NOVA PRESIDENTE DO IBAMA QUER AFROUXAR REGRAS DE LICENCIAMENTO
Órgão se alia à setor
elétrico para simplificar processo de licença ambiental e destravar grandes
empreendimentos, aumentando risco de impactos
Há
duas semanas, em sua primeira entrevista como nova presidente do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
Marilene Ramos reconheceu que os processos de licenciamento ambiental são
lentos e que excessos são cometidos nas análises para autorizar obras.
É
fato que a posição da presidente do Ibama apenas reproduz o alinhamento entre a
ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira e o setor elétrico nacional.
Assumindo a tese do empresariado, a ministra observou no 1º Encontro do Fórum
de Meio Ambiente do Setor Elétrico, em outubro de 2013, que pelo menos 80% das
decisões relacionadas ao licenciamento estão ligadas a questões sociais e que
apenas 20% abordam problemas ecológicos.
Marilene,
na mesma linha, amplificou o debate: “tudo tem de ser analisado com critério,
mas de fato temos de fazer uma requalificação do licenciamento, retirando
certos excessos e complementando lacunas que, muitas vezes, recaem numa agenda
muito mais voltada a temas de desenvolvimento social do que ambiental".
No
entanto, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu
recentemente multar os empreendimentos gerenciados pelos consórcios
de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio pelos atrasos na entrega de energia. As
empresas se defenderam, responsabilizando as greves e atrasos nas licenças, mas
a Aneel não aceitou os argumentos. Segundo o órgão regulador, as empresas usam
a licença ambiental como desculpa nos momentos convenientes.
Para
Danicley Aguiar, da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil, isso faz parte
da estratégia para dar como fato consumado a retirada dos impactos sociais do
escopo do licenciamento. “Isso seria retroceder ao tempo em que social e
ambiental eram escritos de forma separada”, critica ele.
A
grande maioria dos impactos de natureza social não estão ligados única e
exclusivamente ao contexto social histórico das regiões em questão. “Com esse
posicionamento, o Ibama corrobora com a tese absurda de que tais impactos são
fruto das distorções sociais presentes nas regiões que receberam ou receberão
projetos de usinas hidrelétricas ou linhas de transmissão, como se estas obras
não produzissem qualquer impacto de natureza social”, defende Aguiar.
Resposta
firme
Nesta
quarta-feira, dia 3 de junho, as entidades representativas dos servidores da
Carreira de Especialista em Meio Ambiente, associados ao Ibama, publicaram um
abaixo assinado expressando, segundo eles, "estranheza, indignação e
apreensão" após a leitura da entrevista de Marilene Ramos.
O
texto Licenciamento ambiental: o barato e rápido sai mais caro para
todos pode ser lido na íntegra aqui.
Fonte/Foto: Greenpeace
Brasil/Marizilda Cruppe
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