MAIOR PARTE DA MADEIRA BRASILEIRA EXPORTADA É DE ORIGEM ILEGAL, ALERTA ESPECIALISTA
A Polícia Federal e o Ibama apreenderam 444
contêineres com madeira ilegal que teriam como destino Europa, Estados Unidos e
outros locais do Brasil. O material foi extraído de Roraima, Rondônia e
Amazonas.
De acordo com a PF, a "Operação
Arquimedes" teve como ponto de partida um alerta da Receita Federal sobre
a falsificação de documentos. A apreensão ocorreu na quinta-feira (18) e, caso
fosse possível colocar em linha toda a madeira, seria suficiente para cobrir um
percurso de 1.500 km, quase a distância entre Brasília e Salvador.
A Sputnik Brasil entrevistou Juan Doblas, assessor
do Instituto Socioambiental (ISA), para entender o impacto do desmatamento. Ele
diz que a derrubada de árvores grandes afeta toda a floresta já que elas
funcionam como proteção contra incêndios e outros tipos de degradação.
Doblas diz que todo o setor de exportação de
madeira está "poluído" e que a maior parte das exportações tem
problemas legais.
"A máxima preocupação que temos agora (com o comércio
de madeira) é o que os futuros maiores compradores de madeira são os chineses.
A gente não sabe se eles se preocupam muito com esses padrões éticos", diz
o assessor.
Doblas diz que a madeira que mais chama atenção dos
contrabandistas no momento é o ipê — e esta situação é preocupante porque
as empresas legalizadas do setor não costumam trabalhar com ela. O valor
do metro cúbico do ipê pode ultrapassar US$ 5 mil, diz Juan Doblas.
"O ciclo de crescimento do ipê é de 80 anos,
às vezes 100 anos, até que uma árvore atinja o porte necessário para o corte.
Isso implica em que o manejo do ipê nunca é sustentável porque nenhuma empresa
de madeira vai esperar 80 anos para cortar. Então o que termina acontecendo é
um processo praticamente de mineração de madeira, não é sustentável e afeta a
floresta inteira", afirma o assessor do ISA.
Fonte/Foto: Sputnik News/Wilson Dias – Agência Brasil
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