flores são usadas sobre o dente comprometido para aliviar a dor. Esses
conhecimentos estão na internet e deixaram de ser tradicional para ser
universal antes mesmo dos pesquisadores brasileiros estudarem suas propriedades
e patenteá-las.
Spilantol
O
alcalóide spilantol presente no jambu recebeu várias patentes nos Estados
Unidos e Europa para usos diversos, como remédios e cosméticos. Entre os
estudos realizados no exterior com a substância está o que pretende criar um
botox menos tóxico que o produzido pela bactéria botulínica, e causa risco de
morte para as pessoas.
O
spilantol é descrito como um cosmético antirrugas por inibir as contrações dos
músculos subcutâneos, em especial os do rosto, assim como o botox usado no
tratamento de rejuvenescimento.
Outras
patentes registaram o spilantol como substância eficaz no tratamento da queda
de cabelo e no amaciamento da pele, além de possuir propriedades desodorantes.
Uma patente descreve um produto destinado ao banho, que deve ser feito com
bolhas para tratamento de pele e inibindo o surgimento de sardas e manchas.
Outra
propriedade do alcalóide não passou despercebida pelos pesquisadores
estrangeiros, tanto que uma patente registra que o spilantol produziu o fim de
arritmia quando injetado no coração de um coelho.
Fonte: Portal do Holanda
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