A CORRUPÇÃO FEDE. O CORRUPTO, POR EXTENSÃO, FEDE MAIS.
A corrupção é podre, é putrefacta, contagiosa,
excrementosa. É tudo isso e muito - muito mais
A corrupção fede. O
corrupto, por extensão, fede muito mais. A corrupção é podre, é putrefacta,
contagiosa, excrementosa. É tudo isso e muito - muito mais.
Relembrem-se, a propósito,
observações que o papa Francisco recentemente fez durante viagem a Nápoles, na
Itália. Num de seus discursos mais duros, ele afirmou que “a corrupção é suja”,
que “uma sociedade corrupta é uma porcaria” e que aquele que permite a
corrupção não é cristão e também “fede”.
“Quanta corrupção há no
mundo. (...) A corrupção é suja e a sociedade corrupta é uma porcaria. Um
cidadão que deixa que a corrupção o invada não é cristão!”, afirmou.
O Pontífice assim se
pronunciou durante discurso em Scampia, um dos bairros da periferia norte de
Nápoles (sul da Itália) que tradicionalmente esteve vinculado à máfia local, a
Camorra.
Francisco aproveitou a
ocasião para se dirigir aos milhares de napolitanos que foram até a praça de
João Paulo II para escutá-lo e os incentivou a lutar contra o mal e a ter o
valor e a coragem de ir pelo caminho do bem e da justiça.
“Espero que tenham a
coragem de seguir adiante com alegria, de levar esperança, de ir pelo caminho
do bem e não pelo do mal. (...) De ir adiante limpando a própria alma, a alma
da cidade e da sociedade para que não exista esse cheiro putrefato que tem a
corrupção”, ressaltou com firmeza.
Porque a corrupção é fonte
de podridões, não se pode, mesmo que se queira, dar crédito e conferir valor
ético a qualquer proposta - absolutamente qualquer uma - que tenha como autor
um corrupto.
Os corruptos, mesmo quando
exibem a boa intenção à flor da pele, não podem ser levados a sério e nem se
pode aferir às propostas que fazem o mínimo de credibilidade, porque ele, o
corrupto, fede, exala odores horrorosos, tresanda a hipocrisias sem fim.
Corruptos daqui, cujos
nomes e sobrenomes há décadas viraram emblema dos odores putrefactos, exalados
de locupletamentos que têm a sua face mais visível em mansões e veículos de
comunicação, vociferam por aí recomendando ações que estabeleceriam o que chama
de “paz social”, um mundo sem violências, sem bandidos nas ruas, com polícias
onipresentes e prontas para antecipar-se ao bote da criminalidade.
A intenção seria ótima,
seria das mais edificantes, se não partisse de gente que há muitos anos
notabilizou por virar o emblema de uma violência incomparável: a da corrupção.
Quem duvida que o corrupto, ele mesmo, seja um violento?
Não é certo que o
corrupto, ao meter as mãos nos dinheiros públicos, se transforma num ladrão de
marca maior, escolado nas artes de desviar para os próprios bolsos recursos que
poderiam ter destinação adequada em benefício da coletividade?
Não é certo que corruptos,
ao aliviarem os cofres públicos, privam governos de prover a merenda escolar
para estudantes pobres e de equipar hospitais adequadamente?
Não é certo que corruptos,
fedendo no corpo e na alma, transformam-se na violência personificada, uma vez
que o dinheiro desviado é capaz de fazer com que a população mais humilde -
principalmente ela - sofra as consequências das roubalheiras que promovem, eis
que áreas como a saúde e a educação ficam desfalcadas de recursos essenciais
para se equipar de forma bem mais adequada?
Não é certo que corruptos,
ao enriquecerem despudoradamente, violentam, trucidam de forma atroz os mais
básicos e comezinhos princípios éticos, que impõem aos homens públicos o dever
insuperável de ser como a mulher de César, aquela que, além de ser honesta,
deveria parecer honesta aos olhos do distinto público?
Corruptos
bem-intencionados, que pugnam de coração e mente contra a violência, podem
fazê-lo se são uns violentos compulsivos? Podem advogar boas causas, se na
testa de cada um está escrito indelevelmente: “corruptos”?
Fonte: O Liberal,
de Belém-PA, em seu Editorial de hoje.
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