ESCÂNDALO RONDA BELO MONTE
- por Lúcio Flávio Pinto*
A matéria de capa de Veja
desta semana é sobre o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo “tão íntimo de Lula
que tinha passe livre no [Palácio do] Planalto”, a sede da presidência da
república. Rico, o empresário “até hoje resolve os mais diversos problemas do
ex-presidente e de sua família. Poderoso, ele agora também é investigado no
escândalo da Petrobrás”.
No meio da matéria, em apenas
seis linhas, a revista faz uma citação grave. Diz que Bumlai “foi encarregado
de missões complexas – a montagem do consórcio de empresas que construiriam a
usina de Belo Monte, uma obra orçada em 25 bilhões de reais, foi trabalho dele.
Cumpriu-as com destreza”.
E nada mais disse a
revista.
A obra, a maior da segunda
fase do Programa de Aceleração do Crescimento, já está em R$ 30 bilhões. Deve
encarecer ainda mais. O consórcio construtor da hidrelétrica do rio Xingu, no
Pará, é controlado pela Andrade Gutierrez (18% do capital), Odebrecht e Camargo
Corrêa (16% cada uma), Queiroz Galvão e OAS (11,5%), Conter e Galvão (10%).
Ou seja: as maiores
empreiteiras nacionais, todas já acusadas no curso da Operação Lava-Jato da
Polícia Federal, amparada pela justiça, ou ao menos referidas. Sendo que Belo
Monte é obra de porte muito maior do que a das refinarias da Petrobrás.
Veja devia ter apurado
mais e melhor uma informação tão grave antes de divulgá-la – ou o tratamento
adequado virá na próxima edição da revista?
- *Lúcio Flávio Pinto é jornalista
profissional desde 1966. Percorreu as redações de algumas das principais
publicações da imprensa brasileira. Durante 18 anos foi repórter em O Estado de
S. Paulo. Em 1988 deixou a grande imprensa. Dedicou-se ao Jornal Pessoal,
newsletter quinzenal que escreve sozinho desde 1987, baseada em Belém
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