PARÁ: PROFESSORES AGUARDAM ACENO DO GOVERNO




Passados 54 dias do início de uma greve que atinge 700 mil alunos da rede estadual de ensino, o clima entre governo e professores do Pará é de total confronto. Após três dias de ocupação ao Centro Integrado de Governo (CIG), a categoria decidiu manter a paralisação até conseguir que o Estado sinalize com a possibilidade de reabrir
as negociações, suspensas há três semanas.
Dispostos a voltar ao trabalho imediatamente, os professores propuseram que o governo suspenda o desconto dos dias parados e mantenha uma mesa de negociação permanente para tratar do restante da pauta que inclui Plano de Cargos Carreiras e Salários unificado para os todos os trabalhadores da educação; pagamento do retroativo do piso até dezembro deste ano e reforma de escolas que estão em situação precária.
“Queremos voltar, sabemos dos prejuízos aos alunos. Vamos repor as aulas, mas o governo tem se mostrado intransigente”, diz o professor e coordenador do Sintepp, Aldo Rodrigues.
Na última sexta-feira, após desocupar o Centro Integrado de Governo, representantes do comando de greve tentaram uma audiência com a titular da Secretaria de Administração, Alice Viana.
Não tiveram sucesso. “Levamos um chá de cadeira e não fomos recebidos”, conta Aldo. Após essa tentativa de acordo, os professores decidiram então manter a paralisação. Amanhã, se reúnem novamente em frente à Sead para forçar uma audiência com a secretária. Na terça-feira, o pleno do Tribunal de Justiça julga o mérito da legalidade da greve e há expectativa de que o governo recue para e que até quarta-feira dê sinais de que está disposto a negociar, pondo fim à greve.
Não há, contudo, garantias de que o governo vá negociar, já que o governador Simão Jatene e seu secretário de Educação, Helenilson Pontes, têm optado por pressionar os professores a voltarem às aulas atuando junto à opinião pública para desqualificar as razões da paralisação. A pressão inclui ainda o desconto dos dias parados e a chamada de professores temporários para substituir os grevistas.
Em inserções de Rádio e TV, divulgadas amplamente, a Secretaria de Educação diz que um professor em início de carreira recebe salário superior a R$ 5 mil e que está reformando escolas. Também afirma que está pagando o piso nacional da categoria.
Em janeiro deste ano, contudo, o Estado anunciou que não teria recursos para pagar o reajuste de 13% do piso. Em abril, após o início da greve, porém, começou a repassar o reajuste aos contracheques dos professores. O retroativo (de janeiro março) deve ser pago, segundo a Seduc, até agosto do ano que vem. Os professores querem que seja pago até dezembro deste ano.
Sobre os salários, o comando de greve diz que o governo manipula os dados. “Tenho 19 anos de magistério e, mesmo com os triênios, vale-alimentação e vale-transporte, tenho um contracheque de R$ 5.900”, diz Aldo Rodrigues, afirmando que o governo também não cumpriu com o compromisso – feito na greve de 2013 - de reformar 400 escolas.
“Na época, fomos informados que o Estado pediria um empréstimo de R$ 360 milhões (junto ao Banco Mundial) para a reforma de metade das escolas do Estado, mas não tem nem 10% disso sendo reformada”, critica Aldo.
O comando de greve diz que a ocupação do CIG teve o objetivo de chamar a atenção da sociedade para os problemas da educação no Estado. A desocupação seria um sinal de que, diante do impasse, a categoria está disposta a recuos para retomar a negociar. Falta, porém, um aceno do governo.

Fonte/Foto: Diário do Pará/Bruno Carachesti

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