ECE HOMO! - EIS O HOMEM!
- Tadeu de
Souza*
O advogado Rui Barbosa
escreveu um pequeno livro chamado “O Justo e a Justiça Política” no qual
analisa do ponto-de-vista do Direito a prisão e a condenação de Jesus Cristo.
A prisão de Cristo, o
jovem profeta de 33 anos, segundo o libelo do admirável advogado, foi ilegal
porque se deu na madrugada da Páscoa quando a tradição judaica determinava que
ninguém poderia ser preso.
A condenação mais ainda.
Anás e Caifás não queriam descumprir a tradição de julgar o pregador de Nazaré
em plena Páscoa e por isso o enviaram à Pilatos que, aquelas alturas entediado
com os assuntos de Jerusalém pouco se importava com que queriam ou deixavam de
querer os judeus.
Porém, nem o sonho de Porciula,
sua mulher que durante sono vira um cruz e dela uma cachoeira de sangue que
inundava todo império romano, foi capaz de faze-lo mudar a sentença de Cristo
quando imaginando que iria desenhar do Sinédrio e seus adeptos apontou para o
Cristo brutalmente flagelado e disse: Ece homo. Eis o homem!
A multidão, manipulada
politicamente, gritava: Crucifica-o! Crucifica-o! E Pilatos, para usar uma expressão comum hoje
em dia, resolveu curtir com a cara de Anás e Caifás, dizendo: hei de crucificar
o vosso rei? – indaga sarcástico o governador da Judéia.
E uma voz anônima, cruel,
decisiva, politicamente bem colocada, adverte o governador: se soltas este
homem não és amigo de César!.
Imediatamente, veio à
memória de Pilatos a imagem do imperador Tibério Claudio Nero César que estava morrendo corroído por uma terrível
doenças e que se voltaria com a fúria dos loucos sobre a sua pessoa caso
absolvesse o profeta da justiça e ali mesmo lavou as mãos, condenou Cristo à
morte pela crucificação, pena reservada apenas a grandes criminosos e
agitadores nas províncias ocupadas, e entrou para o rol dos juízes covardes.
Recentemente, a revista
americana Times publicou uma pesquisa, segundo a qual, e nenhum lugar do
planeta terra existe um ser humano com o nome ou sobrenome de Pôncio Pilatos.
Assim funciona a justiça
política. Não a justiça justa. Assim agem os julgadores que temem a verdade.
Aqueles que honram a toga sagrada aplicam a lei sábia e justa e por conseguinte
definidora dos destinos dos homens.
Sou católico. Relaxado. É
bem verdade. Mas, temente a Deus e aos seus santos. Devo, entretanto dizer, que
o Jesus Cristo que norteia meus passos é o Jesus Cristo da luta revolucionária
por paz, justiça e pão porque, como ensina Pedro Casaldáliga, o grande profeta
do Araguaia, “a paz sem justiça não é paz, é omissão”.
E um dia - como acredito
nisso - ainda voltaremos a ver Jesus de
Nazaré. Transparente em suas vestes brancas, olhos penetrantes, chicote nas
mãos a expulsar os atuais vendilhões do templo, os governantes injustos, e os
hipócritas de ontem, de hoje e de sempre.
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-Tadeu de
Souza* é jornalista e reside em
Parintins-AM. Publica o blog que leva seu nome.
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