FUNAI CONSTATA PRESENÇA DE GARIMPEIROS NA TERRA INDÍGENA NHAMUNDÁ/MAPUERA


A constatação dos exploradores de minérios aconteceu no período de 19 a 28 de mês de março quando uma equipe da Unidade Técnica da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Nhamundá e o coordenador da CTL/PIN, Sérgio Butel, estiveram na Reserva Indígena Nhamundá/Mapuera no Alto Nhamundá abrangendo a região Kaxuyana e Tunayana.
De acordo com a denúncia, os indígenas Hexkariana ouviram barulho de motores e aviões sobrevoando na terra indígena na região do Rio Pitinga e na Cabeceira do Igarapé da Madame, algo parecido com exploração de minérios.
O fato observado na área serviu como alerta aos índios Hexkarianas que prontamente solicitaram apoio da Funai/Nhamundá e Parintins, Polícia Militar e Ibama. A área que possivelmente está sendo explorada ilegalmente é dotada de minérios valiosos, entre eles, ouro, diamante, calcário e bauxita.
De acordo com o indigenista especializado da Funai, Sérgio Butel, não foi possível agentes do Ibama e policiais militares acompanharem a equipe do órgão indigenista. Ele explicou que a Coordenação Estadual da Funai orientou que se a equipe constatasse a presença de garimpeiros e atividade de garimpagem não fizessem contato visual, apenas observasse de longe, fizessem as coordenadas geográficas e um relatório do que foi presenciado na área.
“Saindo do Alto Nhamundá e subindo no igarapé Pitinga durante três dias e ao chegarmos ao local ouvimos barulho de máquinas que provavelmente pode ser de bomba de sucção, além de observamos também a coloração barrenta da água do igarapé que descia”, informou.
O indigenista garantiu que há indícios de atividade de garimpagem porque o igarapé é de água clara e límpida e a equipe da Funai pôde observar a água barrenta descendo. “Esse comportamento da coloração barrenta é indicação de atividade no fundo do igarapé”, disse.
O servidor da Funai reiterou que não foi possível o contato visual dos garimpeiros por falta de segurança, mas o relatório feito sobre o que pôde ser observado na área já foi encaminhado a Coordenação Estadual da Funai para providências.
“Nós sugerimos que seja feito um sobrevôo na região porque não tem como ser outra atividade. É distante de tudo, dentro do território do município de Oriximiná no Estado do Pará. Toda entrada de pessoas ou embarcações é feita pelo Rio Nhamundá, não tem outra maneira e esses garimpeiros provavelmente devem estar descendo de avião porque os indígenas já observaram pequenas aeronaves sobrevoando a região”, comentou.
Butel reafirma que os exploradores descem no local através de monomotor porque na área existe uma localidade que os índios chamam de “campo geral”, um terreno de uma geografia plana, inclusive, os próprios nativos já desceram várias vezes no local utilizando aeronaves.
“A gente aguarda uma posição da Funai Manaus pra realizar o sobrevôo na área e a partir daí se constatada mesmo a presença de garimpeiros a gente vai entrar com a Polícia Federal, Ibama e os órgãos encarregados de fazer a proteção da terra indígena”, declarou.
O temor que uma visualização pessoal entre os índios e os garimpeiros possa ocorrer em razão do clima de hostilidade entre os nativos e exploradores em virtude de um indígena da etnia Kaxuiana no mês de janeiro ter detectado atividade de garimpeira próxima da sua aldeia, acionou as autoridades que foram ao local e retiraram os garimpeiros, porém eles não se intimidaram permanecendo próximo do local.
“O indígena não ficou satisfeito, foi no local onde estavam os garimpeiros. Ele entrou em conflito e assassinou três deles, ficando um clima de hostilidade e por isso nós preferimos não fazer contato visual e pessoal. É um clima ruim, por isso estamos cobrando das autoridades, do Ibama e Polícia Federal uma vistoria mais detalhada e providências necessárias caso seja constatada a atividade de garimpagem no local”, relatou.
Em setembro de 2008, os índios Hexkariana já denunciavam a entrada de garimpeiros na reserva indígena da etnia na região dos Rios Jatapú e Mapuera. Uma ação foi realizada e os invasores foram retirados do local.



Fonte/Fotos: Fernando Cardoso, #PortalParintins/FUNAI


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