PARAENSE É GAROTO DE PROGRAMA EM SÃO PAULO E ASSUME VOCAÇÃO. SEU LEMA: “FAZ MELHOR QUEM FAZ POR PRAZER”
Assim como existem
prostitutas que ficaram famosas por declararem abertamente que adoram o que
fazem –caso de Lola Benvenutti–, sem atribuírem ao ofício o status de única
opção de conseguir sustento, há também homens satisfeitos com a profissão de
garoto de programa. O UOL Comportamento entrevistou três entusiastas da
carreira, todos de classe média, que dizem pôr em prática o lema "faz
melhor quem faz por prazer", que caberia em qualquer profissão.
Harry Lins, 29, (foto ao lado) é um
deles. Bastante conhecido, ele tem em seu site pessoal sua melhor vitrine.
Nele, coloca ensaios sensuais superproduzidos e vídeos de sexo explícito, além
de todos os seus contatos –são quatro números de celular, além de e-mail, WhatsApp
e Skype. "Sou garoto de programa por vocação e adoro o que faço",
diz.
O paraense, que morou até
os 24 anos em Belém com os pais e os irmãos, sempre teve uma vida confortável.
Hoje vive em São Paulo, para onde se mudou há cinco anos, "atrás de muitos
sonhos". Um dia típico na vida de Lins é dividido entre faculdade pela
manhã, aulas de inglês e treinos com um personal trainer, à tarde, e programas
à noite.
Lins diz que é um
profissional discreto: assim como não pergunta aos clientes se são casados ou
não, tampouco revela quanto cobra por programa. Atende apenas homens e casais
heterossexuais. "Tenho uma vida muito boa. Sou reconhecido no Brasil e lá
fora, tenho grandes amigos, viajo muito e tenho tudo o que preciso, sem
exageros", conta.
Assim como Harry Lins, o
carioca Magno Moreno, 30, também tem seu site pessoal. "Todos os meses,
posto vídeos e fotos minhas. Alguns clientes pedem para participar –colocam
máscara e falam para filmar a transa. Eles adoram e eu, mais ainda", fala.
Moreno afirma que o começo
na profissão foi um pouco diferente. "Havia acabado de sair do Exército e
comecei a frequentar saunas gays, levado por um primo que já fazia
programa." Nesses locais, a rotina era intensa, e Magno fazia de quatro a
cinco atendimentos por dia.
O carioca diz que sua
principal motivação, no início, foi ganhar dinheiro. "Depois, comecei a me
apaixonar pelo negócio, e quis ser um dos melhores. Hoje, depois de seis anos,
eu me dou o luxo de selecionar clientes e só transar por prazer mesmo, tanto
que faço apenas de quatro a cinco programas por semana."
Diferentemente da maioria
dos garotos de programa, os atendimentos feitos por Moreno acontecem durante o
dia. Formado no curso técnico de enfermagem, ele ainda atua como autônomo à
noite.
Seletividade, aliás, é
palavra frequente no vocabulário desses garotos de programa. Hugo Gobi, 28,
também do Rio de Janeiro, só faz programa com quem o agrada. "Peço para
mandar uma foto antes", diz. "Se eu não curtir a pessoa, não topo. Não
consigo dar prazer para ninguém pensando só no dinheiro. Tenho de estar
motivado também", diz.
Gobi já teve uma carreira
como chef de cozinha. "Ganhei até prêmios culinários", fala. Seu
sonho, no entanto, sempre foi o de fazer filmes pornôs. Formado em artes
cênicas e em balé clássico, acabou recebendo um convite para filmar há três
anos e nunca mais parou. No total,
participou de cerca de 50 produções do gênero, que foram a sua porta de entrada
no universo da prostituição masculina.
"O contato do garoto
de programa aparece no final do filme. Assim, quem assiste pode nos procurar
depois", diz Gobi. Para um futuro próximo, ele planeja dar um tempo com os
filmes e lançar uma grife própria de roupas, que terá regatas, bonés, sungas e
camisas pólo. "Todos sabem que a carreira de um garoto de programa tem
data para acabar. O corpo cansa e, depois de um tempo, fica mais difícil
conseguir trabalho." E qual é a idade máxima? "Existem GPs
(abreviatura para garotos de programa) com 40 anos ainda em atividade, mas são
minoria", diz Magno Moreno.
Em plena atividade, os
três garotos de programa entrevistados pela reportagem afirmam que têm muito
orgulho da vida que levam e são assumidos diante da família e amigos. "Eu
me sinto bem ao saber que sou desejado por homens e mulheres. Gosto de ver no
rosto dos clientes que eles pagaram para ter prazer e tiveram", fala
Moreno.
Fonte/Foto:
Carol Salles – UOL SP/Arquivo Pessoal
Nenhum comentário:
Postar um comentário