DEUS E A SELVA
É fácil ter fé em Deus
quando se mora na cidade. O velhinho de coração defeituoso faz uma delicada
cirurgia e, ao receber alta, credita a cura a Deus. A casa pega fogo, chamam-se
os bombeiros, todos sobrevivem, e Deus recebe os agradecimentos. A família faminta
recebe doação de alimentos, e novamente Deus é louvado na missa. Nas cidades o
homem pede a Deus, mas recorre ao homem.
Na solidão da selva a
relação com Deus é necessariamente diferente. Se alguém for picado por uma cobra venenosa, não há fé capaz de
salvá-lo. Caso a onça resolva atacar, a melhor das rezas é também a mais
inútil. Sozinho na Amazônia a sobrevida depende apenas do indivíduo. É preciso
estar atento aos perigos da mata, encontrar alimento e água, buscar um pouso
seguro ao anoitecer e é preciso manter a atenção constante para não se perder
na imensidão da floresta.
Com outras palavras, na
selva não há nada de específico para pedir a Deus, somente força, destreza e
coragem. Nas cidades os pedidos a Deus são diversos e variados, desde a cura
duma gripe a uma televisão nova, enquanto, na selva, resumem-se ao reforço às
qualidades do homem. Na cidade, Deus transformou-se em uma espécie de amuleto
da sorte. Na selva, Deus é o reencontro do homem com a essência da vida.
Fonte/Foto: leia
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