DESMATAMENTO AUMENTA 51% NO PARÁ, ALERTA IMAZON




Crescimento de 51% entre agosto de 2015 e junho deste ano se concentrou no oeste
O Sistema de Alerta do Desmatamento do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), cujo boletim será divulgado hoje, apontou um aumento de 51% no desmatamento no Estado de agosto de 2015 a junho de 2016 – 966 km², se comparado ao índice registrado no mesmo período anterior – de 492 km². O aumento dos índices do desflorestamento motivou uma reunião, ontem, entre os secretários de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Luiz Fernandes, e do Programa Municípios Verdes (PMV), Justiniano Netto, que discutiram novas estratégias para conter o desmatamento no Pará. “Recebemos os alertas do Imazon mensalmente, até com antecedência. Aí os encaminhamos para as prefeituras para que sejam verificadas as ocorrências no âmbito municipal, mas também fazemos todo o acompanhamento dos casos pela Semas. Algumas das áreas apontadas pelo boletim já haviam sido detectadas pela fiscalização de campo e até tinham sido embargadas, mas o alerta serviu para reorientar a fiscalização”, pontuou o titular da Semas, Luiz Fernandes Rocha.
Embora os dados sejam preocupantes, a dinâmica do desmatamento ainda se concentra na região oeste do Estado, ao redor de Novo Progresso e Castelo dos Sonhos, principalmente em áreas federais. Nas áreas estaduais, o principal foco ocorre na APA Triunfo do Xingu, que fica entre São Félix do Xingu e Altamira. A Semas está com uma operação intensiva na região da APA, já tendo realizado, apenas durante o mês junho, 138 autuações e 16 mil hectares de áreas embargadas.
“Os números do SAD são, de certo modo, contrários à tendência de queda que estávamos constatando até então, pois o Pará vinha apresentando diminuição de cerca de 20% do desmatamento até o mês de maio/2016.”, declarou o secretário do PMV, Justiniano Netto.
Uma equipe técnica foi formada para discutir os dados e fazer comparativos com outros sistemas de verificação do desmatamento, como o Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real (Deter) e o Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), ambos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
À frente do grupo estão as Diretorias de Fiscalização (Difis), de Geotecnologia (Digeo) e de Meteorologia e Hidrologia (Dimeh), da Semas. Sobre as causas da abertura de novas áreas, não é descartada a influência das queimadas no aumento dos índices. Mais comuns nessa época do ano, elas criam um ambiente mais propício para o desmatamento.
Dentre as ações previstas para conter o desmatamento está o redirecionamento das equipes em campo, o embargo das áreas onde ocorreram as atividades ilegais e a responsabilização dos infratores. “Os sistemas servem para indicar a tendência e a dinâmica do desmatamento. É importante ressaltar também que não houve, da parte do Estado, qualquer afrouxamento da fiscalização ou da política ambiental. Estamos com diversas equipes do setor de inteligência da Semas em campo, combatendo a extração ilegal de madeira e o desmatamento”, destacou Luiz Fernandes.
Segundo Justiniano, os índices levam à confirmação de uma nova configuração de ação dos desmatadores. “Os desmatadores estão agindo no período de inverno para tentar escapar de serem pegos por conta das nuvens, aí fazem um desmatamento seletivo. Apenas quando dão o corte final que o sistema consegue detectar. A gente acredita que com a desarticulação da quadrilha que foi presa  pela operação ‘Rios Voadores’, recentemente deflagrada pelo MPF, Receita Federal e Ibama, nos próximos meses, os números tendem a melhorar”, concluiu. Já estava agendada para a próxima terça-feira, 26, reunião entre Fórum dos Secretários de Meio Ambiente da Amazônia Legal com o ministro José Sarney Filho, na qual o Governo do Pará pretende abordar o tema e propor a necessidade de intensificar as ações conjuntas de combate ao desmatamento.

Fonte/Foto: O Liberal/Oswaldo Forte

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