MOTIVADA PRINCIPALMENTE PELA CRISE, UMA LOJA É FECHADA A CADA DOIS DIAS EM MANAUS-AM
Com prejuízo acumulado nas vendas e os altos custos de
impostos, empresários foram obrigados a fecharem as portas
No Amazonas – assim como
em todo o território brasileiro – o número de empresas fechando as portas em
2015 apresentou uma alta significativa em comparação ao ano anterior. Foram
2.998 empresas de vários segmentos que deram baixa na Junta Comercial do Estado
do Amazonas (Jucea), sendo aproximadamente 200 lojas fechadas no comércio
manauara.
A informação é da Câmara
dos Dirigentes Lojistas de Manaus (CDLM), constatando que a quantidade de
estabelecimentos que faliram é 70% mais alto que em 2014.
“Esse número pode ter sido
expressamente maior, se compararmos as lojas que encerraram as atividades, mas
ainda não legalizaram sua situação na junta comercial”, destaca o presidente da
CDLM, Ralph Assayag. A estimativa é que o cenário perdure por mais um tempo,
“pelo menos durante todo esse ano, chegando a uma estabilidade econômica apenas
em 2017”, disse.
Motivos
Assayag destaca que não há
estudo sobre os reais motivos da crise aque atingiu o setir, no entanto, “sem
dúvida, o despreparo de alguns empresários em administrar seus negócios é um
fator que faz parte desse cenário”, destaca.
Ele considera a burocracia
do Estado para com os empresários e os custos de manutenção de um negócio como
agravantes. “Manter o quadro de funcionários com todo os direitos legais,
pagamentos de impostos, alvarás, é um desafio constante também na vida do
empreendedor”, afirma.
Carlos Albuquerque também
faz parte da estatística. Empresário do setor de material de construção há 12
anos, ele encerrou sua personalidade jurídica em novembro do ano passado.
“Fornecíamos materiais para uma construtora que tinha sede em Manaus. No
entanto, ela (a construtora) encerrou suas atividades em junho. Com isso,
tivemos queda em 61% no volume de vendas. Optamos por encerrar a empresa e
investir em outro setor mais adiante”, lamentou.
Segundo o economista Igor
Gonçalves, os números apresentam apenas o reflexo de instabilidade econômica
brasileira. “Um empreendedor arriscar nessa época enquanto sua receita diminui,
não é uma maneira inteligente de superar a crise”, justifica.
Quase 100 mil lojas fecham
Um estudo realizado pela
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), demonstra
que essa é a maior crise registrada pelo varejo nos últimos 15 anos, com
fechamento líquido de 93,4 mil lojas com vínculo empregatício em 2015.
De acordo com a
Confederação, o fechamento das lojas está diretamente associado à queda no
volume das vendas.
Os ramos que mais tiveram
prejuízo por conta das condições de crédito, foram: materiais de construção
(-18,3%), informática e comunicação (-16,6%), móveis e eletrodomésticos
(-15,0%). Em termos absolutos, no entanto, hipermercados, supermercados e
mercearias foi o segmento que teve a maior redução no número de lojas.
Blog: Expedito Junior,
proprietário da CLA Manaus
Devido o altos custos de
manutenção, como aluguel e impostos, o
proprietário da rede de lojas CLA, em Manaus,
optou por encerrar duas filiais em 2015. “Uma podemos considerar que
teve uma relação com o momento de crise. O empresário tem que entender que é
mais viável diminuir a sua estrutura e permanecer no mercado, do que encerrar
totalmente as suas atividades. A crise é passageira”, destaca o
empreendedor. Para sobreviver a crise, o
empresário enxugou o quadro de funcionários e adotou um novo modelo de negócio.
“É desmotivante manter uma empresa no Brasil”. A rede de lojas com unidades no
Centro e shoppings é especializada em artigos de cama, mesa e banho.
Em números
2998 empresas foram
encerradas na Jucea-AM em 2015. Dessas 2628 eram firmas constituídas por um
único dono; 346 empresas do tipo Ltda;
18 Eireli; 2 cooperativas; e 4 de outras modalidades. Do lado inverso,
foram abertas nesse ano, 5091 novas empresas.
Fonte/Foto:
Saadya Jezine – A Critica/Clóvis Miranda


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