PLANTAS AMAZÔNICAS: DE INSETICIDAS A ANTIOXIDANTES
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| Copaíba, Jenipapo e Cuieira: três das doze espécies vegetais pesquisadas |
Trabalho recente do grupo
de pesquisa “Produtos Naturais Bioativos da Amazônia”, coordenado pelo
professor Leopoldo Clemente Baratto, do Instituto de Saúde Coletiva (Isco) da
Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), obteve resultados promissores
com espécies vegetais que poderão ser utilizadas para o tratamento de úlcera
gástrica, inibição de radicais livres e extermínio de pragas em cultivos de
hortaliças.
Foram analisadas doze
plantas de uso popular: cuieira, jucá, breu-branco, jenipapo, jambo, copaíba,
sucuba, oiticica, corama, escada-de-jabuti, amor-crescido e crajirú.
As informações sobre a
pesquisa foram publicadas no site da Universidade. Em laboratório foram
produzidos extratos dessas plantas, os quais foram testados em diversas
concentrações. O extrato das folhas da cuieira mostrou-se como ótimo inseticida
e o das folhas da copaíba, como aliado no combate a doenças.
Na Amazônia, há cerca de
1,5 milhão de espécies vegetais catalogadas pela ciência, algumas delas com
propriedades medicinais que desconhecemos.
Inseticida natural
Thamiris Alencar, aluna de
Farmácia da Ufopa, participou do Programa de Mobilidade Acadêmica na
Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde realizou análises para verificar
quais extratos seriam capazes de eliminar o pulgão-da-couve, uma praga comum em
plantações de couve-manteiga.
A estudante teve grande
surpresa com a cuieira, uma espécie nativa da América Central que se adaptou
muito bem na Amazônia e é usada popularmente, como o próprio nome indica, na
produção de cuias: “Os que se destacaram mais foram cinco extratos,
principalmente o da cuieira, que teve uma mortalidade de 100%, até mais que do
inseticida comercial, cuja eficácia é de 85%. Os demais apresentaram acima de
90%”. Os outros aos quais ela se refere são a escada-de-jabuti, jucá, jenipapo
e sucuuba.
A intenção é continuar a
pesquisa por meio do fracionamento dos extratos, a fim de descobrir quais são
as substâncias presentes nas folhas responsáveis pelo efeito inseticida. O
desenvolvimento de um inseticida natural seria uma boa alternativa na
agricultura, pois seria menos nocivo do que os sintéticos: “Reduz-se a
contaminação da hortaliça com agrotóxicos e evita-se a contaminação ambiental.
Isso é uma forma de melhorar a qualidade do produto que vai ser comercializado,
além de agregar valor a uma planta aqui da região”, esclarece Leopoldo.
Outra pesquisa, realizada
na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) por Juliana Nascimento, também
aluna do curso de Farmácia da Ufopa, detectou os extratos mais eficientes no
combate a úlceras e aos famosos radicais livres, que são moléculas que podem
atacar células saudáveis do organismo e desencadear uma série de doenças, como
câncer e envelhecimento precoce.
Foi necessário simular em
laboratório o ambiente ácido do estômago para identificar quais extratos
conseguiriam inibir a Helicobacter pylori, principal causadora de úlceras
estomacais, e a urease, uma enzima que facilita o desenvolvimento da bactéria.
Além disso, em testes preliminares, observou-se que a maioria das plantas
estudadas era rica em compostos fenólicos, como flavonoides e taninos,
moléculas que, conhecidamente, têm ação antioxidante potencial.
A folha da copaíba – e não
o óleo, que é mais popular – e a escada-de-jabuti tiveram os melhores
resultados em ambas as análises. A oiticica e o jambo também se mostraram bons
antioxidantes e antiulcerogênicos.
Segundo Baratto, o fato de
alguns extratos não apresentarem resultados positivos não significa que não
tenham as propriedades investigadas. “Talvez aquela metodologia utilizada não
seja adequada para medir o potencial ou aquele extrato estava muito
concentrado, teria que ser fracionado”.
Outras pesquisas estão em
andamento no grupo, envolvendo sete alunos de graduação e a análise de várias
espécies amazônicas. Para o professor, a urgência de estudos como esses se faz
necessária na nossa região: “A Amazônia vem sofrendo um processo de degradação,
de exploração irrestrita que está levando a extinção de muitas espécies. Há
muitas plantas que devem ter um potencial medicinal, mas que vão ser extintas
antes de serem estudadas”, conclui Leopoldo.
Fonte/Foto:
DOL


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