SOS CURRALINHO
O
arquipélago do Marajó, paradoxalmente uma das regiões mais belas e mais pobres
do Pará e do Brasil, recebeu recentemente uma força-tarefa, em itinerância
fluvial, envolvendo os Ministérios Públicos Estadual e Federal, Tribunal de
Justiça e Governo do Estado, além da Marinha, INSS, Justiça Federal e TRT8, a
fim de minorar a gravíssima situação de seus 500 mil habitantes.
Curralinho,
município com paisagens deslumbrantes, cerca de 40 mil habitantes que vivem
abaixo da linha da pobreza e 147 anos de existência, que se reveza com Melgaço
no título de campeão do triste ranking de pior PIB per capita e,
consequentemente, mais baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do País,
está em situação de flagelo. Não há abastecimento de água, coleta de lixo nem
transporte escolar. Entre as dezenas de obras públicas inacabadas, escolas,
unidades básicas de saúde, sistemas de abastecimento de água, quatro quadras
poliesportivas e uma estrada rural, a Transpiriá.
O
Hospital Municipal é um drama à parte. A estrutura geral está deteriorada, com
forro desabado, esgoto a céu aberto em volta do prédio, banheiros que não
funcionam. Poucas enfermarias são climatizadas, o setor de esterilização não
tem autoclave em funcionamento e a única estufa fecha com um esparadrapo. Os profissionais
de saúde que trabalham lá não têm área para descanso, vários consultórios estão
desativados e há carência de tudo na farmácia e no almoxarifado, desde
anestésicos até oxigênio, passando por medicamentos de uso constante e
antídotos para picadas de animais peçonhentos. A lavanderia da dita Casa de
Saúde também funciona precariamente, com um tanquinho caseiro com capacidade
para 10 kg, o que obriga os pacientes a levarem rouparia de casa em caso de
internação. Na sala de parto, não há iluminação adequada e a falta de insumos
obriga a improvisos do tipo substituir os grampos utilizados no coto do cordão
umbilical por pedaços de borracha. O centro cirúrgico foi paralisado por
problemas estruturais: não existe iluminação apropriada e o leito onde são feitas
as operações está quebrado, apoiado em uma mesa de ferro. Uma calamidade.
Enquanto persiste esse descalabro, os pacientes mais graves vão, de barco, para
o município mais próximo, Breves - a 180 quilômetros -, numa viagem que pode
demorar quatro horas.
Tudo
isso foi denunciado ao procurador da República Felipe Moura Palha já expediu
pedidos de esclarecimentos e recomendações à prefeita Maria Alda Aires da
Costa, que deve enviar ao MPF cópias dos procedimentos administrativos e as
licitações das obras inacabadas, contratos das empresas responsáveis, bem como
os cronogramas de finalização e desembolso de obras do Minha Casa, Minha Vida,
de asfaltamento das ruas da cidade, de duas academias ao ar livre, duas
estações de tratamento de água, 19 escolas públicas, quatro unidades básicas de
saúde, três quadras poliesportivas, quatro creches e uma unidade de saúde
flutuante que está pronta, mas não atende a população por problemas
burocráticos.
A
prefeitura de Curralinho também terá que regularizar o transporte e a
alimentação escolar, em prazos de 30 e 120 dias, respectivamente.
Fonte/Foto: Franssinete Florenzano em
uruatapera.blogspot.com.br/ Rodolfo Oliveira
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