GOVERNO JÁ TEM PROJETO DE TRANSPOSIÇÃO DO RIO AMAZONAS PRONTO, DIZ JOSÉ MELO
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| Pelo projeto idealizado pelo governador José Melo, a água do rio Amazonas seria transposta de um ponto entre os Municípios de Parintins e Breves, no Pará |
'Transportar água é a coisa mais fácil do mundo.
Precisamos só de tubos e bombas de recalque', disse o governador, ao afirmar
que o Amazonas lucrará com operação
Pelo projeto idealizado pelo governador José Melo, a
água do rio Amazonas seria transposta de um ponto entre os Municípios de Parintins
e Breves, no Pará
Estudos realizados do
Serviço Geológico do Brasil (CPRM) apontam que apenas 1% da vazante do Rio
Amazonas pode acabar com a seca no
Nordeste e Sudeste do País. Ontem (4), o governador do Estado, José Melo
(Pros), afirmou que apresentará o projeto
oficial à presidente Dilma Rousseff. “Transportar água é a coisa mais fácil do
mundo. Precisamos só de tubos e bombas de recalque”.
A declaração foi dada
durante apresentação dos projetos de infraestrutura que estão sendo executados
pelo governo estadual. A ideia, segundo José Melo, é que haja uma compensação
financeira pelos benefícios prestados. O recurso poderá ser recebido por meio
da Lei Estadual de Serviços Ambientais,
que será votada ainda este ano.
“De quebra, quando essa
água for transportada, o povo amazonense terá sua compensação pela retirada do
bem que é nosso. Esta é uma saída para a crise hídrica e o Brasil teria que
pagar um preço ao Amazonas e a um pedacinho do Pará, pois essa água será
retirada entre os municípios de Parintins (AM) e Breves (PA)”, pontuou.
Melo citou, ainda, as
obras do poliduto da Rússia até a Europa Oriental como exemplo de que, no
Brasil, o projeto é viável. “Há 50 anos
fizeram um poliduto saindo da Rússia até o mar da Turquia. Foram mais de seis
mil quilômetros de distância. Eles construíram a obra em meio a ventos de 60
km/h, com 40 graus negativos de temperatura e rompendo montanhas. Por que não
podemos levar água para o Brasil se não temos temporais, gelo, nem nada? É tão
simples”, enfatizou.
De acordo com o CPRM, 1%
da vazão do rio Amazonas – que corresponde a aproximadamente dois mil metros
cúbicos por segundo de água –
equivalente a todo o volume do rio São Francisco, que passa por cinco
Estados e 521 municípios.
O rio Amazonas possui, em
disparado, o maior fluxo de água por vazão. Segundo Melo, a intervenção não
causará impactos negativos. “Mandei fazer um estudo para verificar os impactos
ambientais. Eu tinha uma preocupação em falar disso e os cientistas irem
contra. Mas ficou comprovado que esse 1% de água seria suficiente pra abastecer
o Sul, Sudeste e Nordeste brasileiro sem nenhum impacto. É um volume
insignificante considerando o bem que vai fazer pro Brasil”.
Cientistas desaprovam
Alguns cientistas
discordam da alternativa. Para o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (Inpa) Philip Fearnside, o problema não é o 1% da água tirada do
rio Amazonas, mas sim a energia que seria necessária para bombear o recurso hídrico.
“O trajeto envolve subida
de altitude. Diferente de petróleo, a água tem que ser transportada em volume
muito maior, e o valor por metro cúbico é muito menor, fazendo com que fique
economicamente bem menos viável do que polidutos na Rússia. A energia para as
bombas teria que vir de algum lugar, provavelmente de hidrelétricas, que tem
grandes impactos”, analisa.
Crise mundial
A demanda cresce, o clima
muda, e os preços sobem. Os problemas de oferta e demanda de alimentos é um dos
mais discutidos atualmente. Para o governador José Melo, a solução de
transportar água para poderá influenciar
positivamente até a crise mundial de alimentos.
“Olhando o fato de que o
Brasil, nos próximos anos, será responsável por 25% de todo alimento que o
mundo vai precisar, e considerando que é nos alimentos que se gasta 70% da água
doce que se utiliza nesse País, e se essa água já está escassa, então tem que
levar o recurso de onde tem”, ressaltou.
Análise: Antônio D.
Nobre
Instituto Nacional de
Pesquisas espaciais (Inpe)
“Não faz o menor sentido”
“Um canal terrestre da foz
do Amazonas até São Paulo, com algo em torno de 3 mil km de extensão e tendo
que vencer grandes desniveis, faz brilhar cifrões dourados nos olhos das
grandes empreiteiras. Com o maior rio da terra fluindo na Amazônia - refiro-me
ao rio Voador de umidade - não faz o menor sentido pensar em usar enormes
recursos financeiros da sociedade e incríveis quantidades de energia para fazer
a transposição de água do Amazonas por terra. A ameaça real ao rio aéreo, que
pode estar ligada à seca em outras regiões, chama-se desmatamento. Muito mais
barato será estancar o desmatamento e
replantar florestas”.
Pacote de obras de US$ 825 mihões
O governador José Melo
apresentou os projetos de infraestrutura
que estão sendo executados no Amazonas, como intervenções no sistema viário,
infraestrutura da Cidade Universitária e duplicação da AM-010. Segundo ele,
US$ 825 milhões serão investidos em obras e projetos em tramitação,
sendo a maior parte dos investimentos destinados à obras do Prosamim.
Questionado sobre um dos principais objetivos do programa, que é a
requalificação dos igarapés, Melo informou que esta fase faz parte da última
etapa. “Até 2018 nós terminaremos as intervenções
e lá na frente, quem vier nos suceder, terá a imcubência de fazer a última
etapa em todos os igarapés, que são as implantações das usinas recicladoras
para termos rios de águas límpidas”.
Os investimentos na bacia
do São Raimundo somam U$ 280 milhões do BID e US$ 120 milhões de contrapartida
do Estado e contemplam obras em cinco bairros – Aparecida, São Raimundo,
Glória, Presidente Vargas e Centro – que devem beneficiar, de forma
direta, 4 mil famílias que somam quase
20 mil pessoas. No interior, ele citou
as obras do Programa de Saneamento Integrado de Maués (Prosai Maués) e anunciou
que pelo menos 10 municípios precisam de intervenção do Prosamim”.
Fonte/Foto:
Luana Carvalho – ACRITICA.COM/Arquivo


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