SUFOCO: EM BELÉM, GREVE DOS BANCÁRIOS GERA INSATISFAÇÃO



Clientes de bancos reclamam de filas e falta de atendimento. Lotéricas ficaram lotadas
Quem precisou realizar transações bancárias ontem teve que ter muita paciência para enfrentar longas filas nos caixas eletrônicos das agências e casas lotéricas em Belém. Com a deflagração de greve por período indeterminado pelos bancários de todo o país, sobraram poucas alternativas para os correntistas, que não pouparam reclamações.
O aposentado Luis Roberto Assis, 71, gosta de manter as contas sempre em dia e ontem teve dor de cabeça para pagar algumas delas em uma agência bancária. “Perdi as contas de quanto tempo estou esperando nessa fila. O cidadão de bem, que quer honrar com suas obrigações, tem que enfrentar essa humilhação”, frisou.
O universitário Carlos Alberto Campos, 21, precisava abrir uma conta bancária para ser admitido em uma vaga de estágio. Com a greve, ele se sente prejudicado. “Estou preocupado porque uma das exigências para esse estágio é ter conta no banco para fazer o depósito das bolsas. Como não tem nem previsão de quando o serviço vai retornar, não sei se ainda vou conseguir segurar essa vaga”, lamentou.
Alguns funcionários nas portas das agências informavam os clientes sobre a greve e orientavam sobre as alternativas para realizar as transações. Segundo eles, é notório a insatisfação dos clientes, mas até o momento não houve registro de confusão. “Muitas pessoas ficam irritadas com essa situação, porque precisam do serviço, mas não houve nenhum conflito com clientes”, afirmou um bancário que não quis se identificar.
Ainda na manhã de ontem, grupos de bancários realizaram mobilizações em frente às agências de instituições públicas e privadas da avenida Presidente Vargas e na Caixa Econômica Federal da avenida Governador José Malcher, no bairro de São Brás. Segundo os trabalhadores, a intenção era informar sobre a luta da categoria aos clientes e a alguns profissionais que ainda não aderiram à greve.
ALTERNATIVA
Na tentativa de escapar da demora do atendimento nas agências bancárias, muitos clientes procuraram as casas lotéricas como uma alternativa, mas também encontrou longas filas.
A camareira Roseane Silva, 43, precisava sacar a última parcela do seguro desemprego e teve dificuldades para ter acesso ao benefício. “Procurei a casa lotérica porque achei que seria mais fácil do que nas agências, que estão em greve. Nem sei se o dinheiro caiu na conta. Estou há horas aguardando ser atendida, mas o atendimento está péssimo. Tem muitas pessoas para poucos atendentes. Aí fica essa confusão”, reclamou.
Segundo a atendente de uma casa lotérica localizada na avenida 16 de Novembro, no bairro do Comércio, Silvia Rodrigues, 25, o maior fluxo nas loterias é registrado a partir do dia cinco de cada mês, que é quando vence a maior parte das contas de lojas. “Com a greve, o fluxo de pessoas aumentou ainda mais. São pessoas que vêm para sacar, transferir, pagar, e retirar benefício”, comentou. Com a superlotação das casas lotéricas e da agências, a doméstica Carmem Lúcia Souza, 44, precisou pedir dispensa do trabalho para sacar o Bolsa Família. “A população que mais precisa é a que mais sofre. Uma greve dessas afeta todo mundo. Já avisei no trabalho que se eu for hoje, vou chegar atrasada. Espero que eles se decidam e acabem com essa greve logo”, afirmou.
Segundo a assessoria de comunicação do Sindicato dos Bancários, a última rodada de negociação foi no dia 25 de setembro e não há previsão para uma nova reunião com a Fenabran. O que foi suspenso foi o atendimento das agências, mas é possível realizar transações nos caixas eletrônicos, pela internet ou por telefone.

Fonte/Foto: O Liberal/Igor Mota

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