ARTIGO PARA LER, RELER E MEDITAR: “TENHO PENA DO PAPA FRANCISCO”
-
por Padre Raimundo da Silva Dico
Tenho
tanta pena do Papa Francisco. Pobre Papa Francisco! Pois, segundo os “Doutores
da Lei e fariseus hipócritas” (Mt 23,1-36), (D. Aldo PAGOTTO (Brasil), D.
Robert VASA (EUA) e Dom Athanasius SCHNEIDER (Casaquistão) Prefácio do cardeal
Jorge Arturo MEDINA Estévez), o Papa Francisco é o principal “fautor de
confusão” na Igreja, por conta do seu “enigmático silêncio” e emprego abusivo
de “palavras-talismãs” tais como: “Pessoas
feridas”, “misericórdia”, “acolhimento”, “ternura”, “aprofundamento” “perdão”...
Esses “são exemplos de palavras que podem sofrer um uso unilateral e simplista
e, nesse sentido, ter uma espécie de efeito talismânico, diz o opúsculo”. Neste
caso, Jesus deveria estar completamente errado, pois ele não parecia se
importar com o ‘emprego errado’ de tais palavras; ele as empregou, as testemunhou;
Ele as encarnou. Com efeito, esses ‘fariseus hipócritas’ já haviam dito que
Jesus fora inspirado pelo “príncipe dos demônios” (Mt 9,34). Não deve ser
diferente com o Papa Francisco. Agora, esses fariseus hipócritas – proprietários
do Espírito Santo, e achando-se mais ‘iluminados’ do que o próprio Jesus – já se
anteciparam ao Sínodo da Família (Roma, outubro 2015), com um “catecismo”
intitulado “Opção Preferencial Pela Família”. E os ‘discípulos’ dos ‘fariseus
hipócritas’ já iniciaram, na internet, uma campanha a favor do referido
‘catecismo’ e da “Família Tradicional”.
Se
você conhece um pouco da história geral, não ficará escandalizado de saber que a
figura dos que “filtram o mosquito e engolem o camelo” (Mt 23,24), é recorrente,
isto é, comum, também, na história da religião de todos os tempos. E sempre que
aparece um como o Papa Francisco, que é incapaz de “de quebrar a cana rachada e
de apagar a pavio que ainda fumega” (Is 42,3; Mt 12,20), cuja ‘justiça’ tende a
superar a desses fariseus hipócritas (MT 5,20; 9,12-13; 11,1-8), eles ficam
todos em estado de “pavorosa perturbação” ao modo de Herodes, quando soube do
nascimento de uma simples Criança Redentora (Mt 2,3.7-8). Em prontidão, e
armados com todo tipo sofismas ortodoxistas, “fecham o Reino de Deus” aos
outros (filhos transviados 1Sm 20,30), porque eles próprios não conseguem adentra-lo
(Mt 23,13.15).
Eles
não puderam entrar no Reino de Deus, apesar de suas ortodoxias, mas conseguiram
o poder, a púrpura, a carreira político-eclesiástica, pois eram exatamente
essas coisas que lhes interessavam. Eles não conseguiram compreender o que
significa: “Bem aventurados os misericordiosos, porque alcançarão
misericórdia”, mas conseguiram se apossar das “chaves do Reino de Deus”, no
qual eles não entram nem deixam os outros entrarem. Eles não conseguiram alcançar
a “estatura de Cristo” (Ef 4,13), mas conseguiram o que ambicionavam: tradições
enferrujadas e mofadas, precisando de ‘lixamento’ e de outro “aggiornamento” – modernidade?
Não. Porém, atualidade. Com efeito, os ‘doutores da Lei e os fariseus
hipócritas’ de ontem e de hoje nunca conseguiram se colocar no lugar do outro (Fl
2,6-11) – o que equivale a ser ‘justo e misericordioso’; só conseguiram a
glória externa do poder sem humanidade. Sua capacidade não vai além da defesa
cega, fundamentalista e intransigente de dogmas, tradições e ortodoxias
desumanas e obsoletas. Eles entendem tudo da letra morta, e nada do Espírito
que vivifica (2Cor 6,3; Jo 6,63). Esses egoístas inveterados entendem tudo da
matéria morta (culturas, tradições, legalismos) que encadeiam, mas não entendem
nada da “Gloriosa Liberdade dos Filhos de Deus” (Rm 8,21), tampouco ensinam
como alcança-la, pois eles mesmos não sabem.
Há
séculos que essas tradições, ortodoxias e dogmas reclamam humanidade e atualidade.
Há um enorme débito de humanidade e atualidade para com a massa de cristãos que
não apenas crê, mas vive as mais diversas e adversas situações, por vezes
contra a sua vontade. Esses egoístas purpurados – enfurnados em seus gabinetes
– não fazem a menor ideia do que acontece, por exemplo, a um pai de família que
tem de trabalhar pelo sustento, educar os
filhos e cuidar da casa; como disse nosso amado Papa, “Eles merecem o
Prêmio Nobel”.
A
mulher adultera, a Cananeia, o Filho transviado, Zaqueu, os famintos, os
lunáticos, a “ovelha perdida”, os pobres de hoje não têm a menor chance com
esses fariseus hipócritas. O “zelo” deles pela “tradição de homens” aumenta na
proporção em que diminui a compaixão e a misericórdia deles pelos “filhos de
Deus dispersos” (Jo 11,52), exatamente como outrora. Eles escandalizam os
‘pequeninos de Deus’ (Mt 18,14; 25,45; Mc 9,42) com suas obsessões por poder,
glorias e uma boa imagem de verniz moral-social. Somente os que lhe são
semelhantes se sentem atraídos pelo seu cristianismo e aderem as suas
campanhas. Entretanto, o que está em jogo não é qualquer ortodoxia ou tradição,
mas Humanidade, Misericórdia e Compreensão.
Se
entendo alguma coisa do Santo Evangelho de Jesus, a ‘Família Tradicional’ é a Comunidade dos Discípulos: “Estes é que
são meu pai, minha mãe e meus irmãos” (Mt 12,50). “Onde estiverem dois ou três
reunidos em meu nome, eu estarei com eles” (Mt 18,20). A ‘Família Tradicional’ só pode ser uma ‘Família Espiritual’; aquela onde
se pode vivenciar e exercitar o amor fraternal, solidário, universal e
incondicional; mil vezes maior do que o amor afetivo-sexual-procriativo,
quase individual – “serão uma só carne”
(Mc 10,8), logo, tendenciosamente egoísta. O amor afetivo-sexual é
cumulativo-quantitativo, repleto de expectativas egoístas um para com o outro. O
casamento é uma forma de amenizar esse mal. Ele reúne o casal, aumenta a prole,
mas não forma, necessariamente, a “Família”. A Família verdadeira é
essencialmente a Comunidade Eclesial.
É exatamente desta Família que os “escribas e fariseus hipócritas” – os que, na
verdade, deveriam exercer o amor paternal – expulsam e deixam de fora os
“Filhos de Deus dispersos”. “Moeda”, “ovelha”, “filho perdido”; o que importa
isso? Assim eles se associam aos “lobos que atacam as ovelhas”, já
enfraquecidas pelo poder atrativo da sociedade (Jo 10,12), do qual eles mesmos
são possessos. Os Mandamentos de Deus não são importantes, importante são suas
tradições (Mt 15,3; Mc 7,8). A Escritura pode ser anulada, revogada, mas a
ortodoxia rígida e excludente deles, jamais. A Vontade de Deus de que “ninguém
se perca” (Mt 18,14; Lc 15,4) pode ser preterida a favor do “fermento dos
fariseus” e de seus caprichos ortodoxistas (Mt 16,6; Mc 8,15).
Quando
Jesus reuniu os doze, ungiu-os e recomendou-os, a seu próprio exemplo, que
pregassem a Boa Nova aos pobres; que proclamassem liberdade aos presos e
recuperassem a vista aos cegos; que libertassem os oprimidos e proclamassem o
ano da graça do Senhor (Lc 4,18-21). Não foi – de jeito nenhum
– para serem curadores de museus, gerentes de instituições caducas nem
patrocinadores de ‘tradição de homens’.
Quando João manda seus discípulos perguntar se era Ele
o Messias, Ele os manda ver o que está acontecendo: “Os cegos veem, os
aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são
ressuscitados e a boa nova é pregada aos pobres; e feliz é aquele que não se escandaliza por causa mim" (Lc
7,22-23); quer dizer, feliz é aquele que não transforma a Ação de Deus em
erudição sofisticada, em orgias teológicas para fundamentar seus caprichos
petrificados. Jesus não era um filósofo, menos ainda um erudito hipócrita. Ele
era Mestre. Ele não tinha cátedras-gabinetes nem alunos; tinha uma Comunidade
de Discípulos-seguidores (A Família). Ele não ensinava, Ele dava Exemplo.
Se
as palavras do Papa Francisco, por exemplo, “Quem
sou eu para julgar!”, são
“palavras-talismãs”, frases de efeito, “pensações de meras “vivencias”
subjetivas”, como dizem esses fariseus hipócritas, então vamos a algumas
“palavras-talismãs” de Jesus, às
quais eles têm por obrigação filosófica, teológica, moral e ética de
considera-las assim: “mero sentimento subjetivo” de Jesus.
Lc 12,14 – Homem, quem me designou juiz ou árbitro
entre vocês?
“Quem sou eu para julgar!” (Papa Francisco, na viagem
de volta do Brasil para o Vaticano, referindo à disposição da Igreja para com
os homossexuais).
Mt 5,1–7,1-29 – Todo o “Sermão da Montanha” deve
ser, para esses hipócritas, um compendio de sentimentalismos de Jesus.
Mt 11,15 – "Eu te
louvo, Pai, Senhor dos céus e da terra, porque escondeste estas coisas dos
sábios e cultos (eruditos), e as revelaste aos pequeninos.
Lc 19,9 – Hoje a salvação entrou
nesta casa! Porque este homem também é filho de Abraão.
Mt
8,10 – Digo-lhes a verdade: Não encontrei em Israel ninguém com tamanha fé.
Lc 7,47 – Portanto, eu lhe
digo que os muitos pecados dela lhe foram perdoados, pelo que ela muito amou.
Mas aquele a quem pouco foi perdoado, pouco ama.
Posso
encher páginas inteiras de “falácias” de Jesus, e esses fariseus hipócritas
sabem disso.
De
minha parte eu suplico meus amigos, não participem da campanha nem do “sínodo” antecipado
(Opção Presencial Pela Família) desses “Doutores da Lei e fariseus hipócritas”,
que não entram no Reino do Céu nem permitem que os outros entrem. Vamos apoiar
o nosso Papa Francisco que quer abrir as portas – se não do Reino de Deus – pelo
menos as da nossa santa Igreja, para que todo o seu Rebanho, tanto os sãos
quanto os doentes tenham nela o seu Abrigo seguro aos pés do Senhor Jesus Cristo
(Jo, 6,68; 2Sm 22,31; Sl 36,7; 57,1), apesar dos hipócritas de todos os tempos.
Oxalá os santos possam ficar curados com nossas ‘doenças’ e os doentes possam ‘adoecer’
ainda mais com suas sanidades.
---------------------------------------------------------------------------------
Pe.
Raimundo da Silva Dico

Nenhum comentário:
Postar um comentário