BANDAS ESCOLARES MANTÊM VIVA TRADIÇÃO QUE TRANSFORMA GERAÇÕES PELA MÚSICA
As bandas escolares mantêm viva uma tradição que já
faz parte da história e do imaginário paraense, e que ganha destaque na Semana
da Pátria
Quem nunca se encantou com
aquelas bandas que, em datas festivas, desfilavam e marchavam pelas ruas da
cidade com seus reluzentes instrumentos e coreografias bem ensaiadas? Essa imagem
certamente faz parte da lembrança de muitos moradores da capital e do interior
do Estado. As conhecidas bandas escolares mantêm viva uma tradição que já faz
parte da história e do imaginário paraense, mas se engana quem acha que esse é
apenas um registro que ficou no passado. Hoje, muitas crianças e adolescentes
ainda enxergam no aprendizado da música uma possibilidade de crescimento e
investimento no futuro, tanto pessoal quanto profissional. E o despertar da
vocação começa cedo, muitas vezes motivado pela existência das bandas formadas
dentro das escolas.
O maior exemplo de sucesso
do trabalho que integra educação e arte por meio da música é contado há 143
anos pela Banda de música da Escola Lauro Sodré. Inaugurada em 30 de março de
1872, a mais antiga entidade de ensino e prática da música instrumental do Pará
resiste ao tempo e às dificuldades e segue com a missão de atender, atualmente,
cerca de 120 alunos com idade média entre 8 e 18 anos, com o objetivo dar
oportunidade de acesso à vivência musical, contribuindo para a formação e
capacitação de novos instrumentistas.
Os frutos das atividades e
dos investimentos feitos na banda da Escola Lauro Sodré podem ser vistos a cada
nova apresentação, a cada nova história de prestígio e reconhecimento, dentro e
fora do Pará. Tombada pelo Patrimônio Histórico Cultural do Estado em 2003, a
banda já ganhou mais de 70 prêmios em concursos municipais, estaduais e
nacionais e já profissionalizou, ao longo de sua trajetória, cerca de dois mil
músicos.
Dedicação – Para o maestro
Silas Borges da Silva, regente do grupo há 30 anos, a importância da música e
de trabalhos como os desenvolvidos pela banda vai muito além dos muros da
escola. “A música aproxima o ser humano. Leva o ser humano à uma reflexão, à
uma análise de mundo. Ela é transformadora. E a música quando aplicada desde a
infância, nos primeiros anos de vida, tem todo o potencial para formar
excelentes cidadãos. Ela ensina disciplina, cuidado com os horários, com os
estudos, dá um foco. A música auxilia muito no crescimento do cidadão”,
ressalta.
Vindos, em sua maioria, de
comunidades carentes e escolas públicas, os alunos que integram a Banda Lauro
Sodré e as demais bandas escolares existentes no Pará levam alegria à população
e reforçam a tradição,
transformando a música em
meio de vida e alimentando o sonho de construir sólidas carreiras ao auxiliar e
repassar conhecimentos a outras crianças e jovens.
É o caso do professor de
saxofone Nilson Mousinho. Ex-aluno da Banda Lauro Sodré, Nilson teve contato
mais próximo com a música aos 15 anos de idade e fez dela a trilha da carreira
profissional. Estudou e, após se formar e se tornar técnico em saxofone, voltou
para dar aulas aos integrantes do grupo. Há 15 anos na função, o professor diz
que se identifica com as histórias e sente orgulhoso em acompanhar a trajetória
de vários de seus alunos. “É um prazer muito grande educar esses garotos desde
o começo e vê-los depois dentro de uma universidade. É muito gratificante”,
comenta.
Oportunidade – O sonho de
proporcionar aos jovens um futuro melhor por meio do ensino da música nas
escolas é o que também move os organizadores e componentes da banda sinfônica
da Escola Estadual Avertano Rocha, em Icoaraci. Completando 52 anos em 2015, a
banda desempenha um trabalho social com os alunos e a comunidade do bairro do
Cruzeiro. A escola abre suas portas, todos os anos, para crianças e
adolescentes que queiram aprender mais sobre as teorias e a prática da
musicalização. Tudo de graça.
O som de clarinetes,
flautas, saxofones, tubas, pratos e demais instrumentos já é comum a todos e
integra a rotina quase diária dos ensaios. Os 50 participantes da banda, alunos
do ensino fundamental e médio, além de crianças e jovens moradores do bairro,
aprendem melodias, leitura de partituras, técnicas coreográficas e se preparam
com motivação para as muitas apresentações em concursos e festivais durante
todo o semestre, além das apresentações e desfiles em datas especiais como o
Dia da Pátria, no mês de Setembro.
João Batista Souza, atual
coordenador do grupo que também começou como aluno, como verdadeiro entusiasta
do projeto, relembra com satisfação a caminhada de sucesso da banda sinfônica e
diz que a música faz toda a diferença na vida dos antigos e dos atuais alunos.
“Hoje temos médicos, engenheiros, professores, que já passaram pela banda da escola
Avertano Rocha. Vários pais e responsáveis já falaram comigo e agradeceram pela
oportunidade que foi dada aos seus filhos com o trabalho desenvolvido na banda
e através da musicalidade estimulada pela escola. Dentro da banda, nós somos
uma família. Nós choramos e sorrimos juntos. E são esses valores que os alunos
levam para dentro de suas casas”, enfatizou.
Contagiada pelos sons, a
jovem Railana Ferreira, 19 anos, é uma das integrantes dessa “família” e já
sabe bem o que quer para o futuro. A escolha vem de berço. Irmãos e primos da
jovem também têm afinidade com a música e participam do projeto. Mestre de
percussão da banda Avertano Rocha há dois anos, a estudante trabalha como
professora no grupo e conta como a música ajuda na própria formação. “A música
me ajudou muito. Antes, eu não era nada. Hoje, eu vivo da música, eu trabalho
da música”, afirma.
A origem das bandas de
música remonta ao período do Brasil colonial. A maioria foi organizada, desde o
início, por iniciativas do poder público. No Pará, as bandas escolares recebem
incentivos da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e agradam toda a
população nos locais por onde se apresentam. A secretária Gisele Teixeira,
moradora de Icoaraci, comenta que acompanha os ensaios das bandas que desfilarão
nas marchas escolares pelas ruas do distrito e gosta do trabalho que vê e ouve.
“Acho que reforça a nossa cultura. É uma forma de preservar a identidade do
nosso Estado. É um trabalho muito interessante”, afirma.
Fonte/Foto: Tammy
Assunção - Instituto de Gestão Previdenciária do Estado do Pará – Agência Pará
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