DESTINOS: LENDAS, RIOS E FESTAS FAZEM DE SANTARÉM, NO PARÁ, DESTINO TURÍSTICO ALTERNATIVO NA AMAZÔNIA
![]() |
| Pôr do sol no rio Tapajós, e Solar dos Brancos, em Santarém, oeste do Pará. |
Santarém
até parece história inventada por pescador. Possui um "litoral" de
águas doces e inacreditáveis areias finas, sendo considerado o Caribe
brasileiro; anualmente, relembra, no ritmo do carimbó, a curiosa história do
boto sedutor de moças do norte; e, todos os dias testemunha a disputa exibida
das águas dos rios Tapajós e Amazonas pela melhor posição, em frente à cidade.
Esses
e outros atrativos amazônicos encabeçam a extensa lista de opções turísticas
que o visitante encontra nesse destino paraense, localizado a 836 km de Belém,
capital do Estado. O destino e seus preços convidativos são, sem dúvida, uma
alternativa para os viajantes que sonham em conhecer regiões amazônicas do
Brasil.
Aquelas
terras tapajônicas são tão exclusivas que, há mais de 20 anos discute-se a
separação da região do Tapajós do restante do Pará, uma iniciativa que, se
aprovada em plebiscito, garante ao oeste do Pará a criação de um novo Estado
brasileiro.
Mas
enquanto a emancipação não vem, a cidade continua surpreendendo quem chega.
Ainda
do avião, é possível avistar a sequência de igapós e igarapés que recortam os
dois principais rios da região, além de uma inusitada paisagem de praias de
água doce que, em certas épocas do ano, deixam à mostra suas brancas areias
finas.
Há
décadas, os olhares de viajantes estrangeiros estão voltados para aquele visual
que, em 2009, concedeu ao balneário Alter do Chão o título de praia mais bela
do Brasil, segundo avaliação do jornal britânico The Guardian.
Não
se pode negar a beleza e a boa estrutura turística dessa antiga vila hippie, a
36 km do centro da cidade. Mas Santarém, considerada a Pérola do Tapajós,
encontra-se na confluência desse rio e do Amazonas, o que lhe garante outro
atrativo de peso: o "Encontro das Águas".
As
águas mais quentes do rio Tapajós e a alta velocidade do percurso do Amazonas
são responsáveis pelo encontro, por um longo trecho, desses símbolos da região
sem que seus tons de azul e marrom se misturem. Em alguns horários do dia, é
possível assistir, de camarote, não só a seu encontro, mas também a
"dança" daquelas águas que se empurram ou se retraem diante do rio
"adversário". Em alguns momentos, o Tapajós expulsa o Amazonas para
longe do calçadão e em outros, o dono da região é o maior rio do planeta.
No
entanto, nem só de imagens de visual sagrado se faz o turismo de Santarém.
Anualmente, a região é palco da profana Festa do Sairé, uma mistura de
manifestações religiosas e sensuais apresentações alegóricas. O momento mais
esperado do evento, que acontece em Alter do Chão, é a competição dos botos
Tucuxi e Cor de Rosa, uma espécie de carnaval fora de época baseado na festa
dos bois de Parintins, no vizinho Amazonas.
Emocionantes
procissões cantadas em latim abrem a festa santarena, realizada na segunda
semana de setembro. Conhecida como "Busca dos Mastros", a abertura
religiosa entoada pelas ruas da vila anuncia o início dessa festa com duração
de cinco dias, cuja programação inclui ladainhas, apresentações de carimbó e a
concorrida disputa entre os botos dos dois grupos folclóricos locais, realizada
no Sairódromo.
O
evento tem mais de 300 anos de tradição e remonta à época em que os índios
boraris, antigos habitantes da região, organizavam rituais de boas-vindas aos
colonizadores portugueses.
Aliás,
não é de hoje que a região tapajônica tem seus pés fincados em Portugal. Conta
a lenda local que Santarém, fundada em 1661, ainda na condição de aldeia, é uma
referência a uma cidade lusa chamada Santa Irene que, por aproximação fonética,
transformou-se em Santarém. Não só no Brasil, como na Europa.
Antes
desses visitantes europeus, povos pré-colombianos também passaram pela região e
deixaram suas marcas em bem elaboradas cerâmicas e muiraquitãs, um sapo
esculpido em uma pedra verde e que servia como amuleto para prevenir doenças e
a infertilidade das mulheres. Conhecidos como Tapajós, aqueles índios habitaram
a região de Santarém, até o século 17, e vieram para dar vozes a outras
histórias indígenas como as da cobra de fogo conhecida como Boitatá, do garoto
Caipora e do boto sedutor.
Nem
a imaginação fértil dos velhos pescadores ribeirinhos seria capaz de inventar
tão boas histórias como as que se ouvem (e se veem) na Pérola do Tapajós.
Fonte/Foto: viagem.uol.com.br/Eduardo
Vessoni


Nenhum comentário:
Postar um comentário