UMA HISTÓRIA: COMO A ADEPARÁ AJUDOU FAMÍLIA A REENCONTRAR FILHO QUE ERA DADO COMO MORTO
No
meio do ano de 2014, o paraense Eduardo da Silva de Andrade do Nascimento vivia
um momento limítrofe de sua vida. Ainda muito jovem, com 24 anos, ele acabara
de sair de uma clínica de reabilitação por causa do vício em drogas e estava
sem rumo. A presença de uma meia-irmã, por parte de mãe, em sua casa em Castelo
dos Sonhos, município de Altamira, convidando-o a seguir com ela era o que
queria. Por mais que nunca antes tivessem se visto, a possibilidade de um
recomeço em outra cidade o animou. Foram poucos dias em Caxias (MA) até que
tivesse que viajar. Em Águas Lindas, em Goiás, a irmã o abandonou e levou
consigo os documentos do irmão. Lá começaram os dois anos perambulando pelas
ruas, sendo mais um anônimo que vagueia pelas grandes metrópoles até que,
quando a esperança já não existia, começou a segunda história de sua vida.
"Na
rua, você não existe para ninguém", lembra Eduardo, em meio a um quase
onipresente sorriso que varia entre a euforia da nova vida e o amargor de
lembrar-se dos dias amargos, tempo em que voltou a flertar com o consumo de
álcool e drogas, o que o havia levado anteriormente à reabilitação. No começo
de julho, nas ruas de Brasília (DF), ele era mais um a receber alimento e
abrigo de voluntários, do tipo que existe em várias cidades. Em um desses
encontros, ele começou a falar e sua história chamou a atenção dos três amigos
que havia pouco tempo começaram a ajudar nas vias da capital federal. Não tinha
nem um mês que Hermes Ribeiro da Silva, Rubens Tomé e Leandro Lacerda, que se
conheceram na Igreja Adventista do Sétimo Dia, faziam trabalho voluntário. A
história de Eduardo chamou a atenção.
"Boa
noite. Você não me conhece, mas vi na página da Adepará que você trabalha lá.
Sou de Brasília e preciso muito que alguém do órgão localize a família de um
morador de rua que aqui encontramos. Ele foi abandonado pela irmã e deseja
muito retornar para casa, em Castelo de Sonhos, município de Altamira. Será que
você pode me ajudar? O nome dele é Eduardo da Silva Andrade". A mensagem
de Rubens, postada no perfil no Facebook da Agência de Defesa Agropecuária do
Estado do Pará chamou a atenção. Coordenador de comunicação do órgão e com
experiência de quem morou no sul do Pará, Josué Cidade foi quem fez o primeiro
contato e o responsável em dar partida a uma corrente do bem.
O
diretor geral da Adepará Luciano Guedes, o Vice-Governador Zequinha Marinho,
Polícia Civil do Pará e do Distrito Federal, a deputada federal Júlia Marinho,
servidores de vários órgãos se organizaram numa corrida para arranjar os
documentos perdidos e organizar o retorno. O primeiro passo, feito pelos
servidores da Gerência Regional de Altamira, foi encontrar os pais de Eduardo e
viabilizar novos documentos. Menos de 20 dias depois, uma agonia de um filho
dado como morto parece chegar ao fim, com a volta dele a Belém para uma breve
parada antes de retornar de vez a Castelo dos Sonhos.
Brasília - Depois de descoberto como um morador de rua, Eduardo foi
acolhido na casa do microempresário Hermes Ribeiro da Silva. Com a esposa e os
dois filhos do novo amigo, Hermes dividiu o espaço não tão amplo com o novo
morador. "Eu o levei para casa para passar um dia apenas, mas ele passou a
ser quase mais uma pessoa de casa. Para ser sincero, só pode ter sido coisa do
Espírito Santo", lembra o empresário, que junto com outros voluntários e
membros da Igreja Adventista para a região Centro-Oeste fizeram uma coleta para
a passagem de vinda à capital paraense.
No
novo endereço, Eduardo ganhou roupas novas, um corte de cabelo e, praticamente,
amigos que fora quase novos parentes. Com a fala mansa, ele não se furta a
falar dos dias de sem teto. A fala só fica mais breve quando conta do abandono
por parte da irmã, que levou seus documentos e, posteriormente, disse aos pais
que ele havia morrido. Tudo é dito como um resumo bem feito. Mas, em nenhum
momento parece haver uma entonação que denote mágoa. "O Dudu é assim,
mesmo com todos os problemas que teve e os que se meteu, sempre foi tranquilo,
de bom coração. Tenho certeza que ele não a odeia", diz Raíza, a irmã mais
nova que veio a Belém para levá-lo para a Fazenda Bom Jesus, na comunidade na
Esperança 4, para reencontrar os pais.
A
chegada pode ser a oportunidade de uma vontade dos últimos dias. "Não
conheço ninguém que está me ajudando, mas a vontade era de abraçar a todos.
Tinha dois anos que eu não sabia o que era sorrir e agora eu nem consigo parar
de sorrir", diz Eduardo. “Agora, é um recomeço para mim. Quero voltar para
casa, rever meus familiares, ajudar meu pai nos afazeres do sítio e procurar um
emprego”.
Fonte/Foto: adepara.pa.gov.br
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