22 DEPOIS, SENSAÇÃO DE IMPUNIDADE PREVALECE APÓS MASSACRE EM ELDORADO DOS CARAJÁS, PA
Trabalhadores
Rurais Sem Terra fazem na manhã desta terça-feira (17) um ato político para
lembrar os 22 anos do massacre de Eldorados dos Carajás. O confronto ocorrido
na "Curva do S", no sudeste paraense, deixou 19 pessoas mortas em
1996.
Para
o ato de hoje, que ocorre na praça do Mercado de São Brás, 19 cruzes foram
enterradas com propósito de chamar a atenção da sociedade.
No
ato político de hoje, integrantes do MST vão protestar pedindo a liberação do
ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, preso no último dia 7.
À
tarde, às 17h, acontece de fato o ato ecumênico em lembrança do massacre
considerado o mais violento da história do Pará.
RELEMBRE
O MASSACRE DE ELDORADO DOS CARAJÁS
Foi
na manhã do dia 17 de abril de 1996 que o sangue de 19 trabalhadores rurais
manchou as terras do trecho conhecido como “curva do S”, da atual BR-155, no
município de Eldorado do Carajás, sudeste paraense. Acampados no local há dias,
lavradores exigiam a desapropriação da Fazenda Macaxeira, quando decidiram
marchar pela rodovia em direção à capital paraense.
De
um lado, 1.500 manifestantes munidos com palavras de ordem e suas
características ferramentas de trabalho (foices e facões). Do outro, 150
policiais militares, sem identificação em seus uniformes, fortemente armados e
decididos a não deixar ninguém passar.
Do
gabinete do ex-governador, Almir Gabriel (PSDB), partia a ordem para a
desobstrução da rodovia. O cerco policial foi iniciado com os policiais
comandados pelo Coronel Pantoja, de Marabá, e por uma tropa comandada pelo
Major Oliveira, de Parauapebas.
Não
demorou muito até o manifesto ser palco de um verdadeiro massacre com os
disparos das bombas de gás lacrimogêneo e as munições de revólveres e
metralhadoras totalmente descarregadas. Sem a menor chance de defesa, 19
trabalhadores morreram e 70 ficaram feridos; nenhum dos 150 policiais
envolvidos teve sequer um arranhão.
IMPUNIDADE
Vinte
e dois anos depois, o sentimento de impunidade prevalece. Em entrevista ao
DIÁRIO, o advogado José Batista Afonso, coordenador da Comissão Pastoral da
Terra (CPT), esclareceu a atual situação jurídica do caso. Todos os policiais
que participaram da operação, que resultou no massacre, foram absolvidos pelo
Tribunal do Júri, que ocorreu em Belém.
Apenas
o Coronel Pantoja (258 anos) e o Major Oliveira (158 anos) foram condenados,
não havendo mais recursos para livrá-los das penas decretadas. Foi determinada
ainda a prisão preventiva para que ambos cumprissem a pena estipulada.
Um
levantamento feito pela CPT destaca que foram mais de 800 assassinatos no campo
no estado do Pará e, em contrapartida, foram pouquíssimos os casos que tiveram
punição; em sua maioria, aqueles que tiveram muito destaque na mídia.
“A
impunidade é uma espécie de incentivo a continuidade dos crimes porque quem
vive dessa prática criminosa e não é punido não vai pensar duas vezes em
continuar praticando outros crimes. Então, infelizmente, em relação a situação
do campo no Pará, prevalece esse sentimento de que aqueles que comandam os
crimes dificilmente são atingidos pelo braço da justiça”, declara o advogado
José Batista.
Fonte/Foto: DOL/Cácia Medeiros – RBATV
Nenhum comentário:
Postar um comentário