EXPORTAR PRA QUÊ?
- por Lúcio Flávio Pinto (*)
O
Pará foi o quarto Estado brasileiro em saldo positivo de divisas no primeiro
semestre deste ano, com 4,7 bilhões de dólares no balanço entre importações e
exportações. Metade dessa contribuição positiva às contas nacionais foi dada
por Parauapebas, o município que mais fornece moeda forte ao país, graças ao
saldo de US$ 2,2 bilhões de dólares nos primeiros seis meses de 2016. O
município foi também o quinto maior exportador brasileiro no primeiro semestre.
Do
ranking nacional participaram outros municípios paraenses: Barcarena (em 15º
lugar), Marabá (39º), Canaã dos Carajás (108º) Oriximiná (150º), Belém (163º),
Paragominas (170º), Ourilândia do Norte (172º), Curionópolis (187º) e Castanhal
(208º). Eles são os 10 maiores municípios exportadores do Pará.
No
primeiro semestre, os 60 municípios do Estado que exportaram, propiciaram ao
caixa do Banco Central o ingresso de 5,4 bilhões de dólares.
Apesar
desse desempenho no comércio exterior, o Pará é o 16º do Brasil em IDH (Índice
de Desenvolvimento Humano) e 21º em PIB per capita. Os índices sociais são
ainda mais assustadores.
Ao
contrário do slogan do governo federal na época da ditadura, exportar não é o
que importa quando consolida relações de troca desiguais. Quem exporta produtos
primários (as commodities) tem que aumentar o volume da produção para ganhar
mais, embora esse mais seja proporcionalmente inferior ao menos de produção de
bens industrializados. Com o inconveniente de que alguns desses produtos não
são renováveis.
O
que vai, não volta. O que volta não dá para pagar o que vem. E assim o Pará
continua a crescer como rabo de cavalo: para baixo.
- * Lúcio Flávio Pinto
é jornalista profissional desde 1966. Percorreu as redações de algumas das
principais publicações da imprensa brasileira. Durante 18 anos foi repórter em
O Estado de S. Paulo. Em 1988 deixou a grande imprensa. Dedicou-se ao Jornal
Pessoal, newsletter quinzenal que escreve sozinho desde 1987, baseada em Belém.

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