DELEGADAS DE MANAUS CHAMAM ATENÇÃO PELA BELEZA E PROFISSIONALISMO



Elas são lindas, corajosas e ainda despertam os olhares por onde passam. Assim não tem criminoso que não confesse até o que não fez
'Delegatas' chamam atenção pelo profissionalismo e pela feminilidade
Elas encaram bandidos, usam algemas, entram em becos, prendem 'galerosos' (meliantes), sabem atirar e, com tudo isso, se você olhar para qualquer uma vai esquecer que trabalham no meio da bandidagem. O jornal Manaus Hoje, do grupo RCC, foi atrás das ‘delegatas’ de Manaus e vai mostrar a você que entre balas e sangue, nascem flores.
Com 38 anos, loira e sempre com um sorriso estampado no rosto. É assim que a titular do 5° Distrito Integrado de Polícia (DIP), no Santo Antônio, delegada Kethlleen Calmont, exerce a profissão há 13 anos. Vaidosa, mas com horários imprevisíveis, a delegada não deixa a peteca cair quando se trata da beleza.
De acordo com ela, a malhação e exercício físico são diários para manter o corpo e a mente saudáveis. "Tento sempre guardar um tempo livre para cuidar da beleza . Malho na hora do almoço ou à noite, depois do expediente, dependendo da demanda. Já o salão de beleza aproveito no fim de semana e cuido de tudo".
Mas quem acha que a beleza e a simpatia interferem na atuação operacional está enganado. Segundo a delegada, o trabalho atuante é sério e rígido, sem brincadeiras e, sim, com muita dureza e dedicação.
Em interrogatórios, Calmont revelou que já recebeu piadinhas de meliantes em relação à sua beleza e vaidade. Porém, ela não refresca.
"Já ouvi muitas piadinhas, tanto de meliante quanto de policial, mas, em relação ao meliante, eu faço ele parar com a gracinha e o coloco em seu lugar, pois deve respeitar a autoridade policial", disse, ao contar, ainda, que em relação às cantadas de colegas de profissão, sempre leva na esportiva, desde que não se sinta ofendida.
Sem barreiras
No início da carreira, quando entrou no quadro da Polícia Civil do Amazonas, a delegada revelou que ainda havia preconceitos com delegadas mulheres. Achavam que a mulher não poderia fazer um trabalho satisfatório e, principalmente, operacional. "Somos bastante requisitadas para o trabalho operacional, bastante elogiadas também. Nós fomos tomando nosso espaço, mostrando nossa competência, que somos fortes e, podemos sim, ser operacionais, trazendo sensibilidade e um modo diferente de lidar com determinadas situações".
Pessoas ainda ficam assustadas quando a titular do 5° DIP conta que exerce a função de delegada da PC. "Quando vou à lojas e descobrem que sou delegada, muitas vezes se assustam, dizem que sou muito bonita, nova e que pareço mais uma Barbie do que uma delegada", revelou ao MH.
Ela conta que muita gente ainda não está acostumada a ver delegadas tão vaidosas e delicadas. Segundo ela, isso também acontece na própria delegacia, quando vítimas vão registrar alguma ocorrência.
Uma boneca no 19º DIP
A delegada Fernanda Antonucci, que atua há dois meses como plantonista do 19º DIP, na Ponta Negra, dispensa comentários. Ao entrar, já se percebe o toque pessoal sobre a mesa.
Há quatro anos na Polícia Civil, ela já atuou como plantonista da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescentes (Depca), onde fazia sucesso com as crianças por conta da mesa com objetos em tons cor de rosa e por uma boneca pra lá de querida pelas meninas.
“Gosto de deixar a minha mesa, a minha sala, com a minha cara. A delegacia e a minha equipe acabam se tornando a minha segunda casa, minha segunda família”, disse. Dos talheres à boneca Barbie delegada, que tem até distintivo, em tudo a delegada tenta dar um toque mais feminino. “A gente prende bandido, vai pra operação, entra em viatura, mas sem deixar a feminilidade de lado”, contou a delegada.
Espontânea e bem humorada, a autoridade policial conta que, mesmo sendo mulher sempre foi respeitada. “Nunca tive problemas de preconceito nem com presos nem com ninguém da minha equipe. Talvez até pela postura que adoto”.
Pulso forte e delicado
Especialista em Ciências Criminais e Direito Público, a brasiliense e delegada titular da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente e Urbanismo (Dema) há três meses, Ana Cristina Braga, já comandou 20 operações da Dema. Há quatro anos na Polícia Civil, também já foi delegada titular do 26º DIP e afirma que antes mesmo de entrar na polícia, já se preparava para um possível preconceito.

“Mesmo preparada, nunca sofri nenhum tipo de discriminação. Às vezes ficam surpresos e eu até sirvo de inspiração pra muita gente que vem aqui. E isso é legal”, contou. A delegada ainda contou que já lidou diretamente com o tráfico de drogas, quando foi delegada titular no município de Tabatinga.
“Tive que me fortalecer bastante quando estive lá, com muito pulso forte, quando necessário. Mas, lógico, sem perder essa sensibilidade feminina”, concluiu.Ana Cristina disse que em Tabatinga teve de fazer força para encarar traficantes.
Provoque, e vai ver que é rosa choque
Quando o assunto é vaidade e beleza, a titular do 13° Distrito Integrado de Polícia (DIP), no bairro Cidade de Deus, delegada Marna de Miranda, é quem entende do negócio. Apaixonada pela cor rosa, ela decorou toda a sua mesa pela cor que adora e ainda solicitou uma pistola da mesma cor.

"Se eu pudesse usar um colete balístico na cor rosa, eu usaria", revelou Miranda. Ela contou à reportagem do Manaus Hoje que, mesmo sendo tão delicada em relação a decoração da sua sala, ela também não é apenas um rostinho bonito. A delegada atua de forma séria e sem dar moleza para bandido.
“Quando interrogo alguém e o meliante entra na minha sala e vê a minha mesa, acha que sou uma pessoa tranquila. Mas, não, isso aqui é só pra enganar e pra quebrar aquele clima". Mesa com acessórios rosa, mochila rosa, pastas de arquivos rosas, aos poucos a delegada quer implantar a cor na delegacia, onde só bandido vê a coisa ficar preta.

Fonte/Fotos: Édria Caroline e Fábio Oliveira – ACRITICA.COM/Michael Dantas – Aguilar Abecassis


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