ESPECIAL: COSTUMES E CULTURA DA TRIBO WAI WAI EM ORIXIMINÁ, OESTE DO PARÁ
"Wai wai não é apenas uma tribo de silvícolas ou de um povo
desconhecido, que segundo alguns adotariam costumes antropofágicos, mas
detentores de uma língua que por muitas décadas foi vista como raiz etimológica
no idioma indígena brasileiro".
A
tribo Wai wai tem sido constantemente noticiada em rede nacional pelos mais
variados tipos de mídia, não por serem um povo desordeiro ou por trazerem
sempre um questionamento sócio político, mas pelo carisma que este povo tem em
receber os mais diferentes tipos de pessoas que vem conhecer a sua cultura, suas crendices e sua língua
A
tribo Wai wai não tem uma localização precisa, pois como as suas origens nos
dão a conhecer eles foram vistos pela primeira vez na Guiana Inglesa e por conseguinte estes ou
os seus irmãos passaram para o lado
brasileiro fincando moradia nas terras do estado do Amazonas e Pará.
O
jeito de ser o Wai wai é peculiar e organizado, sua moradia era do tipo
comunal, ou seja, uma única oca que abrigava a todos os residentes e era sempre
fincada próximo a um igarapé, em cima de uma área de terra levemente inclinada
para facilitar a irrigação e a produção agrícola por vários anos, por assim
vimos a organização deste povo.
Seguiam
uma hierarquia aonde o cacique era o governador, o pajé era o médico e o
segundo em aconselhamento e, por conseguinte os mais velhos que ajudavam na
administração da tribo.
Os
índios que se identificam e são identificados como Wai wai encontram-se
dispersos em extensas partes da região das Guianas. São falantes, em sua
maioria e de linguística Karib. Constituíram-se a partir de processos seculares
da troca entre redes de relações na região. Em tal rede, são historicamente
reconhecidos como especialistas no fornecimento de sofisticados raladores de
mandioca, papagaios falantes e cães de caça.
Têm
fama até os dias de hoje de grandes viajantes em suas expedições em busca de
enîhnî komo “povos não vistos”.
Os
Wai wai estimam atualmente segundo o último senso cerca de 2.914 indios,
distribuídos nos estados brasileiros do Amazonas, pará, Roraima e Guiana
inglesa. Estes dominam além de sua língua nativa, a língua portuguesa
(brasileira) e a língua inglesa. É muito comum encontra-los em
Nhamundá-Mapuera, no oeste do Pará.
Fazia
parte da cultura deles a troca de mulheres capturadas de outras aldeias,
consideradas como troféus de guerra. Com a chegada dos holandeses que
colonizaram o Suriname, antiga colônia nas Guianas, os índios estabeleceram
este mesmo tipo de relação, trocando mulheres por artigos europeus. Os
holandeses se utilizaram desta prática para conseguir com que os índios, ao
invés de trazer mulheres, capturassem os escravos negros fugidos.
A era capitalista dos Wai wai
Todos
os trabalhos são divididos, mas as mulheres passam a maior parte do dia
entregues ao processamento da mandioca. Todas conhecem métodos anticoncepcionais
para o equilíbrio populacional com o ambiente. São aplicados e sempre ocupados
com algum trabalho. Fazem lido artesanato que leva muitos dias ou até semanas
para conclusão. Os homens são hábeis cesteiros onde incluem desenhos de animais
ou traços geométricos.
As
mulheres se especializam em cerâmica e adornos de semente, miçangas e penas
coloridas de pássaros.
Eles
produzem para o comercio, fazem do seu oficio o meio de sobrevivência, não se
usa tanto o dialeto mãe, mas foram
"assolados" pelos valores culturais do homem branco, o
capitalismo é uma ferramenta que o novo Wai wai disponibiliza e não si importam
em serem chamados de “moderninhos”.
A
tribo em consenso organizou em uma associação que os índios Wai Wai conseguiram
comercializar a castanha do Brasil (castanha do Pará) extraído da floresta
amazônica a preços mais competitivos. “Antes, a gente vendia para o primeiro
atravessador que aparecesse na calha do rio e era ele que estipulava o valor do
produto”, conta Genilson Wai Wai, presidente da Associação do Povo Ye´kuana do
Brasil (APIW).
A
entidade é formada por 106 famílias que moram nas reservas Wai Wai e Trombeta
Mapuera, localizadas nos municípios de São Luiz, São João da Baliza e Caroebe,
em Roraima.
A
extração do fruto típico da Amazônia é uma tradição entre os índios Wai Wai. O
problema estava na hora de comercializar o produto: os indígenas esbarravam na
má vontade dos compradores, que alegavam desconformidade sanitária da castanha
oferecida, como problemas de contaminação por bactérias. Sem alternativa, os
Wai Wai acabavam vendendo a semente por um preço bem abaixo do mercado.
Para
mudar essa realidade, o SEBRAE, por meio do programa Territórios da Cidadania,
a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Fundação Nacional do
Índio (FUNAI), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Ministério do
Desenvolvimento Agrário passaram a atuar em parceria na reorganização produtiva
da extração e venda da castanha na região. “O projeto começou em 2010 e passou
por três etapas. Em dois anos, o preço pago pela saca de 50 kg subiu de R$ 50
para R$ 130”, conta Ariosmar Mendes Barbosa, analista-técnico e coordenador de
Projetos Estratégicos do SEBRAE em Roraima.
As
ações foram realizadas com base em três pilares: uso de tecnologia com
implantação das boas práticas de manejo da castanha; melhoria da gestão com
foco na organização comunitária e controle de custos, com adoção de modelo de
compras coletivas; e parceria para a comercialização. O presidente da
associação dos produtores reconhece que as mudanças exigiram esforço. “Foi
difícil mudar os costumes que vêm de muito tempo”, relata Genilson.
Cuidados e tecnologia a serviço do índio
As
mudanças começaram no primeiro estágio de produção, que requer cuidados antes,
durante e depois da coleta do fruto na floresta.
Os
índios aprenderam como evitar a contaminação das amêndoas por fungos que
provocam uma doença chamada aflatoxina, altamente tóxica e incidente em diversos
alimentos como milho, amendoim, trigo, nozes, leite, aveia e feijão.
A
contaminação pode ocorrer ainda na mata. Por isso, os índios foram orientados a
limpar o solo em torno das árvores e a retirar os cipós que envolvem os
troncos. Mas não é tudo. Depois de colhidas, as castanhas são lavadas e
expostas ao sol para secagem. Só então estão prontas para a comercialização.
“Esses cuidados garantem a qualidade sanitária e agregam valor ao produto”,
afirma Ariosmar Mendes.
da
Redação
Nenhum comentário:
Postar um comentário